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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

João e Maria


João viu Maria na pista de dança. Que sorriso! Trocaram olhares. Um toque de mão. Um beijo. Muitos beijos. Trocaram telefone. Se encontraram noutro dia. Papo curto mas bom. Algumas ligações durante a semana. Outro encontro no final de semana. Fizeram amor. Cada vez que conversavam aprendiam algo interessante um sobre o outro. “Você é uma caixinha de surpresas!” “Você e seus segredos!” “Eu não tenho segredos! Só não vou dizendo tudo de uma vez!” Era isso. A cada página uma surpresa boa. Inteligência abstrata, alegria, desprendimento, leveza! João, que sempre fora auto-suficiente pensava em Maria todos os dias. Maria, ocupadíssima com a vida, dava pouco retorno. João pensava que ela não tinha o mesmo grau de interesse. De repente ela tinha repentes de romantismo. Um, dois, três, quatro meses. Maria trouxe João para o universo dela. Sua casa, seus amigos. Viajavam, saiam, riam, divertiam-se. Maria nunca chorava. João achava estranho! “Eu não te conheço!” “Eu sou assim!” Duvidas. João pensava que Maria não o amava na mesma intensidade. A bruxa da história era a dúvida e a insegurança. Aquele grandalhão confiante reduziu-se a um grão de feijão. Deram um tempo. Viajaram separados. Voltaram, encontraram-se, conversaram e escreveram FIM no final da página. João ouviu a razão. “Porra! Eu sou um animal racional, mas também emocional!!!” Queria voltar e dizer que fora um engano, “eu não posso viver sem você”. Não deu, não conseguiu.

Um mês. João pensava em Maria todos os dias. Mas seguiu a vida. Conheceu Rosa. Um botão ainda. Sua cor, seu perfume, seu frescor: irresistíveis. Pra que esperar? “Meu apartamento is ok?” Passaram a noite juntos, tomaram café da manhã, assistiram filme no DVD. Em um dia Rosa contou sua vida, riu e chorou, fizeram amor mais de uma vez. Final do dia Rosa foi embora. Embora pra sempre. Viveram tudo em um dia. Não era pra ser um livro, só um artigo pra ser lido e esquecido.

Semana seguinte, Fernanda sorriu para João. “Sou economista. Falo vários idiomas. Morei fora. Moro com meus pais. Procuro um grande amor.” Então ta, né? Beijaram-se. “Tenho que ir embora” “Fica mais um pouco vai?” “Não posso, vim de carona. Me liga amanhã” Fernanda ligou, parecia carente. Ok, café, teatro, pizza com amigos, mas só isso. João relutava. Fernanda, quilos á mais de senso comum e inteligência concreta. Uma semana depois, terceiro encontro. Fizeram amor. Amor? Não, fizeram sexo. João fechou os olhos, pensou em Maria. Fernanda ligava três, quatro, cinco vezes por dia. Se viram novamente. Pouco papo, demonstração de ciúmes, pouco tesão. Insistência. Continuam saindo. Por que? João não sabe. Que livro é este? Daqueles que o leitor sabe que não vai conseguir chegar ao fim.

Um mês depois. João devolve um livro de Maria. Maria liga pra agradecer. Conversa rápida. João ouve sua voz, ouve música. Aquela noite, sonhou com Maria e seu universo. Acorda com Maria em sua cabeça. Ainda tem Maria em seu coração. Rosa? Fernanda? Existem? Existiram? O grandalhão não consegue crescer, não consegue esquecer. Nada brota do grão de feijão, nem uma poesia. João segue a vida. Maria segue a sua. João não sabe o que Maria sente nem pensa. Quando fecha os olhos vê o sorriso de Maria, e acredita que ela sorri para ele, como no primeiro dia em que se viram! Fica a sensação de que o FIM foi escrito antes da hora. Desejo de que este livro tenha continuação. Que a bruxa morra no volume dois e haja volume três, quatro, cinco .....

2 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo! Que sensibilidade! Tenho vivenciado todos esses sentimentos! Wow!
waldinei@hotmail.com

Juliana Menz disse...

uau!