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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008


Meu presente de Natal veio do céu







25 de dezembro de 2008. Cheguei com Renato, meu amigo, irmão adotado na fazenda Serra Velha por volta do meio dia. Dia lindo, céu azul intenso, verde exuberante da vegetação. Logo chega mais gente. Apos o almoço uma siesta gostosa em um dos quartos do casarão construído em 1896. Sai do corpo. Totalmente relaxado, ouvia ao longe som de vozes vindo da cozinha, boi mugindo no pasto, pássaros grandes e pequenos cantando, água de riacho escorrendo e gato miando. Não sabia se eram reais ou sonho. Acordei com um trovão e em seguida a chuva forte caindo no telhado da casa. Que vontade de tomar um chuveiro desses! Pensei. Renato, deitado em uma das cinco camas do enorme quarto pergunta logo em seguida. Você não quer tomar um banho de chuva? Senti o cheiro de café. Depois do café a gente vai caminhar. Me emprestou roupas velhas e saímos. O chão encharcado, poças d água ainda cheias, enxurrada ainda escorrendo e o céu carregado, prometendo mais chuva. Alcançamos o ponto mais alto da fazenda, subimos em um tronco de arvore caído de onde avistamos o casarão e a represa ao longe. Seguimos, pés descalços chutando poças d água. Voltamos a infância perdida. As nuvens despejam suas águas. Chuva fresca de verão. Pingos fortes massageando a carne. Corremos para nos aquecer. Estrada paralela a plantação recente de eucaliptos, ainda crianças. Nós feito crianças. Cabelo e roupas encharcadas. Água doce escorrendo pela face e corpo. A chuva diminui. Entramos em um pasto. A chuva para. Recepcionados por uma centena de bois, bezerrões curiosos. Renato grita e eles fogem em disparada. De repente surge uma codorna, do nada, voando em fuga. Nos dois, homens feitos, gritamos apavorados. Rimos da situação. Davi diante dos bois, gigante vencido diante de um pássaro. Descemos ate o riacho que carrega a água escura da enxurrada. Parte da caminhada e dentro do rio agora. Diz Renato. Sob arvores da mata nativa, seguimos `wading` pelo rio. Shua, shua, shua. Caminhamos contra a correnteza, as vezes as águas ate os joelhos. Pequenas cachoeiras são escaladas. Ocasional caminhada pelas beiradas. Deixamos o rio e subimos a colina. Nos deparamos com um despenhadeiro, descida íngreme, solo escorregadio de argila branca. Deslizamos, quase esquiando. Fiquei de quatro, mãos apoiadas nos chinelos ate perceber que podia escorregar e cair no precipício. Pânico. Respiro fundo, me encho de coragem e continuo a descida, agora de bunda no chão escorregando sobre a bosta de vacas. Mais um riacho. Seguimos caminhando. Cuidado com as aranhas! Alertou Renato. Olhei para cima e vi centenas de pontos negros, aranhas medianas, dividindo um emaranhado de teias. Nos agachamos e continuamos ate alcançar a trilha que nos levava de volta ao casarão. O sol volta a brilhar. Roupas quase seca. Sentamos-nos na beirada do tanque onde o gado bebe água. Sentimos o sol tépido da tarde. Os pais de Renato de junta a nos. O gato também. Olha o arco-íris! Grita Renato. Olhei para cima e na frente das nuvens brancas e cinzas as sete cores intensas enfeitando o céu, que acima de nós era um azul forte. A luz do sol da tarde criava um cenário de sonhos. Deitei-me para apreciar extasiado aquele momento e vejo andorinhas negras dançando bale, fazendo acrobacias aéreas. Não era um sonho de uma noite de verão. Era um sonho de uma tarde de verão, uma tarde de natal. Eu, que sempre achara o dia de natal triste e deprimente, recebia um presente dos céus. Uma família de amigos, um banho de chuva, o arco-íris, a dança dos pássaros, a luz do sol e seu calor calmo do fim da tarde. Indiferente a religião, crenças e cultura, deixei-me render a esta magia. Era dia de natal e eu estava recebendo um presente celestial.

Fazenda Serra Velha, Paranapanema, SP



Hotel Peninsula - Avaré, SP

Feriado - Véspera de Natal

Vespera de Natal, 24 de dezembro de 2008, foi muito bom. Foi bom viajar com o Renato, confidenciar, saber coisas. Dirigir a noite na Castelo Branco. Comer panetone no cafe da manha do dia 24. Ouvir as dicas de leitura do pai dele. O cara le muito. Caminhada na praca em frente a casa deles, sol fudido mas ok. Conhecer a colecao de corujas da Fabia e o gato persa dela. Ver a chuva de verao, do carro, na estrada ao ir visitar o hotel fazenda. Sentir cheiro da chuva e mato. Comecar a receber mensagens de natal dos amigos. Beber cerveja no bar do hotel olhando a piscina, a represa e as pessoas descontraidas. Tentar dormir a tarde apesar do calor infernal. Ser acordado pela enxurrada de mensagens de feliz natal no celular. Rever o seu Flor (Floriano) que com 89 anos ainda quer pegar as enfermeiras. Comer a ceia de natal preparada pela Ione, mae do Renato. Brindar com espumante italiano. Ouvir que foi bom estar la com eles. Comer mais do que devia na ceia 1 e sair correndo para a ceia 2 na casa da Eliana. So comer pra experimentar na ceia 2. Conhecer pessoas interesantes. Dancar com a dona Rute, 78 anos enquanto o Renato tocava piano. Ver os souvenirs e fotos da viagem da Eliana, psicologa, para a Namibia onde foi estudar os bushmen e a musica de tambores como terapia de cura. Voltar pra casa de madrugada e tomar um banho de chuva ao tentar abrir o portao da garagem pro Renato. Terminar o dia 24, ou melhor iniciar o dia 25 na cama ouvindo a chuva cair la fora.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O que há em um nome?

Depois de um ano sem contato, finalmente falei pelo MSN com Guilherme. Conheci Guilherme (foi assim que me apresentaram a ele) no Rio através de um amigo de Maceió em fevereiro de 2000. Algum tempo depois descobri que o nome dele oficial, no registro, no RG etc, era Perivaldo. Não questionei mas achei estranho e meio que entendi seus motivos. Por que ele escolheu o nome Guilherme? Guilherme quer dizer homem que se orgulha da sua força (física, mental ou moral) e se vale dela para auxiliar a pessoas de quem gosta, mas acho mesmo que ele o escolheu pela sonoridade. Quando a gente nasce, não escolhemos nossos nomes, mas vamos usá-lo pelo resto da vida, goste ou não. Alguns pais tem criatividade fértil, mas, não levam em consideração os traumas que possivelmente causarão a seus filhos. Mas aí o tal amigo Guilherme aparece no MSN com o nome de Bruno. É, agora ele é o Bruno. Quando ele se mudou para os EUA em 2004 ele adotou este nome e é assim que tem se apresentado para todos lá. Então me lembrei de uma outra pessoa com quem trabalhei. Rubens. Eu era encarregado dele. Ele era baixo, magro, cabelos negros, rosto de menino, não o levavam muito a sério. Sempre o chamei assim, Rubens, afinal este era o nome dele no registro, o nome escolhido por seus pais. Eu sai da empresa e mais tarde o Rubens também. Tempos depois, nos reencontramos, por acaso e fiquei surpreso com as mudanças. Ele estava mais gordo, usava roupas moderninhas, um pouco over, cabelos ralos mas longos. Agora chamava-se Sam. Sam? Por que Sam? Sei lá, escolhi este nome aleatoriamente. Mas eu não vou conseguir te chamar de Sam. Faz um esforço, não sou mais o Rubens, sou o Sam, Sam Gjesdal. Não acreditei, acontece que o tal do Sam Gjesdal existe. Ele trabalhava conosco na mesma empresa, era americano, filhos de noruegueses. Era alto, olhos azuis, o típico americano. Ele voltou para os Estados Unidos e o Rubens apoderou-se do nome dele. Apoderou-se, pois não creio que ele tenha pedido permissão para isso. Posso imaginar mil razões para seus motivos, mas prefiro não bancar o analista. Dez anos depois ele ainda é o Sam. Eu, pessoalmente, não gostava do meu nome quando no primário, queria me chamar Washington Luiz. Bobagem, coisas de criança. Hoje Luiz soa maravilhoso. Nome brasileiro, simples, sem pompa. Gosto de nomes como Joaquim, Pedro, Renato, Marcos, Claudio, Carlos, João, José, e os nomes femininos como Maria, Ana, Roberta entre outros. Pra que inventar? Pra que complicar? Pra que mudar de nome? Sei lá, se tem um nome estranho, cria um apelido. Se os pais inventam nomes esdrúxulos, supere a criatividade deles inventando um apelido! Afinal Aparecida vira Cida, José vira Zé, Perivaldo poderia ser Peri ou Valdo, mas mudar de nome? Ai o Bruno, quero dizer, o Guilherme que na verdade se chama Perivaldo, me disse que se casou com uma americana, conseguiu o green card e ela está grávida. Ele será papai. Esqueci de perguntar pra ele que nome ele vai dar ao filho!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Camille Claudel




Eu ouço a música. Só eu. Eu só.
Esculturas de mármore branco, polidas por mãos hábeis.
Esculpidas por uma mulher louca. Louca de amor.
Amor desmedido, não correspondido.
Ela pergunta: Por quoi? Ninguém responde?
O espaço cresceu entre os dois,
Bateaux que saíram do mesmo cais
Levados pela correnteza seguiram direções opostas
Buraco no peito. Dor eterna. Ferida que queima sem cura
A fonte de lágrimas não seca
A fome não vem. A sede é de vinho e morfina.
As pernas não se abrem, mesmo quando o sexo pede e o desejo grita
Prazer não vivido.
O amor não se consuma a criança não é gerada
É tempo perdido. Juventude se esvai rindo.
É o beijo que não sai.
Afago no rosto, toque no corpo. A mão que cai.
Rodin!
Amor impossível? Ele não pode! Ele não quer.
São regras escritas. Convenções sociais.
O filho longe. A fama de gênio. A mulher que não ama mais.
Ele não pode mas ela quer.
Por quoi?
Volta a chorar sem saber o porquê. Fazer o que?
Frente a frente. Hora do adeus:
Allez! Ne retourne pas - diz sua boca entreaberta
Restez! M’embrace – pede seu coração partido
Que em silêncio dispara ao vê-lo partir
É tarde demais! Não há volta para o que se disse
Nem para o que se deixou de dizer
Ele se foi. Olhos tristes. Desejo da morte
Restaram as esculturas frias
Testemunhas da dor que ficou, da insanidade, deste amor impossível
Testemunhas vivas, mesmo após sua morte
Pobre Camille. Pobre Claudel
(Para a Mel, Aline)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Prisões


Eu estava preso em uma sala de exames, não como aluno, mas como professor. Era um exame de inglês da universidade de Cambridge. Rigidez e regras inglesas. Cinco minutos após entregar os papeis (é assim que se diz em inglês) e os alunos começarem, acabou a energia elétrica e o gerador do prédio não funcionou. O supervisor avisou que deveríamos recolher os exames, e como os alunos já haviam visto o conteúdo, não poderiam deixar a sala e nem comunicar-se entre eles. Estávamos presos ali. Meia hora depois a luz voltou. Começam o exame novamente. Silencio total. Ouvi um garoto gritar lá fora, num prédio vizinho: Eu quero sair, eu quero ir pra rua. Apenas uma aluna esboçou reação. Olhou rapidamente para a janela, levantou as sobrancelhas, desceu os cantos da boca e voltou-se para o exame. Presos e concentrados ao extremo no que faziam, os outros nove ignoraram. Dei um sorriso ao lembrar-me do dia em que eu fiquei preso na sacada do meu apartamento. Havia trocado plantas de vaso e precisei lavá-la. Ao jogar água no piso da sacada, ela quase entrou na sala. Apavorado, puxei a porta de correr com força. Ouvi um clique. A porta estava trancada. Não acredito. Pensei. Esperançoso, tentei a outra porta. Trancada. Sozinho no apartamento, não tinha a quem pedir para abrir a porta pra mim. Trancado do lado de fora, no sexto andar do prédio. Houve um principio de pânico. Olhei em volta procurando algo para quebrar o vidro. Não havia nada. Respirei fundo. Calma! Calma! Deve haver outra maneira. Pensei nas possibilidades. Tentei forçar a porta. Nada aconteceu. Peguei um arco de aproximadamente um metro, feito por índios, que havia comprado em Cuiabá. Decoração pendurado na parede. Coloquei na parte de baixo da porta, fui forçando e subindo, com a esperança de que a tranca soltasse. O arco quebrou. Olhei para a rua, vi as pessoas passando, alheias a tudo e a todos. Pensei em gritar por socorro, que chamassem o porteiro. Mas o que ele iria fazer? Olhei pelo vidro da porta as chaves do apartamento pendurada na fechadura da porta da frente, do lado de dentro. Ele iria arrombar a porta? Então seria melhor eu quebrar o vidro!!! O pânico quase voltou. A sensação de estar preso é desesperadora. Tinha de haver uma saída! Lembrei-me que a porta às vezes teimava em trancar, assim, pensei em forçar novamente a fechadura. Concentrei-me, reuni todas as minhas forçar físicas e mentais e puxei a porta de correr. Outro clique. Ela abriu. Surpreso, aliviado, entrei na sala e me sentei no sofá. Fiquei ali, sozinho, sentado, recupando-me. Pensei no que faria se a porta não tivesse aberto. Chamado os bombeiros? Imaginei eu descendo por uma escada magirus, depois, indo atrás de um chaveiro pra abrir a porta, perdendo o dia de trabalho. Mas enfim tudo acabou bem. Voltei meu pensamento para a sala de aula onde eu era ‘invigilator’. Estava preso, sem poder sair mal ouvindo a respiração dos alunos. Eles também, presos naquele papel, presos a seus objetivos, presos na sala, alheios aos meus pensamentos e ao que um dia aconteceu comigo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Voar Voar


O desejo de voar é nato ao ser humano. Ícaro e as asas de cera, as pipas chinesas, os planos e desenhos feitos por Da Vinci na Renascença, as tentativas frustrantes e catastróficas ao longo da história mostra a força deste desejo. Lembrei-me de músicas falando em voar. Biafra em sonho de Ícaro: “Voar voar, subir subir, ir por onde for, descer até o céu cair ou mudar de cor. Anjos de gás, asas de ilusão e um sonho audaz feito um balão, no ar, no ar eu sou assim...” Ai veio o Santos Dumont e os irmãos Wilbur e Orville Wright, (polêmica encerrada nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França á favor dos brothers, mas ainda viva aqui no Brasil.) e surgiu o mais pesado que o ar. Aperfeiçoados chegamos ao Concorde que veio e se foi. Eu voei pela primeira vez em setembro de 1987 (21 anos atrás) de São Paulo para Assunción Del Paraguay, pela LAP, Líneas Aéreas Paraguayas. Ao meu lado Sônia, uma amiga de trabalho, me faz passar a maior vergonha, em vez de pegar a mão do marido que estava ao seu lado esquerdo, pega a minha e a segura forte enquanto o avião decola. Surge a voz de Belchior cantando: “Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez a tua mão, agora ficou fácil todo mundo compreende, aquele toque Beatle I wanna hold your hand” O pamonha do marido, nem ligou. Muitas viagens depois ainda me lembro da imagem vista pela janela do avião, num voo entre Paris e Nova York, o solo branco de gelo da Islandia. Mas o domingo, 8 de dezembro de 2008, será um outro dia importante na minha biografia de homem voador. Voei de balão. Ao lado de cinco amigos divertidíssimos, inteligentes e descolados, subi trezentos metros do chão. O dia estava perfeito. Ao chegarmos no campo o sol surgiu atrás do balão semi inflado. Logo entramos no cesto, 16 pessoas ao todo, e o balão foi subindo. A media que deixamos o chão, veio o medo, aquele medinho, medo do desconhecido. O que é que eu estou fazendo aqui? Ouvi dizer que os balões sobem entre 500 e 1000 metros. Quase paniquei, mas segurei a onda. O balão subia e afastava-se levado pela corrente de ar, uma brisa leve e fria. O chão se afastava e a vista vai ficando impressionante. O sol subindo e refletindo nas águas do rio Piracicaba. Embaixo os tetos das casas, me lembro da canção do Roxette: “I wish I could fly, out of the blue, over this town, following you, I’d fly over the rooftops, the great boulevards, to try to find out who you really are....” A diferença é que eu estava fazendo isso, sem seguir alguém, mas com esse alguém. Alguém chama minha atenção: Você está ouvindo os cães latindo? Sim, eram muitos cães. Como o som é claro lá encima, até a voz humana!. Talvez daí a crença de que Deus ouça orações!!!! A medida que o piloto mostra sua habilidade e controle, o medo se dissipa totalmente e curto a viagem, leve, tranquilo. O balão vai numa única direção, mas o piloto o faz girar, subir e descer, quebrando qualquer monotonia. A geografia muda. Kaco lembra de um quadro de Van Gogh. Eu de Di Cavalcanti. São prédios, casas, plantações, arvores, lagos, o rio fazendo curvas, a sombra do balão no chão. Uma mesma câmera fotográfica passa por mãos diferentes, captando olhares e víeis diferentes. O balão desce, com precisão cirúrgica, o piloto toca as águas do rio e sobe novamente, a 300 metros de altura. Uma hora e 15 minutos depois estávamos descendo. O balão tocou o chão, 30 quilometro do local de partida em um pasto gramado com casas de cupim. Sobe rapidamente e desce encima de um reboque preso a uma caminhonete. Terminamos com um “breakfast” trazido pela equipe do balão e com um brinde de champagne. Voltamos para a cidade na van, olhando as mais de 500 fotos tiradas. Extasiados, felizes, sem palavras. Falávamos de planos ambiciosos, pular de para-quedas, voar de asa delta ou paraglide (paragliding). Mais tarde ouvimos Elton John “Turn me loose from your hands, Let me fly to distant lands, Over green fields, trees and mountains, Flowers and forest fountains (…), For just a Skyline Pigeon, Dreaming of the open, Waiting for the day, He can spread his wings, And fly away again, Fly away skyline pigeon fly, Towards the dreams, You've left so very far behind, Fly away skyline pigeon fly, Towards the dreams, You've left so very far behind …” Voltei com a certeza de que o homem não tem asas como os pássaros, mas além de dar asas a sua imaginação, ele foi feito pra voar, sim.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Como fazer amigos?


Por volta de 1990 tinha um amigo, em Tatuí, SP, Sérgio Góes. Ele me deu, escrito na máquina de escrever, uma nota que deixei em meu painel por um bom tempo. Dizia o seguinte:
"Como fazer amigos?
A pergunta traz-me à lembrança uma passagem de um livro de Montherlant. Admirado que uma menina não tenha dado um nome ao seu gato, alguém pergunta: 'Mas como é que você o chama?' E a menina responde: 'Não o chamo. Ele vem quando quer.' Assim, também os amigos vêm muitas vezes até nós segundo a mais improvavel das hipóteses."
(Foto by Luiz Sarti)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Auto entrevista


Qual é o seu maior medo?
Ficar sem amigos. Ficar só na velhice.
Qual a pessoa que você mais admira?
Admiro pessoas diferentes por motivos diferentes. Não há uma pessoa somente que mereça toda minha admiração. Seria muita pretensão.
Qual a figura histórica com que mais se identifica?
Se alguém entrou para a história e é ainda lembrado é porque fez algo grandioso. Mas não há uma figura única com quem eu me identifico mais. Talvez Ghandi, que não buscou a fama e a glória mas ficou conhecido por fazer algo pelos outros. Sou muito low profile.
Características que odeia nos outros.
Mentira, preguiça, pouco caso, egoísmo, narcisismo, inveja, falta de consideração pelos outros.
E em você?
Perfeccionismo, não existe perfeição.
Seu maior arrependimento.
Daquilo que não disse ou fiz por medo ou insegurança.
Seu maior sonho.
Acharem a cura para doenças como AIDS, câncer, alzheimer, etc. Fora acidentes, todos deveriam morrer somente depois de passarem por todas fazes da vida.
Uma recordação de infância.
Ver crianças nadando na piscina do clube Lauro Gomes em São Caetano e não poder entrar. Correr em um pasto gramado de bois, enorme, aos seis anos. Sensação de liberdade.
Um lugar na Terra.
Lar doce lar. Ir mas ter para onde voltar.
Quem é seu pior inimigo?
Eu mesmo. Não tenho inimigos externos.
Religião.
Nenhuma. Religião é um dom. Não tenho este dom.
Um presente.
Um abraço gostoso e sincero.
Remédio de cabeceira.
Escrever o que penso, descarregar idéias, organizar pensamentos.
Um livro.
Leio muito mas ainda estou procurando um.
Sua idéia de felicidade perfeita.
Cliché: Não existe felicidade, apenas momentos felizes. Felicidade é aceitar o que já tenho.
Qual foi a maior mentira que contou?
Não posso falar.
Que talento você mais gostaria de ter?
Poder tocar um instrumento musical.
Que profissão você gostaria de ter tido?
Médico pediatra, talvez.
Que profissão jamais seguiria?
Político, lixeiro, advogado.
Qual é seu lema?
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
O que o acende emocionalmente?
Contato com a pessoa amada.
O que faz você desanimar?
Frustração, esperar demais de alguém e de mim mesmo.
O que você escreveria em sua lápide?
Je ne regrette rien (Não me arrependo de nada)
Se o Céu existe, o que você gostaria de ouvir Deus dizer quando chegasse lá?
Você não foi perfeito, mas fez o melhor que pode.

(Baseado Revista Época 19/06/2006 p. 122)