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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Casarão

Ha muitos anos passou na TV uma novela chamada O Casarão. Alguem se lembra? Eu tinha 14 anos na época.
O Casarão foi uma telenovela brasileira exibida pela Rede Globo em 1976. Foram 161 capítulos e narrava três épocas ao mesmo tempo:1900, de 1926 a 1936 e a atualidade (na época), 1976, com um conteúdo inquietante, ao abordar a decadência das tradicionais oligarquias cafeeiras paulistas, e com isso discutindo temas como feminismo, política, velhice e principalmente a evolução do comportamento. Os atores eram Paulo Gracindo, Yara Cortes, Paulo José, Renata Sorrah, Bete Mendes, Arlete Sales, Gracindo Junior, Sandrda Barsotti, Denis Carvalho, Miriam Pires e tantos outros bons atores e a música que mais marcou foi Fascinação com Elis Regina, o tema de Carolina e João Maciel no terceiro período: 1976.

Bem. O Casarão da foto é um casarão real. Ele foi contruido em 1986 e adquirido pelo coronel Avelino Menk em 1896. Fica na fazenda Serra Velha na cidade de Paranapanema. Durante uma semana eu e o bisneto do coronel, Renato, descançamos sob o teto da construção. A reforma o deixou novinho em folha, como na foto. Uma tarde, eu, Renato e Erika, irmã dele, abrimos um cofre que pertenceu ao coronel e lemos cartas e documentos dele, vimos fotos tiradas ao longo dos anos e pensamos na novela que daria aquele material todo. Foi uma delícia voltar no tempo e reconstruir a história ou as histórias que se passou ali. Juntamos o que ouvimos, as historias dos amantes, das intrigas, das mortes, dos que partiram e dos que vieram, da colonia destruida, a partilha dos bens, a divisão das fazendas e o que sobrou hoje. A novela seria fascinante, muita coisa seria verdade e muita coisa imaginada. O ideal é se o casarão falasse.... se ele fosse o narrador da história. Bem, pensando bem, melhor não, nem tudo o que se passou ali ou ao redor dele poderia ser dito... Acho melhor deixar esta novela pra lá.



Uma semana em silêncio


Dia 23 eu e Renato deixamos o congestionamento da 9 de julho e marginal Pinheiros para trás. Quatro horas depois estavamos na fazenda Serra Velha em Paranapanema. Calor bom! Nós dois a dona Ione e a cachorrinha Menina caminhamos sob eucalíptos, subimos e descemos barrancos, comemos salada da horta, conversamos e rimos muito. Mas houve momentos de silencio. Terminei o livro The Lost Symbol do Dan Brown, dormi a tarde e me sentei nos degraus da porta de entrada do casarão, contruido em 1896 de onde tinha esta vista. Meditei e tomei decisões importantes, principalmente ligado a espiritualidade, acho que influenciado pelo livro que li. Natal em Avaré, ceia e almoço à beira da piscina, voltamos para a fazenda. Mais caminhadas, mais descanços, mais leituras e até fechei uma valeta na estrada carregando carrinhos de areia com a dona Ione. Resultado: Vários calos nas mãos. Domingo à tarde, volta para São Paulo. Balanço da viagem: Revigorado e alguns kilos mais gordo. Hoje viajo para a Europa. Sai da calmaria do Brasil selvagem que habita o imaginário Europeu e vou para a grande civilização européia do imaginário tupiniquim. O resultado só darei na volta.

domingo, 13 de dezembro de 2009

A morte de uma árvore




Ontem dia 12/12/09 às 20 horas, depois de passar o dia fora, ao chegar perto do prédio onde moro na rua Dona Antonia de Queirós, Consolação, fui surpreendido com um caminhão do corpo de bombeiros amputando os galhos de uma das magníficas árvores da rua. Pensei tratar-se de uma poda preventiva antes do verão e os temporais típicos da época, mas me enganei. De dentro do meu apartamento no quinto andar, aos poucos, a vista da copa da árvore foi substituída pela de telhas de amianto cinza de um salão no terreno da Sabesp. Frustrei-me ao lembrar que escolhi o apartamento por causa da vista que tinha de minha sala, as copas das árvores plantadas do outro lado da calçada.
Sai de casa às 23 horas para encontrar amigos e o talhe ainda em progresso. Ao voltar às 2 da manhã vi apenas um toco do que sobrara do tronco.

Acordei hoje, domingo, às 8h30 com a continuação do massacre da serra elétrica. Com a luz do dia, a vista era outra. Descortinou-se o jardim do clube com um belo gramado e flores garbosas, um muro estilo colonial português em volta de um salão e outras árvores antes escondidas atrás da copa da antiga árvore. O telhado cinza ainda estava lá, mas já não incomodava tanto. Pouco antes do meio dia, a caminho do supermercado, parei para conversar com uma moça que supervisionava o grupo de lenhadores. Ela explicou: “Ontem foi a equipe de bombeiros que cortou a árvore que caiu. Veja a raiz!” Era verdade, a raiz levantou parte da calçada. A árvore, condenada, tornou-se um perigo para a população. Continuou: “Hoje, nós da prefeitura viemos remover os restos mortais dela.”
Ela explicou tratar-se de uma Tipuana tipu, nativa da Bolívia e Argentina, seu nome vem do rio boliviano Tipuani, onde vivem no seu vale, uma zona montanhosa e de atividade mineira. Numa pesquisa aprendi que a arvore pode atingir até 20 m de altura. Ela é a árvore mais comum na arborização urbana paulistana e símbolo de alguns bairros da cidade. No começo da primavera surgem pequenas flores amarelo-ouro no topo de seus galhos que ao caírem, cobrem as calçadas e o concreto com um espesso tapete de pétalas. A arvore chega a ser um símbolo de alguns bairros como o Jardins onde formam túneis verdes em algumas ruas. Percebe-se uma densa grama cobrindo o tronco e ramos de tipuanas, trata-se de uma samambaia epífita nativa, a Microgramma vaccinifolia, ou samambaia-grama, que gosta da rugosidade e umidade do tronco da tipuana, além de sua ampla sombra e usa a tipuana apenas como suporte.
As tipuanas de São Paulo estão em sua maioria foram plantadas antes dos anos 1950, principalmente pela Cia. City, que criou os bairros-jardins. O seu plantio hoje não é mais recomendado, devido ao seu grande porte, madeira frágil e susceptível a cupins, sendo substituída gradativamente por espécies nativas pela Prefeitura.

Perguntei se plantariam uma nova árvore no local e ela me garantiu que sim. Disse que provavelmente um muda da mesma espécie, o que duvido. De qualquer forma, não estarei vivo quando esta muda atingir o tamanho e porte que a falecida tinha. Como não estava, eu, vivo quando a anterior foi plantada. O que sei é que hoje tenho uma nova vista de minha janela. À principio não gostei, mas em apenas um dia já senti que logo me acostumo.

domingo, 29 de novembro de 2009

Sou parecido?


Hoje disseram que eu pareço com o Iran Malfitano, o cara ai da foto. Será? Bem, talvez entre meus 23 e 30, sei lá. De qualquer forma ele até que é bem-apessoado, ou 'hansome' como dizem lá na terra da Elizabeth. Na minha idade eu pareço com ele. Será que ele vai se parecer comigo quando tiver a minha idade? Upz!
Indiferente de parecer ou não, os dentes são brancos também, acho que a pessoa queria fazer um elogio. Foi entendido e bem recebido. Há varias maneiras de se dizer a mesma coisa, e várias maneiras de entender o que foi dito. As vezes fica o dito pelo nao dito ou o dito não é bendito. O importante é que foi dito. Dizer é bom. Por é que nós escondemos tanto o que pensamos? Principalmente nós do eixo Sul/Sudeste. Não digo que precisamos vomitar o que vem na cabeça pq pode sair muita besteira. Da minha sai muita. Sorry about that. Vivemos dizendo coisas que depois nos arrependemos, nem sempre pelo que foi dito mas como foi dito. Mas com cuidado e atenção é possivel dizer o que pensamos sem ferir ou magoar, é possivel dizer o quanto gostamos de alguém sem ter medo de ser piegas ou brega ou patético. Eu sei que para alguns é dificil dizer o que sentem porque nem sei se sentem, mas é bom ouvir o que os outros pensam, nem que seja "Desculpe mas eu não sinto..... nada!". Claro que falo por mim. Acho que entendi o que me disseram, foi algo como "Você é muito Iran Malfitano", poderia ser "acho voce parecido com o bonito" Acho que troquei as palavras na oração. Mas devo confessar, achando ou nao achando, gostei do que ouvi.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

16 de novembro dia de finados


Você já teve aquela estranha e perturbadora sensação de estar totalmente vulnerável a algo desconhecido? Senti isso hoje ao visitar o cemitério da Consolação em São Paulo e confesso que não gostei. Entretanto, é uma experiência que merece ser contada pois me fez pensar e refletir na minha vida atual. Entrei uma pessoa mas saí outra, como num batismo.

Na volta de uma consulta de rotina no Incor, coisas de quem passou dos quarenta anos, o ônibus parou em frente ao cemitério da Consolação, resolvi, num impulso, descer um ponto antes do meu. Moro no bairro há quase dois anos e escrevi na minha lista mental visitá-lo numa manhã. Por que não hoje? Só vou trabalhar as 14 horas. Entrei, fui até a administração e peguei um mapa (guia de visitação) e um livreto (História e arte no Cemitério da Consolação, texto de José de Souza Martins). Inspirado na minha visita ao Cemitiere Pére Lachese de Paris, sai em busca dos túmulos de intelectuais, famosos, políticos e das tão faladas obras de arte no cemitério. Não dá pra ver tudo num dia só. Comecei pelo da marquesa de Santos, que doou parte do terreno para a construção da capela. Como não consta no mapa o tumulo de dona Rute Cardoso, perguntei a um daqueles homens que trabalham limpando o túmulo e ele foi muito gentil: “Ta vendo aquela árvore lá no final, é bem ali perto!” Havia umas 2.000 arvores, mas ele insistia que a arvore era o ponto de referencia. Segui em frente tentando achá-lo. Sai totalmente do roteiro que havia me proposto. Não achei nada.

Aproveitei que estava no final da rua e visitei os túmulos do Presidente Campos Salles, que é uma homenagem feita com o brasão da Proclamação da Republica feita em 15/11/1889, que coincidência, 120 anos e um dia atrás! Me espantei com o tamanho do túmulo do Conde Matarazzo. Gente pra que tudo aquilo? Acho que só perde para o túmulo de Napoleão em Paris ou de algum faraó egípcio. E quem foi ele mesmo? Mas ai, encontrei mais duas senhoras com aqueles uniformes verdes que trabalham limpando túmulos e perguntei novamente pelo da dona Rute Cardoso. “Tá vendo aquela arvore la na frente?” Ah, não de novo! “To vendo um monte de arvore, qual exatamente?” – “Aquela ali antes da capela. Olha o senhor vira ali, tem uma torneira, ai o senhor sobe, vai ver uma ameixeira...” Eu só como ameixa em caldas ou secas, não sei como é uma ameixeira. Sorry! “Mas como é o túmulo?” – “Bem simpleszinho, tem um jardinzinho em cima!” Quantos sufixos –inhos no final, será que vou achar?

Mas ai chegou o clímax da minha história. Passei em um canto, é um canto, dois muros feitos em forma de triangulo onde pessoas de diferentes crenças e religiões ascendem velas. No chão havia velas brancas e vermelhas, rosas, copinhos com água, cigarros acesos, pão e outras coisas. Curioso que sou, perguntei para uma moça que estava oferecendo algo lá. Ela respondia minhas perguntas rapidamente e com um sorriso sem graça no rosto. “Tem vela para as almas, e as vermelhas para Exu ou outros espíritos..” – “Você se importa de falar sobre isso? Estou incomodando?” – “Daqui há pouco eu vou fazer algo que não vai dar pra eu conversar não. Preciso me concentrar!” Ai ela começou a jogar pinga em volta do local e a falar coisas que eu não entendia. De repente me senti mal. Senti algo pesado no ar. O céu estava cinza, nublado, tempo quente e úmido, o termômetro da rua marcava 30 graus, mas não era só isso. Me senti desprotegido. Uma sensação ruim e quis me afastar dali o mais rápido possível. Ao perceber que eu me afastava ela disse: “Procure a fé!” É como se ela soubesse que eu não tenho fé, seja no sentido conotativo ou denotativo da palavra. A sensação de estar totalmente desprotegido, como quando se transa sem proteção, ou quando seu sistema imunológico esta sem defesas. Não tenho mais religião. Não acredito em nada e ao mesmo tempo acredito em tudo. Se os espíritos não existem ou existem, não sei, e não sei se quero saber. Havia muitos pernilongos e alguns conseguiram me picar. Eles poderiam me contaminar com dengue ou outro tipo de doença. Aqueles espíritos poderiam me contaminar de alguma coisa. Se é que eles existem, mas não quero saber se existem. Sou curioso, mas não preciso saber de tudo. Não quero abrir a caixa de pandora. Eu não queria pensar naquilo, mas eu não conseguia parar e só me senti melhor depois que encontrei aquela senhora de uniforme verde que limpava um tumulo e me sentei ao lado dela em um deles. Conversamos um pouco, tentava espairecer e esquecer, mudar o foco do pensamento.

Resolvi ir logo no tumulo da Rute, rutinha, como diz meu amigo Toni. Encontrei. Era mesmo de uma simplicidade e bom gosto bem peculiar de dona Rute. Sem hostentação, um pequeno jardim com plantas graciosas e bem cortadas. Só isso. Uma mulher que, segundo o próprio marido, ex-presidente da República, entrou na USP com uma nota melhor que a dele. Uma mulher que não queria ser chamada de primeira dama e se vestia com elegância e bom gosto, mas ainda com simplicidade e modéstia.

Pronto. Perto dali, vi o famoso “Sepultamento” de Brecheret, túmulo de outra grande mulher, dona Olívia Guedes Penteado, bem interpretado por Ana Paula Arósio na TV, e satisfeito sai para a vida.
Entrei uma pessoa pelo portão monumental que Ramos de Azevedo projetou, e sai outra. Conversei com as pessoas simples que conhecem ameixeiras e talvez nunca comeram ameixas secas ou em caldas, e que me mostraram que todos somos ignorantes de uma forma ou outra. Vi obras de arte lindas feitas para homenagear pessoas que se foram, ou não! (?), e as mantém vivas através da lembrança. Vi um mausoléu gigantesco que me fez pensar que existem pessoas que não se contentam em aparecer em vida, precisam se aparecer também depois de mortas, e vi o túmulo de uma mulher inteligente, mas simples que repousa em um lugar parecido com a vida que levou. Tive a sensação ruim de que estou desprotegido pelo simples fato de não crer em nada e com o eco da voz daquela mulher: “Procure a fé!” Mas que fé moça? O que é fé? Onde eu acho ela? Sai lembrando que fui ao Incor para cuidar do corpo, para ter uma vida de qualidade enquanto estiver vivo, mas sabendo que um dia, não importa o que eu faça, eu também serei um deles. Não serei enterrado ali e talvez nem tenha um túmulo com uma obra de arte encima. Talvez seja cremado. Mas até lá vou ter que pensar na vida e muitas outras coisas que faz parte da vida .

É domingo, 15 de novembro, feriado, mas domingo. Amanhece chovendo. Levantei as 7 da manhã, o mesmo horário dos dias semanais. Eu sei, mas eu sou assim. Até tento ficar na cama, mas a cabeça esta nas mil coisas que quero fazer. Lavei roupa. A máquina é barulhenta, mas acho que os vizinhos não ouviram nada. Preparei aulas até umas 10 horas. Página virada. Que alívio. Desço para a academia do prédio. Que maravilha, vazia, posso fazer esteira tranqüilo. Durou 5 minutos. Apareceu alguém. Fiz os 30 min. que tenho direito e depois um pouco de musculação. Pouco depois do meio dia e um banho relaxante, deu vontade de comer macarrão com molho de salsicha. Adoooro! Muita cebola frita no molho. Uma cerveja preta e pouco depois da uma já estava na cama. Céu nublado, sol, nublado de novo, mas a chuva parou. Dormi umas duas horas. 3h30 e a expectativa de um encontro mais tarde. Não ia ficar esperando 4 horas sem fazer nada. Recado na secretária. “Eu e o Clau estamos no Frei, vamos ver 2012 O Fim do Mundo.” Até tava á fim de ver, acho que é uma bobagem, mas é pra divertir mesmo, esquecer dos problemas. É, fim do mundo pra mim é bobagem! Não acredito em nada disso, ouço falar em fim do mundo desde que nasci e já vivi em função disso. Agora vivo cada dia, e hoje é domingo, feriado, e dás 15h30 até a meia noite daria pra fazer muita coisa. “Filme acaba as 18, depois vamos encontrar o Re e o Guto. Venha se juntar a nós!” Mas o filme já havia começado, então vou lá e resolvo o que faço. Subi de elevador e as 16 iria começar 500 Dias com Ela. Não tinha ouvido falar, li a sinopse, acabava as 18, então era perfeito. Entrei, comprei um café para viagem e tomei sentado na poltrona do cinema. Comédia romântica, me fez rir e chorar. Deliciosamente inteligente e ‘cool’. Final do filme mostra o nome do tradutor: Sérgio Gabriel. Que surpresa, já trabalhei com ele! Luzes acesas, um senhor de uns 70 anos sentado à minha direita olhou pra mim e diz: “Existe vida inteligente na terra!” Acho que ele fez um elogio ao filme, mas hoje não tava a fim de papo. Liguei pra confirmar o encontro. Resposta: “To voltanto do volley agora. Nem cheguei em casa ainda, depois te ligo!” Encontrei o Cla e o Ric por acaso, sem precisar ligar. Comprei o Estadão, a Veja e minha coleção de facículos museus do mundo. Sentamos pra tomar café e logo chegou o Re e o Gu. Papo em dia. Cla e Ri venderam o apartamento, já compraram outro. Faturaram 70mil em menos de um ano. É o boom imobiliário em São Paulo. Em pleno ano de crise. Crise? Até a Madonna veio buscar dinheiro aqui!!!! Confirmado o encontro. Volto pra casa. Tim dom! Pizza e sorvete. Muitos abraços e beijos. Falei um pouco, ouvi um pouco. Foi bom pros dois. Um cigarro na sacada. Tchau. Tenho que trabalhar amanhã cedo. Sentei pra ler o jornal antes que terminasse o domingo. Ler jornal de domingo na segunda não tem graça. Artigo sobre o caso Geisa da Uniban, que rima com Taleban, me fez pensar. Sou conservador. É isso ai, um retrógado conservador da classe média. Não fiquei do lado dos alunos, houve excesso. Mas houve excesso da parte dela também. Lendo o artigo descobri que sou produto da classe média do ABC que lutou contra a ditadura, ascendeu socialmente, mas mantém-se conservadora nos costumes e valores. Sai de lá e vim para a Augusta pra fugir disso e me sinto envergonhado de ter trazido tais valores no caminhão de mudança. Bem, entendam, leva tempo pra tirar marcas profundas do corpo, e da mente: um pouco mais! Mas estou no caminho! Consegui terminar o jornal um pouco depois da meia noite. Já estou na cama. Ainda deu tempo de escrever este texto antes de dormir. Voltou a chover. O domingo, também feriado, começou e terminou com chuva. Um domingo igual a tantos domingos, domingo e feriado, mas ... diferente!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um dia não tão tipico.

Ontem deveria ter sido um 'ordinary day'. Levantei cedo e fui a uma consulta de rotina em Santo André. A gripe ta pegando, e ia aproveitar. Subia a rua vagarosamente admirando as arvores da rua Goiabeiras no bairro jardim Santo André, pois estava adiantado. Quando cruzei a faixa da rua das Palmeiras..... deixou de ser um dia comum.
Enquanto estava sobre a faixa observei um carro vindo em minha direção. Fiz meus calculos e deduzi que nao daria tempo de atravessar calmamente porque ele vinha muito rapido. Pensei: "Que droga. Isto so acontece aqui no Brasil. Eu estou sobre a faixa mas este motorista nao vai parar! Melhor correr". E eu corri, me sentindo humilhado, sem dignidade diante da máquina. Mal coloquei os pés na calçada, vi nos rostos de um casal de descia a rua expressão de surpresa! Logo em seguida ouvi um barulho ensurdecedor. Olhei para trás e vi o carro, desafiando a lei da física e tentando ocupar o mesmo lugar de um outro corpo, que no caso era um ônibus. Ao virar-me ainda deu tempo de ver o carro virar e bater em outro carro que estava estacionado na rua. Uma pobre máquina que nao tinha nada com aquilo!
Imediatamente pensei: "Bem feito! Se o motorista tivesse diminuido a velocidade ou parada para mim, nada disso teria acontecido!". Fui interrompido pelo rapaz ao meu lado que perguntou: "Será que o motorista está bem?" - Voltamos e o motorista do onibus já estava lá tentando ajudar. Conseguiram abrir a porta do carro e lá dentro havia uma loira, com celular na mão, falando com alguém e chorando como uma desesperada. "Estou bem! foi culpa minha! Olha o que aconteceu!" Saiu do carro com saltos altos enormes, um vestido branco de algodão, sem um arranhão. Sorte dela! Me deu vontade de dizer umas verdades pra ela. Mas que estupidez teria sido dizer qualquer coisa naquele momento. So pensei em uma coisa: "Nao quero servir de testemunha pra este acidente." Não há feridos, eles se entendam e que o seguro das máquinas resolvam os problemas deles. Segui meu caminho.
Ao parar em um café para um expresso. Pensei um pouco em minha atitute. A primeira coisa que veio a minha mente não foi querer saber se ela estava bem, mas achar que tinha sido bem feito. Ok, tudo foi consequencia de um ato, mas nao sei o que estava envolvido e nem procurei saber. Talvez, no fundo eu sou tao egoista e tenha tantas qualidades ruins quanto aquela motorista ou qualquer outra pessoa que vive em uma cidade grande correndo de um lado para outro mais preocupado com os seus problemas do que com os problemas alheios. E infelizmente, são acidentes como estes que nos fazem parar e pensar se o caminho que estamos fazendo e a velocidade com quem o percorremos são corretos, e valem a pena!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A verdade nua e crua


Ontem, depois de correr 5,3 km na maratona Pão de Açucar, voltei pra casa e dormi gostoso. Quando acordei nao sabia se era domingo ainda ou já segunda feira. Uma delicia. Mas era domingo e deu pra pegar um cinema. Assisti 'A Verdade Nua e Crua' (The Ugly Truth). Comédia romantica. Deu pra dar umas boas gargalhadas por contas dos 'puns', joguinho de palavras em ingles, que infelizmente fica dificil traduzir. O pior é que eu soltava umas gargalhadas, junto com um casal de gringos na mesma fileira, e os outros lá... boiando.... achando a gente uns esquisitões. Recomendo para esquecer um pouco da vida, realidade nua e crua, etc. Houve uma cena que marcou. No final do filme há uma competição de balões. A cena é de tirar o fôlego. Ai tem um DR dentro do balão, a camera de tv ligada sem que eles soubessem, coisas de filminho romantico, é só ignorar, e no final eles se beijam.
O ponto é que eu me lembrei de quando eu voei em um balão com alguém por quem estava muito apaixonado na época. Inesquecível. Inesquecível por que nao vou me esquecer da experiencia. Mesmo que eu voe novamente em um balão, aquela foi única, especial, a primeira. Não houve beijo lá encima, e quase nao houve lá embaixo. Tempos depois acabou sem eu saber se a paixão era recíproca. Hoje não importa. O que importa é que foi legal. Lembrei disso no cinema. A gente sonha viver cenas romanticas, elas acontecem na vida real, mas como os filmes, acabam. Mas o importante é lembrar-se delas com aquela saudade saudável. São essas experiências que criam o nosso conhecimento de mundo que nos ajudam a decifrar os textos e discursos que ocorrem em nossa volta no dia à dia. Adorei voar de balão com a pessoa com quem voei. Acabou o namoro, acabou a paixão, acabou o filme, mas ficou a lembraça boa do que passou. E esta é a verdae nua e crua.

domingo, 13 de setembro de 2009

Meu encontro com Isabelle Huppert


Antes de começar a falar sobre meu encontro com ela, deixa eu apresentá-la.

Isabelle Huppert tem 56 anos e é provavelmete, (segundo a revista Época SP 8/2009 p 174) a melhor intérprete francesa de sua geração, duas vezes premiada como melhor atriz no Festival de Cannes (em 1978 e 2001).

Soube de sua existência depois de começar a ler o livro Madame Bovary de Flaubert. O livro é em francês, versão integral oficial, mas meu francês não é lá essas coisas. Resolvi comprar o DVD do filme para me inteirar melhor da história primeiro para depois continuar minha leitura. No filme, Madame Bovary é vivida por Isabelle Huppert. Interpretação impecável. Passado alguns meses, e eu tentando terminar o livro, fiquei sabendo que ela viria a São Paulo lendo uma revista semanal.

Sendo 2009 o ano da França no Brasil, eles, os franceses invadiram a cidade. Que bom né! Nem é preciso ir a Paris pra ouvir frances na rua. O problema é que eles nao tomam banho aqui também e como os trópicos é pura umidade..... bem, isto é outra história! Resolvi que iria vê-la. Separei a carteirinha do Sesc, a carteira profissional para atualizá-la e comprar o ingresso. Previa que seria concorrido comprar os ingressos. Entretanto, tive uma semana corrida, fiquei doente, tentei colocar as coisas em dia e finalmente na Sexta-feira passada fui ao Sesc Consolação. Não foi surpresa quando fiquei sabendo que todos os ingressos estavam esgotados. "Não moço, nao tem pra nenhum dia mesmo, esgotou faz mais de uma semana!" Nem que eu tivesse ido no dia programado teria dado certo. Mas eu iria vê-la. Estava decidido.

Sabado depois de passar o dia na pós, decidi ir até o Sesc Pinheiros e tentar um ingresso de devolução. Antes liguei e a moça, muito simpática e positiva disse: "Não aconselho. Mesmo que haja devolução, tem umas trinta pessoas aqui que estão esperando a mesma coisa!" Desanimei! Acabei ficando em casa e fui dormir mais cedo.

Domingo acordei com a noticia que a dona Carmela tinha morrido. È a sogra da minha irmã. Albanesa, criada na Itália, imigrante no Brasil, iria ser cremada no domingo. "Lamento mana, to com o joelho fud... ferrado. To tentado voltar a minha forma pra correr domingo na Maratona Pão de Açucar e o joelho tá maior que uma bola de futebol!" Um pequeno exagero pra nao ir. O que eu queria mesmo era tentar o tal ingresso.

Fui no Ibirapuera, almocei com o Renato, voltei pra casa e tirei uma soneca com o despertador pronto. Levantei, banho rapido, busão e cheguei lá 17h15. "Oi moça, queria saber se tem devolução!" "Puxa, não tenho não, mas uma mulher acabou de sair daqui tentanto devolver. Ela foi lá na lojinha." (Devolução so até uma hora antes do início). Corri lá na lojinha olhei pra todo mundo e vi uma mulher, toda de preto com um ingresso na mão. "É voce que está tentando vender o ingresso?" "Sou" "Então é meu!" Gente, foi mais fácil do que eu havia pensado. Deu tempo de fazer pipi, tomar cafe e comer bolo de capim santo. Nem sabia que existia, mas lá no Sesc Pinheiros tem, e quando entrei estava lá quase na frente do palco.

Estava ansioso, como ha muito tempo não ficava. To ficando meio indiferente a tudo. Talvez fase, talvez coisa da idade, sei lá. Mas eu tava me sentindo meio criança.

Há! A peça é Quartett, e eu li que foi escrita pelo alemão Heiner Muller (nunca tinha ouvido falar) e que o diretor seria o americano Robert Wilson (nunca tinha ouvido falar) e é livremente inspirada no texto de Ligações Perigosas publicado em 1782, de Choderlos de Laclos. Gosto tanto que comprei o DVD da produção do Stephen Frears com a Glenn Close e o John Malkovich no papel de Merteuil e Valmont. Como revi o filme há menos de um mês, tinha o fio condutor da história em mente..

Ai entrou a Isabelle Huppert. Silencio total. Música de fundo. Luz tênue no palco. Foram entrando os outros atores, inclusive Ariel Garcia Valdés no papel de Valmont. Uma mulher pequena, magra e de aparência fágil, mas quando abriu a boca... reconheci a vós de Ema Bovary. Era ela mesmo escondida naquela maquiagem branca sintética. A mesma expressão contida, quase gélida que marcou muitos de seus papéis. Era ela, era ela, era ela... e eu me contendo pra não dar nenhum fora.

A peça falada em francês com legendas em português. Mas nem precisava ficar lendo a tradução. Eu conhecia a historia, e era bem claro o que estava acontecendo. É claro que um certo conhecimento da lingua ajudou. Ausencia quase completa de cenário, jogo de luz e cores, figurino muito louco, atores com gestual bem marcado, amplificação e distorção de vozes e uma trilha sonora sofisticada (Michael Galasso, autor da trilha de Amor à Flor da Pele, de Wong Kar-Wai). Tudo muito high-tec. Maravilhoso, divino, adorei. Dizer o que. E tudo por R$ 7,50.

Foi assim o meu encontro com a Isabelle Huppert. Eu a vi da minha cadeira, ouvi sua vóz, ela falou comigo. Mas ouve um momento, quando agradeciam que eu tenho certeza que ela olhou pra mim. Eu sorri. Ela não, mas os olhos dela estavam sobre mim.

O espetáculo acabou. Ficou aquela sensação de 'só isso?" deu vontade de perguntar pra alguém uma maneira de conseguir um autógrafo dela em uma foto que veio no progama, mas não, é demais. Peguei o onibus e voltei pra casa.

Mas não faz mal, eu vi a Isabelle Huppert de perto. Eu ouvi sua vóz ao vivo e aplaudi pra ela como nunca antes.

sábado, 29 de agosto de 2009

Vanda - Minha professora não é uma sereia

Ontem li no blog do Caco (Catando os Cacos) a descrição de sua professora no curso de Comércio Exterior. Mulherzinha chata com problemas psicológicos pesados, vomitando o CV dela, se distanciando dos mortais, etc, etc. Fiz uma imagem mental da mulher e fui para minha primeira aula de Leitura e Escrita Narrativa na PUC. Seria minha primeira aula com a professora Vanda. Ela é tao diferente da profa mencionada pelo Caco que resolvi escrever sobre ela. Como foi uma aula sobre narrativa, começo praticando. Uma mulher branca de cabelos castanhos, curtos e ondulados, estatura média, esguia, usava um conjunto de calças pretas, blusa cinza e casaquinho cinza com motivos pretos, tudo combinando, mas com simplicidade e elegancia discreta. Discreta foi o modo como chegou... ou foi chegando. Pediu para fazermos um grande circulo e falarmos sobre nós.

Queria conhecer-nos. Sugeri... sim, eu sugeri algo, porque eu não consigo ficar com minha grande boca calada, por mais que eu tente, é mais forte do que eu..... enfim, sugeri que ela escolhesse alguém, e que depois desta pessoa falar, ela escolheria uma outra pessoa para falar sobre ela. Adivinha quem ela escolheu pra começar???? EU!!! Tá bem, não sabia direito como começar nem o que dizer... ai falei o que eu estudei, onde estudei, o que eu fiz, o que eu faço agora, porque fazia portugues e não inglês, bla bla bla e passei a bola pra frente.

Foi torturoso ouvir cada um falando um pouquinho sobre si. Alguns com uma biografia de dar dó, tipo 'Fiz facu na Unialgumacoisa, sou casada, tenho filhos, dou aula no fundamental 1 e 2, tenho uma vidinha mediocre, nunca fiz nada de interessante na vida, etc e tal, ponto." Mas outros interessantes: "Fiz jornalismo, trabalhei na Folha, no Estadão, na Abril, no diabo a quatro, viajei pelo mundo, fiz letras, comecei mestrado, parei, fiz filosofia, adoro literatura, quero escrever um livro, estou no grupo de estudo do doutor tal fazendo uma pesquisa sobre não sei o que direito..." e tem os que adoram falar sobre si....

O relato que farei agora é verdade mesmo, não inventei nadinha, juro.... A tal aluna é branca e tem um cabelo preto igual da Morticia Adams, sabem quem é? Ela deve ter uns 40 anos de idade, é separada, tem vários problemas para serem resolvidos com o analista dela... mas ai ela começou um discurso interminável: "A senhora nao vai achar o meu nome na lista, porque eu não gosto do meu primeiro nome. Eu me auto denomino Fulana (ela falou o nome dela). Sou cantora profissional. Já fiz fonologia na PUC, teatro, gastronomia. Agora sou secretária e vendo trufas nas horas vagas. Sábado vou trazer algumas, 2,50 cada, se alguém quizer pode encomendar. Sou formada em português. Eu faço português desde antes de todos vocês terem nascido. Acho que só a Vanda tinha nascido!" Vanda, nossa professora sentadinha quietinha no canto dela. Comoção total: "OOOOHHHHH!" .... oh não, Uó! que mulher uó. Re, super gay gritou: "Voce foi extremamente mal educada!" E a Vanda lá, olhando para todos, sem entender nada. Ela não é uma simpatia??????

Hora de voltar a falar da profa. Uma hora e meia depois desse vomito todo, ela conseguia lembrar o nome de cada um de nós e alguns detalhes sobre o que haviamos falado. Discretamente falou sobre si: "Mestrado em estilística da língua portuguesa, com foco na linguagem de internet – Doutorado em Escrita textual. Dirijo um grupo de pesquisa: Ensino de língua portuguesa para fins específicos. Pesquisa do hiper-texto. Fiz e continuei meus estudos porque além de uma satisfação pessoal o mercado e a vida moderna exige que continuemos a agregar conhecimentos. Fiz uma Pós-Doc na Unicamp com a professora tal (aquela famosa que todo mundo sabe quem é, menos eu) e dai surgiram os livros tal e tal. Alguém grita emocionado: "Este livro está na bibliografia do concurso público estadual" E a profa com a maior cara de surpresa pergunta: "Mesmo, tão falando sério? Eu não sabia!" E ela estava sendo sincera!!!!

Falou de si com a mesma dignidade e elegancia discretas que apresentava em suas roupas. Começou a aula sem que percebessemos e manteve todos atentos a ela que falava com segurança, emoção e paixão. Quase bati palmas pra ela. Me segurei novamente, porque minha espontaneidade sempre me mete em furadas e eu acabo pagando altos micos. De forma natural ela saia com palavras que eu nunca tinha ouvido ou se tinha não sabia o que era. Ela disse: "recompensação" e eu abri meu Houaiss eletronico na hora, e a palavra estava lá: recompensa. Mostrei pro Re que ficou atento e dizia a cada nova palavra: "olha ai, ela disse burilamento" "Quer dizer tornar apurado, aprimorar." "Ela disse profícuo, o que é profícuo?" "proveitoso, rendoso". "Outros Campi. Outros campi? Ela errou feio agora, olha ai!" "Não precisa olhar, campi é o plural de campus!" "Ah!!!!"

Fizemos uma avaliação, já ganhei um pontinho. Falamos sobre teoria, ela já deu os livros pra gente ler (não tem nenhum dela, mas eu quero comprar) e nos dispensou me deixando com vontade de assistir a proxima aula. Serão mais quatro encontros e com certeza vai pintar coisas interessantes para escrever aqui.

A propósito, a tal colega que chamou ela de 'velha' na cara dura, depois cantou uma musica pra nós, nos agraciando com uma palhinha.... não foi de tudo ruim!!!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Tempo. Me de um tempo! Preciso de um tempo!

Estou sem tempo. Tempo pra escrever aqui. Tempo para escrever meu livro. Tempo para namorar. Tempo para ir ao cinema, teatro, museus, papear, enfim... viver. Mas o problema é que eu gasto o meu tempo tentando me manter vivo. Trabalho para pagar as contas dos cartões de crédito, da farmacia, do mercado, etc. Trabalho em casa: cozinho, lavo, passo, como , tomo banho, durmo, corto o cabelo, corto a unha, aguo as plantas, atendo o telefone, ufa... e o tempo? Ele vai passando... passando... e as coisas que eu quero fazer por gosto.... vao ficando pra trás. Uma semana atras quase morri.... passei dias de hospital em hospital e consultório medico. Mais uma semana para me recuperar.... to quase normal de novo. Inicio de semestre... tudo novo de novo. Trabalho burocratico.... ligações.... deadlines.... e o tempo? vai passando!!! Amanha voltam as aulas na PUC. Já to até pensando na lista de livros pra ler... coisas para escrever... mais deadlines.... e eu sem tempo... tempo... tempo....... eu sei. É quase uma neurose esta história de tempo pra mim. Meu analista já me falou.."Por que voce fala tanto sobre o tempo???" E eu é que sei? Achei que voce iria me dizer. Analista bom não diz nada, so pergunta.... e eu que nao tenho tempo pra nada... nem pra ir ao banheiro... vou no analista quando? Uma massagem... isso ai.... já resolveira meu problema.... mas estou sem tempo! Tempo é dinheiro. Dinheiro nao compra tempo. É tarde e eu durmindo pouco. Gastei um pouco do meu precioso tempo aqui .... mas putz... ninguém é de ferro. Dá um tempo!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um pouco do MESMO

Sentados nos sofá P. diz:
“Só estou querendo dizer que estou naquela fase de mudança de PA para SP aprendendo serviço novo, procurando apto. Não sei se é hora de começar algo sério! Só não quero que cries expectativas e depois ....”
L interrompe e propõe:
“O que você está querendo dizer é:
Alternativa 1 = Vamos continuar a nos ver, mas não pense que é algo sério. Quando sentir vontade de te ver, ficar contigo, ver um filme, comer pão de queijo eu venho. Quando tiver vontade me liga e se eu estiver à fim eu venho.
Alternartiva 2 = Curti estar contigo, incluindo agora, mas preciso de um tempo só e acho melhor não nos vermos por um tempo até que as coisas se ajeitem.”
P não pensa antes de responder:
“Alternativa 1”
L pergunta:
“Está bom assim, aqui e agora?”
“Sim, mas tenho medo que algo que não deu certo no passado se repita!”
L pensa consigo mesmo: “Déjà vu – O mesmo papo de sempre. A gente só não sabe de que lado virá e se será no primeiro ou vigésimo primeiro encontro!”
Um pouco mais tarde L acompanha P. até a porta de saída. Enquanto espera o elevador, P. pergunta:
“Você tem medo do mesmo?”
L. Lembra-se da conversa um pouco antes e diz:
“Não. Porque o mesmo não existe.” – Parodiando o filósofo continua: “quando você atravessa um rio nunca é a mesma água! O rio é o mesmo, a água é outra.”
“Você não entendeu!” – Diz P. apontando para a placa em frente ao elevador lendo em voz alta: “Verifique se o MESMO encontra-se parado no andar.” Entenda-se: Mesmo = elevador.
L e P despedem-se e L fecha a porta sem saber se leva à sério tudo o que fora dito antes!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Oasis Paulistano




Teria duas semanas de recesso (ferias). No ultimo dia recebo ligação de que teria mais cinco. Yahoo! Esta gripe A (Suina) até que rendeu algo bom. Resolvi aproveitar estes dias em Sampa e conhecer lugares novos.

Terça 04/08 - conheci o auditório no subsolo do MASP. Quarteto Vienarte tocando valsas e polcas austríacas e autores brasileiros (Pattápio Silva e Fco Mignone). Gratis. - Um silêncio lá dentro, nem parecia que estava na Paulista.

Aproveitei para visitar a exposição permanente do MASP dividida em dois temas:
1 - Olhar e Ser Visto (Retratos) - Pinturas de auto-retratos, pessoas famosas e importantes que se fizeram pintar.

O que ficou: "Retrato reproduz o real (ritrarre), a pintura respresenta o real"
" A Arte é uma coisa mental" - Leonardo da Vinci

2- A Arte do Mito - Como a mitologia clássica greco-romana foi explorada através do tempo com exposição de esculturas, pinturas e gravuras. Havia esculturas originais da Grecia e Roma também. O que ficou: "O mito é o nada que é tudo" - Fernando Pessoa

Quinta 06/08 - Fundação Cultural EMA GORDON KLABIN
Peguei o bus, desci a Augusta até ela virar Colombia. Esquina com a Portugal no Jardim Europa, a casa foi construida inspirada no Palácio de Sanssouci, em Potsdam, Alemanha a pedido de Ema para ela cercar-se em seu ambiente doméstico das coisas belas que apreciava. O jardim é de Burle Marx. Uma delicia! A coleção à mostra inclui tapeçarias, figuras funerárias em ceramica, vasos, anjos rococós italianos, quadros de Frans Post, Tarsila, Segall, Portinari, Di Cavalcanti, Raffaelino desl Garbo e Philips Lorrain. A sala de jantar esta posta para um jantar de gala com cristais e prataria. Eu e mais duas senhoras tivemos um guia conosco o tempo todo. Um silêncio!!!! Recomendo. 10,00 mas é necessário agendamento (
http://www.emaklabin.org.br/ - 11 3062-5245)

Caminhei pelas ruas do bairro com o sol já se pondo. Lindo! Finalmente fui conhecer o Shopping Iguatemi. Pois podem acreditar. Eu nunca tinha colocado meus pés lá. Destaque para a Tiffany & Co. Entrei, conversei com o Milton, um dos vendedores muito simpático que me contou a historia da loja, sobre os designers das joias. Aprendi que o nome Tiffany's mudou porque eles abriram o capital. Que a jóia mais barata fica em torno de R$ 350,00 (um pingente ou chaveiro) e a mais cara não tem preço. Já encomendaram um colar de R$ 1.000.000,00 que veio de NY para SP. Pode? Tem gente que pode!!!

Acho que vou morrer e não vou conseguir conhecer tudo o que esta cidade maravilhosa oferece. Mas aos poucos vou conhecendo estes oasis de cultura e silêncio disponíveis a nós.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Bolsa-Cultura, Bolsa-Familia e Roma.

Panis et circencis

Olha quanta coincidência! sexta-feira passada, um amigo me diz que havia ido ao lançamento do Bolsa-Cultura, ouviu o Lula, etc. ?Bolsa oque? Explicou: Um tipo de vale-cultura, tipo tíquete-alimentação e vale-transporte. Tipo assim, o governo injeta 600 milhões de reais por ano no setor cultural, o trabalhador ganha um vale no valor de 50,00 para ir ao cinema, teatro, show, espetáculo cultural etc. O trabalhador arca com 20%, governo 30% e a empresa com 50%. Já existia o bolsa-familia. O governo dava pão ao povo, agora ele vai dar circo. Nada contra, deixa eu explicar. Se o bolsa-família fosse algo temporário, com o intuito de ajudar a população miserável da terra brasilis ascender socialmente até ter condições de caminhar com as próprias pernas, tudo bem, mas do jeito que está não dá. “Ensine o cidadão a pescar, não dê o peixe”. Agora fica todo mundo escravo do bosa-familia, o povo que não consegue viver sem e o governo, atual ou futuro, que não é louco de tomar uma medida impopular e eliminá-la. E o bolsa-cultura, como será? O problema é que não tem data pra começar nem pra terminar, e ai, nós, pobre classe média, cada dia mais pobre e menos média, vamos pagar a conta para o resto das nossas vidas. Sim, a conta do show de pagode e funk, filme blockbuster, etc. Com sorte, alguém irá conhecer o museu do futebol! Ah, a coincidência? Na mesma semana, eu comprei dois “boxes” com a série Roma da HBO. Assisto com a opção “Todos os caminhos levam a Roma’ ligada. Assim, vai aparecendo explicações sobre a história, costumes e língua do povo romano na época. Um trabalho de pesquisa primoroso. Já assisti os primeiros 12 episódios e antes de começar o Box 2, peguei um livro de história para relembrar como era a República nos 500 anos que antecederam o período mostrado no seriado (52 A.C.) quando Cesar se torna ditador, é assassinado por Brutus, e sangue e mais sangue. Há! Tem sexo também! Olha só o que eu li no tal livro: “Durante a segunda metade do século II a.C., a situação em Roma revelava-se insustentável, e diversas revoltas isoladas agitavam a cidade e o campo. Tentando resolver esse problema, o governo de Roma instituiu a distribuição gratuita de trigo aos plebeus e permitiu seu ingresso gratuitamente nos circos das cidades. Era a política do “pão e circo” (panis et circencis), que procurava minimizar os conflitos sociais por meio de um paternalismo custeado pelo Estado.” Bem até aí, é só história, né? Mas não é justamente para isso que aprendemos História? Ou seja, aprender como não fazer? Faz parte da nossa história também, e de nossa realidade a distinção entre nobilis e plebe, escravidão, antes e depois de 1888, a insatisfação com o modus operandi dos nossos governantes. E o texto continua: “Entretanto, essa política apenas adiou a solução do problema, sem resolvê-lo.” Alguém vê mais alguma coincidência ai?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ouro Preto - Minas Gerais
















Ouro Preto - Por que visitá-la?


Por que ir a Ouro Preto?

Sempre quis ir. Tinha que ticar a lista dos lugares visite-antes-de-morrer. Resolvi de última hora. Em uma hora achei passagem promoção e fiz reserva em uma pousada econômica pela internet. Três dias depois viajei. Trabalhei na quinta 16/07 até as 22h00 e na sexta às 8h00 sai de Congonhas para os Confins do Mundo. Tinha uma mochila nas costas e a impressão de que seria uma viagem marcante. Fiz tudo econômico. Pousada: R$ 50,00 diária, almoço em quilo, nada de taxi, caminhar ou ônibus, carteirinha de estudante nas mãos e pechinchar sempre que possível, mas com direito a alguns luxos. Logo no aeroporto comprei o Bravo! Cidades Históricas de Minas Gerais da Editora Abril. Paguei R$ 24,90. No fim da viagem comprei o livro Arte Brasileira, Arte Colonial – Barroco e Rococó de Percival Tirapeli, Companhia Editora Nacional, R$ 28,00. Contém fotos e explicações de forma simples para o homem leigo.

Musica Barroca - Parte da experiencia em O. Preto

Festival de Inverno em Ouro Preto (Todos os Sentidos)

Programação do Festival de Inverno em Ouro Preto – Julho 2009

O festival 08/07 – 26/07 ocorre em Ouro Preto e Mariana. Programação completa no site: http://www.ufop.br/ Imprescindível ter em mãos a programação de bolso (distribuído grátis). A programação é eclética e diversificada mas è bom programar-se pois para alguns espetáculos é necessário pegar senha com antecedência. O que eu vi e gostei:

17/07 - sexta-feira:
19h00 – Duo-rodapeão, espetáculo cênico-musical: Nigun (hebraico: melodia sem palavras), na Casa de Ópera. O dueto canta canções do universo infantil de várias partes do mundo. Os instrumentos: potes de vitamina C, potes de remédio, quatro venezuelano, pente, lixas etc. (grátis)


Abertura da exposição de gravuras: Contraponto de Alex Gama. Com direito a coquetel. No Museu da Inconfidência, Anexo I.

22h00 – Cia. Mimulus de Dança – De carne e Sonho. Praça da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Grupo de dança moderna. Espetáculo baseado no tango.

Ao voltar, fui surpreendido com uma festa junina na rua, bem em frente ao hotel com um grupo de congado e uma banda daquelas que tocam uniformizadas marchando pela cidade. Arte popular para pessoal local do bairro Barra.

18/07/09 – sábado:
Exposição de fotos de Germano Neto – Visagens: Chão das Gerais no Posto de Informações Turísticas. Fotografias de paisagens e casas do sertão mineiro.

18h00 – Giramundo – Um Baú de Fundo Fundo – Praça da UFOP. Espetáculo de marionetes para crianças também da minha idade. Surpreendente.

22h00 – Daniel Gonzaga – Comportamento Geral – Praça da UFOP. Ao chegar a praça, pensei estar ouvindo o Gonzaguinha mas era o filho dele, Daniel. Voz e estilo idênticos! Cantou músicas do pai, segundo ele, para não o esquecermos. (Quem?).

19/07/09 – Domingo: Cidade de Mariana
12h15 - Concerto com a organista Josinéia Godinho no órgão Arp Schnitger. O órgão foi construído por Arp-Schnitger entre 1700 e 1710 na Alemanha, e enviado a Portugal. Está em Mariana desde 1752. Foi restaurado em 1984. No programa música barroca de G. Gohm, H. Scheidemann, C. Seixas, J. L. Krebs e Tablietti/Walther. A organista dá explicações sobre os autores antes e durante o concerto e sobre o órgão no final.
(http://www.orgaodase.com.br/)

20/07/09 - segunda-feira
19h00 – Mostra “Cine Clube da Esquina” – Filme: Rocco e i soui Fratelli (L. Visconti). Cine Vila Rica – Ouro Preto. Filme em preto em Branco com Alan Delon conta a história de quatro irmãos que se mudam do sul da Itália para a industrial Milão e como seus caminhos tomam rumos diferentes. Entregam programação de filmes com datas e sinopses no cinema.

Comida Mineira - Paladar









Comida Mineira: Onde e o que eu comi:

Não dá para ir a Minas e não experimentar comida mineira. Os restaurantes de quilo são bons e oferecem comida típica a um bom preço, como o Sabor de Minas na rua São José e Vide Gula na Senador Rocha Lagoa, 79, perto da praça Tiradentes. Média R$ 15,00 com suco, sem sobremesa. Mas comi um espetinho por 3,00 na Praça da UFOP sem medo e bebi quentão também.

No café do Centro de Informações Turísticas, comi uma broa de milho e queijo com calda de laranja que é uma delícia. Receita mineira sofisticada.

O ponto alto foi um almoço típico no restaurante Chafariz, Rua São José, 167. Foi recomendado por Paulo (Pirex) que conheci no show do Giramundo. Paguei 34,00 por refeição completa, fora bebida. Um dos luxos que valeu a pena. Comecei com uma cachaça de Minas, Buffet de salada, Buffet de comida mineira com tutu, polenta, frango com quiabo, couve cortada finíssima, torresmo, feijão tropeiro, carne de porco e banana frita. Sobremesa: doce de laranja e mamão, queijo com goiabada e doce de leite, cocada branca. A decoração lembra casa de fazenda mineira, com motivos religiosos. O cafezinho é servido na canequinha de ferro e lembra casa de fazenda da vó (saudades). Inebriado pela cachaça, ouvindo o som de música de piano e depois canto gregoriano, fiz uma viagem sensorial. Inesquecível.
Tomei um café expresso num café e chocolateria na esquina da Rua Direita e Praça Tiradentes. O local é charmoso e muito bem decorado, com ótimo atendimento.

Ouro Preto - Turismo Cultural

Visitar Ouro Preto é respirar História e mergulhar na Arte. É voltar ao tempo andando pelas ruas íngremes e tortuosas com casario colonial. História do ciclo de ouro de Vila Rica (nome anterior) e do sonho de liberdade dos inconfidentes, culminando com a morte de Tiradentes. A Arte Barroca, de cunho religioso, é representada pelas esculturas de Aleijadinho e do pintor Athayde nas igrejas suntuosas e os poetas do Arcadismo.

Aqui estão os lugares que visitei e recomendo:

Comecei pelo Posto de Informação Turística onde peguei um mapa gratuito.

Igreja de São Francisco de Assis, a mais bela em termos de arte barroca com obras de Aleijadinho e pinturas de Athayde. Muito bonita. Ingresso (meia: R$3,00 com direito a visita ao museu do Aleijadinho na igreja Nossa Sra da Conceição).

A Paróquia N. S. da Conceição, (1707) tem a Matriz de N. S. da Conceição de Antonio Dias como sede. Construída em 1727 pelo pai de Aleijadinho, abriga túmulo do Aleijadinho e o museu Aleijadinho, criado em 1968. Reúne peças de arte sacra e arquivo documental histórico.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, a mais rica com esculturas folheadas a ouro. No subsolo fui ao museu de Arte Sacra com imagens barrocas e prataria utilizada nas missas. Aprendi que no Brasil não havia prata e a maioria era contrabandeada do Peru.

Na igreja de Nossa Senhora do Carmo, (1766 – 1772), projetada por Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. São de Aleijadinho os Altares Laterais e o Lavabo da sacristia. Nas paredes da Capela-Mor, azulejos portugueses. Pintura do Forro da Sacristia e douramento de Ataíde. Aprendi a diferença entre estilo rococó e barroco. O estilo rococó é claro e com poucos ornamentos.

Museu do oratório – Exposição de Oratórios de Viagem, eruditos e de referência artística e oratórios populares. Fiquei lá 30 minutos. Além de bonitos é interessante conhecer um pouco da história da religiosidade do povo mineiro. Tirei fotos do cemitério e depois sai pelas lojas e comprei um mini oratório.

Museu dos Inconfidentes. Uma aula de história. No panteão lápides para os 13 inconfidentes. Historia de Vila Rica, passagem do Barroco para o Arcadismo, livros originais de Claudio Manoel da Costa e do livro de versos Marília de Dirceu de TAG = Tomás Antonio Gonzada (1792). Destaque para um dicionário da língua brasileira de 1832 e mobiliário da época.

Trem de Ouro Preto para Mariana. No sábado comprei ingresso para domingo. Uma garota na fila me disse que estudante paga meia (R$ 9,00). Aproveitei para ver fotos, a maquete da viagem, e instrumentos antigos. Tirei fotos, convers
ei com Bruno, um estagiário que faz musica na UFOP que fez demonstração de sons musicais com instrumentos feitos de canos, PVC e outros materiais. No domingo, peguei o trem para Mariana, mas me decepcionei. As janelas não abrem por questão de segurança, mas em vez de vidros são de acrílico, que estão riscados e torna difícil a visão para o lado de fora. A viagem leva uma hora. Ainda bem que só comprei a ida para voltar de ônibus que é muito mais rápida. Não recomendo, a menos que nunca tenham andado de trem. Conheci e conversei com um senhor carioca que viajava com a família chamado Saldanha, ajudou a passar o tempo.

Mina de Passagem entre Mariana e Ouro Preto. Desde sua fundação no inicio do século XVIII, foram retiradas 35 toneladas de ouro. Eu e mais dois turistas descemos com um guia, em um trolley que lembra uma montanha russa. Chega a 315m de extensão e 120 mt de profundidade. A temperatura é estável entre 17 e 22 graus. Não me senti bem, o ar era rarefeito e senti um pouco de claustrofobia. Não disse nada para não influenciar os outros. Vimos um lago de água cristalina, transparente onde fazem mergulho. Depois de 40 min. depois, subimos com o trolley. O ingresso custa R$ 24,00, sem direito à meia para estudantes. Moradores levam uma conta de luz para comprovar endereço e não pagam. Almocei no restaurante onde o valor é 22,00 sem direito a sobremesa. Fizeram à R$ 15,00 porque já eram 16 horas.

Casa onde viveu o poeta do arcadismo, jurista e inconfidente Thomaz Antonio Gonzaga, entre 1782 – 1788 quando foi juiz de Vila Rica. Casa com fachada estreita mas com interiro amplo e estendido com um jardim suspenso. Hoje é a Secretaria de Turismo, Industria e Comércio. Fica em frente para a igreja de São Francisco de Assis na Rua Claudio Manoel, 61.

Casa dos Contos – Imponente construção erguida entre 1782 e 1784. Em 1789 serviu de prisão para os inconfidentes. Exposição de moedas e acervo que conta a historia do dinheiro no Brasil. Senzala com objetos de tortura no subsolo e uma biblioteca com volumes raros. Vi a exposição temporária Paisagens Mineiras de Nord-Pas de Calais e da artista plástica Ana Machado. Imperdível.

Museu da Ciência e Técnica – Sede da UFMG. Prédio de 1741, abrigou o antigo Palácio dos governadores (Vila Rica, hoje Ouro Preto foi capital de Minas até 1897). A sala de mineralogia com exposição de pedras e metais é indispensável. Encontrei José, francês, curador da exposição sobre minas, parte do ano da França no Brasil. Numa sala que reproduz uma mina de outro, ele explicou como o carvão se formou no fundo da terra e como é retirado.


Parque Horto dos Contos. Vale com 246 m dentro do Horto Florestal, 1583,02m de área verde dentro da cidade. Fundado em 1798, segundo do Brasil, com flora regional e exótica, áreas para eventos e prática de esportes ao ar livre, além de trilha calçada para caminhada. Na terça-feira, deixei mochila com a gerente do hotel, entreguei as chaves e peguei ônibus até a rodoviária (R$ 1,40). 9h15 entrei no Horto Florestal pelo portão de entrada em frente a rodoviária e fui descendo. Caminhada tranqüila e relaxante por mais de uma hora. Tirei fotos e sai pela igreja do Pilar.



Compras: Deve-se ir à feira de artesanato em frente à igreja São Francisco de Assis. Mas nem tudo é de qualidade. Olhe tudo muito bem antes de comprar. De uma boa olhada nos ateliers. Há coisas um pouco mais caras mas de boa qualidade e pechinchando, consegue-se bom preço.

Amigos de Viagem - Não existe solidão!


Pior do que estar só é sentir-se só. Enviei e-mail para vários amigos. “Alguém quer vir?” Ninguém se pronunciou. Quando disse que iria sozinho. Acharam estranho! Eu sabia que isso não seria problema. Comecei a fazer amigos no avião. Denise, uma simpática advogada grávida de seis meses. Na fila da Ópera, conversei com uma mulher que me deu dicas sobre o festival. Estava com a família de Goiânia. Sentei com eles durante o concerto. Renato ligou no meio do espetáculo. Recebi torpedos vindos de amigos de São Paulo. Na saída, pedi informação para três rapazes, José e Joaquim, dois franceses e Henrique, mineiríssimo, estudante de Arte e Cultura Barroca. Acabamos indo juntos a uma exposição de fotos e tomamos cerveja preta no Profeta. Na Igreja São Francisco, conheci Cleidiana que acabou me dando uma aula sobre características das esculturas de Aleijadinho e pinturas ilusionistas. Na Igreja do Pilar, o zelador chamou minha atenção para o cordeiro na cruz pintado no teto e como ele muda de posição, um garoto de 15 anos do Espírito Santo ouviu, puxou conversa, falou das garotas e se foi. No show de marionetes Conheci Pirex (Paulo) e sua esposa. Conversamos bastante sobre viagens. No trem para Mariana conversei por mais de uma hora com Saldanha, do Rio sobre política. No ônibus entre Mariana e a Mina de Passagem, tive como companhia, Socorro de Fortaleza. Conversamos sobre como as cidades estão inchadas, ela falou sobre Quixadá e como é difícil viver na roça, falei do meu blog e da Patagônia. Ela escreve tudo o que ouve e vê. Na Mina tive a companhia de Luiz de Salvador e Maria da Espanha. Em um atelier perto da igreja São Francisco, conheci a artista plástica Paula Lima. Ao perguntar se ela consegue viver do que faz, ela disse que ‘é preciso acreditar’. Acabei sentando e ela me contou sua historia. Mudou-se para Mariana, não foi bem recebida, e no fim a pessoa que ela mais criticava da cooperativa, é hoje sócio dela em Ouro Preto. Seu sonho era morar lá e hoje ela vive o seu sonho. A conversa serviu de inspiração para mim. No último dia, subia a rua observando o cotidiano das pessoas. Ao passar em frente ao Cine Vila Rica, vi o livro A República de Platão. Parei e ouvi uma conversa entre o vendedor (Milton) e outro rapaz (Gino) formado em filosofia, papo cabeça. Participei, tomei conhaque, conversamos sobre a banalização de tudo, inclusive da morte. Milton, também poeta recitou um poema, demonina-se o fantasma do cinema. Éramos três filósofos na Ágora. Houve o encontro surpresa com a Silvia, Rita e Adriana, amigas do Henrique, outros rápidos com Diego Maradona, Lucas e Gorran no morro da forca, Ana Terra, Miller na casa dos contos, e outros que apenas pararam para pedir que eu tirasse uma foto. Até um (chien perdu) que me seguiu na volta para o hotel. Relacionamentos, efêmeros como a vida, de 1, 5, 10 e 60 minutos, com quem aprendi e ensinei. Com alguns houve reencontros e com outros, troca de emails. Talvez haja outros reencontros, mas o que importa é que eu nunca estive ou me senti só.

CENAS DE RUA




SENTIDOS, SUSPENSE, SURPRESAS ...


O Barroco, surgiu no século 16 na Itália. Se antes a recionalidade prevalecia, há então uma explosão de sentimentos. As obras de arte, buscam cativar pelo impacto. São imagens fortes, esculturas grandiosas, contraste entre luz e sombra, céu e inferno, dramaticidade, excesso. A cidade, por ter tantos exemplos de arte Barroca, fez aflorar estes sentimentos em mim. Tive experiências que apelavam para os sentidos.

Na primeira tarde, subi até a Igreja do Carmo, no topo de um monte e me sentei para ver o por do sol às 17h10. Céu azul, sem nuvens, típico de inverno. Temperatura caiu rapidamente. Silêncio de todos que observavam. Voltei no dia seguinte, desta vez me deitei na mureta e minha vista era as torres da igreja com obras de arte rococó. Observei os pássaros voando e a cor do sol que mudou à medida que o sol se pôs.

Conheci Henrique no primeiro dia da viagem. No domingo, na igreja da Sé, onde fui para o concerto do órgão, sentou-se ao meu lado Silvia, Rita e Adriana. Puxei papo, estudam Arte e Cultura Barroca na FAOP. Falei do Henrique e elas disseram que haviam vindo com eles. Pura coincidência. Durante o concerto, envolto pelo som de música barroca e cercado de arte barroca, peguei meu caderno para desenhar a porta da igreja. Após o concerto me separei delas, mas mais tarde as encontrei junto com Henrique na praça em frente a um restaurante e fomos a uma cafeteria.

Quando voltava de Mariana, descendo uma ladeira em direção ao hotel, vi no caminho vi um portão, parte aberto, parte fechado e uma escadaria sinistra. Uma senhora me disse que era o morro da forca. Resolvi subir. Lá no topo, havia alguns garotos soltando pipa. Fui um pouco mais para cima e havia dois rapazes em cima de um monumento conversando. Fui até lá, mas havia um cachorro amarrado ao lado da escada. Conversamos e subi até onde eles estavam, uma espécie de pedestal gigante. Havia um tronco quebrado, pontiagudo, lá, talvez onde era a forca, ou talvez um antigo mastro. Sentados observamos o sol se por. Diego faz minerologia na faculdade e Lucas faz o colégio. Perguntaram sobre a vida em São Paulo e das vantagens e desvantagens de morar em Ouro Preto. Conversamos muito e trocamos emails. Escureceu e tive uma sensação ruim. Mistura de medo e insegurança. Quando disse que iria embora, desceram juntos. Percebi que havia mais pessoas lá, que chegaram depois. Descobri que o publico é outro depois que a noite cai.

No sábado à noite, desci a rua Direita procurando por um bar. Ao descê-la, passei em frente ao número 124, o atelier Ana Terra de onde vinha o som de jazz. Entrei e a recepcionista disse que encima fica o Sótão, espaço alternativo de culinária e arte. Pedi uma taça de vinho da casa e conheci a dona, Ana Terra que é artista plástica e transformou seu antigo atelier no bar. Quem tocavam eram três integrantes do Grupo Esquina que tocam com Milton Nascimento. Era o primeiro encontro deles e improvisaram a musica. Na mesa ao lado havia uma família com duas meninas, uma de 9 e outra com 1 ano. Havia uma mamadeira sobre a mesa. Nas outras mesas, bichos-grilos, gringos, gays e casais namorando. Havia gente fumando e bebendo cerveja e conversando. Pedi outra taça de vinho e convidei Henrique através de um torpedo. Coincidentemente, ele estava passando quase em frente quando o recebeu. Ele juntou-se a mim. Papo bom. Saímos e subimos a rua juntos. Não o vi mais depois.

Ultima surpresa da viagem. Ao embarcar no avião, encontrei Ju amiga do Toni, flatmate da Ana Cris. Em São Paulo saímos juntos e pegamos o mesmo taxi. Fui com ela até a Lapa, e depois segui no mesmo carro até minha casa. Já marcamos um almoço para o próximo domingo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Michael Jackson and Me


Michael Jackson, era mais do que o ‘rei do pop’ para mim. Ao saber que morrera, senti que quem morria era aquele amigo que cresceu comigo, embora distante. O menino Michael cantava: ‘Ben, the two of us need to look no more. We both found what we were looking for. With a friend to call my own, I’ll never be alone, and you, my friend will see you’ve got a friend in me.” e eu entendia sem saber ingles.
Ele nasceu em 1958, eu em 1962. Sua familia era Jehovah Witness, a minha também. Ele tinha um pai metalúrgico. Ops, o meu também. O pai era muito rígido, o meu nem se fala. Ele disse para a Ophra que se sentia só e chorava de solidão. Que coincidência! Em algum momento de sua vida, fomos da mesma cor.

Em 1975, com 13 anos me apaixonei pela primeira vez. Eu ouvia ele cantar: “One day in your life, You’ll remember the love you found here. You’ll remember me somehow, though you don’t need me now, I will stay in your heart.” Quando eu me sentia só, ele cantava: “.. you are not alone. I am here with you, though you’re far away, I am here to stay.”

Em 1982, quando eu pensei que minha vida era puro tédio, ele voltou me animando: “Cause this is thriller, thriller night, and no one’s gonna save you from the beast about to strike”. Ai eu descobri que eu era ‘bad’ mas ele era mais e fez questão de dizer: “But my friend you have seen nothing, just wait til I get through, because I’m bad, I’m bad. Come on. Bad bad-really, really bad. You know it!” Não dava pra competir com o cara, o jeito era aceitar. Em 1984 quando cantou junto com 44 estrelas ‘We are the world” para arrecadar dinheiro para US for África, por razões de caridade, eu trabalhava como voluntário para uma organização religiosa no interior de São Paulo.

Em 1993 ele veio ao Brasil. Eu já tinha 31 morava no interior, era meio bitolado e acabei não vindo a São Paulo por achar o show ‘Dangerous’. Perdi a oportunidade de vê-lo de perto! Michael, como eu, não queria crescer. Crescer dói. Era um eterno ‘menor’ de idade que buscava refúgio em ‘Neverland’, como Peter Pan, longe de todos que não o compreendiam. Ele foi acusado de ‘abusar’ de um menor. Mas talvez, abusaram dele! Ele mudou, e como! Eu mudei muito ao longo dos anos, e meus reais objetivos, encoberto numa era de trevas ficaram mais claros.

Bem, finalizando, ele era excêntrico, quem não for atire a primeira pedra! Para mim, não importa se ele era ‘black or white’, gostava de suas canções e de como ele dançava. Fiquei triste quando ouvi a noticia de sua morte inesperada, como a maioria das pessoas, e lamento o circo que se formou. Para o meu amigo Michael, só posso dizer uma coisa: ‘Gone too soon’.

O que é texto?

Terminei de ler o livro 'Coesão e Coerência Textuais" by Leonor Lopes Fávero, professora titular de Lingua Portuguesa na PUC e professora da USP. Segundo a autora, "o texto convém mais do que o sentido das expressões da superfície textual, pois deve incorporar conhecimentos e experiencias cotidiana, atitudes e intenções."
O que eu leio não é o mesmo que você lê. Eu faço minha interpretação baseado no meu conhecimento e visão de mundo. Eu escrevo com uma imagem fixa, pré-determinada pela minha experiencia de vida. Portanto, ao pensar na palavra casa, eu faço uma imagem mental de uma 'casa' que não será a mesma imagem mental do meu leitor. A coesão é 'obtida parcialmente pela gramática e parcialmente pelo léxico', a coerência é 'o resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço dos textos.'
Sendo assim, como escritor, tenho a responsabilidade de levar isto em conta e pensar em como irei facilitar a vida do meu leitor, mas o leitor, se torna agora parcialmente responsável ao executar a leitura. Eu, como escritor, interlocutor, não conseguirei jamais passar a informação exatamente como pensei. O leitor, ouvinte do texto, não entenderá jamais as coisas como eu tentei explicar. Deu pra entender? Não? Lamento, é assim mesmo que funciona.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Domingo Fantastico ???

Fantástico Domingo:
Que mico foi aquele da Juliana Paes cantando New York, New York com Frank Sinatra? Se não bastasse a desafinação, que inglês é aquele? Áleas, o que mais houve e se ouviu no Fantástico foi atores globais pagando mico. O Fantástico virou um vídeo show, uma vitrine para fazer propaganda de programas apresentados pela emissora. Felipe Camargo falando sobre sua vida, quem é que quer saber? Mariana Ximenes, que até manda bem quando interpreta, tava tão forçadinha tentando ser ela mesma! E eu que, depois de um domingo cultural, pensei em chegar em casa e terminar o domingo assistindo ao Fantástico, pra sentira aquela sensação triste de final de domingo, fiquei decepcionado com o que este programa se tornou. Patético.