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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008


Meu presente de Natal veio do céu







25 de dezembro de 2008. Cheguei com Renato, meu amigo, irmão adotado na fazenda Serra Velha por volta do meio dia. Dia lindo, céu azul intenso, verde exuberante da vegetação. Logo chega mais gente. Apos o almoço uma siesta gostosa em um dos quartos do casarão construído em 1896. Sai do corpo. Totalmente relaxado, ouvia ao longe som de vozes vindo da cozinha, boi mugindo no pasto, pássaros grandes e pequenos cantando, água de riacho escorrendo e gato miando. Não sabia se eram reais ou sonho. Acordei com um trovão e em seguida a chuva forte caindo no telhado da casa. Que vontade de tomar um chuveiro desses! Pensei. Renato, deitado em uma das cinco camas do enorme quarto pergunta logo em seguida. Você não quer tomar um banho de chuva? Senti o cheiro de café. Depois do café a gente vai caminhar. Me emprestou roupas velhas e saímos. O chão encharcado, poças d água ainda cheias, enxurrada ainda escorrendo e o céu carregado, prometendo mais chuva. Alcançamos o ponto mais alto da fazenda, subimos em um tronco de arvore caído de onde avistamos o casarão e a represa ao longe. Seguimos, pés descalços chutando poças d água. Voltamos a infância perdida. As nuvens despejam suas águas. Chuva fresca de verão. Pingos fortes massageando a carne. Corremos para nos aquecer. Estrada paralela a plantação recente de eucaliptos, ainda crianças. Nós feito crianças. Cabelo e roupas encharcadas. Água doce escorrendo pela face e corpo. A chuva diminui. Entramos em um pasto. A chuva para. Recepcionados por uma centena de bois, bezerrões curiosos. Renato grita e eles fogem em disparada. De repente surge uma codorna, do nada, voando em fuga. Nos dois, homens feitos, gritamos apavorados. Rimos da situação. Davi diante dos bois, gigante vencido diante de um pássaro. Descemos ate o riacho que carrega a água escura da enxurrada. Parte da caminhada e dentro do rio agora. Diz Renato. Sob arvores da mata nativa, seguimos `wading` pelo rio. Shua, shua, shua. Caminhamos contra a correnteza, as vezes as águas ate os joelhos. Pequenas cachoeiras são escaladas. Ocasional caminhada pelas beiradas. Deixamos o rio e subimos a colina. Nos deparamos com um despenhadeiro, descida íngreme, solo escorregadio de argila branca. Deslizamos, quase esquiando. Fiquei de quatro, mãos apoiadas nos chinelos ate perceber que podia escorregar e cair no precipício. Pânico. Respiro fundo, me encho de coragem e continuo a descida, agora de bunda no chão escorregando sobre a bosta de vacas. Mais um riacho. Seguimos caminhando. Cuidado com as aranhas! Alertou Renato. Olhei para cima e vi centenas de pontos negros, aranhas medianas, dividindo um emaranhado de teias. Nos agachamos e continuamos ate alcançar a trilha que nos levava de volta ao casarão. O sol volta a brilhar. Roupas quase seca. Sentamos-nos na beirada do tanque onde o gado bebe água. Sentimos o sol tépido da tarde. Os pais de Renato de junta a nos. O gato também. Olha o arco-íris! Grita Renato. Olhei para cima e na frente das nuvens brancas e cinzas as sete cores intensas enfeitando o céu, que acima de nós era um azul forte. A luz do sol da tarde criava um cenário de sonhos. Deitei-me para apreciar extasiado aquele momento e vejo andorinhas negras dançando bale, fazendo acrobacias aéreas. Não era um sonho de uma noite de verão. Era um sonho de uma tarde de verão, uma tarde de natal. Eu, que sempre achara o dia de natal triste e deprimente, recebia um presente dos céus. Uma família de amigos, um banho de chuva, o arco-íris, a dança dos pássaros, a luz do sol e seu calor calmo do fim da tarde. Indiferente a religião, crenças e cultura, deixei-me render a esta magia. Era dia de natal e eu estava recebendo um presente celestial.

Fazenda Serra Velha, Paranapanema, SP



Hotel Peninsula - Avaré, SP

Feriado - Véspera de Natal

Vespera de Natal, 24 de dezembro de 2008, foi muito bom. Foi bom viajar com o Renato, confidenciar, saber coisas. Dirigir a noite na Castelo Branco. Comer panetone no cafe da manha do dia 24. Ouvir as dicas de leitura do pai dele. O cara le muito. Caminhada na praca em frente a casa deles, sol fudido mas ok. Conhecer a colecao de corujas da Fabia e o gato persa dela. Ver a chuva de verao, do carro, na estrada ao ir visitar o hotel fazenda. Sentir cheiro da chuva e mato. Comecar a receber mensagens de natal dos amigos. Beber cerveja no bar do hotel olhando a piscina, a represa e as pessoas descontraidas. Tentar dormir a tarde apesar do calor infernal. Ser acordado pela enxurrada de mensagens de feliz natal no celular. Rever o seu Flor (Floriano) que com 89 anos ainda quer pegar as enfermeiras. Comer a ceia de natal preparada pela Ione, mae do Renato. Brindar com espumante italiano. Ouvir que foi bom estar la com eles. Comer mais do que devia na ceia 1 e sair correndo para a ceia 2 na casa da Eliana. So comer pra experimentar na ceia 2. Conhecer pessoas interesantes. Dancar com a dona Rute, 78 anos enquanto o Renato tocava piano. Ver os souvenirs e fotos da viagem da Eliana, psicologa, para a Namibia onde foi estudar os bushmen e a musica de tambores como terapia de cura. Voltar pra casa de madrugada e tomar um banho de chuva ao tentar abrir o portao da garagem pro Renato. Terminar o dia 24, ou melhor iniciar o dia 25 na cama ouvindo a chuva cair la fora.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O que há em um nome?

Depois de um ano sem contato, finalmente falei pelo MSN com Guilherme. Conheci Guilherme (foi assim que me apresentaram a ele) no Rio através de um amigo de Maceió em fevereiro de 2000. Algum tempo depois descobri que o nome dele oficial, no registro, no RG etc, era Perivaldo. Não questionei mas achei estranho e meio que entendi seus motivos. Por que ele escolheu o nome Guilherme? Guilherme quer dizer homem que se orgulha da sua força (física, mental ou moral) e se vale dela para auxiliar a pessoas de quem gosta, mas acho mesmo que ele o escolheu pela sonoridade. Quando a gente nasce, não escolhemos nossos nomes, mas vamos usá-lo pelo resto da vida, goste ou não. Alguns pais tem criatividade fértil, mas, não levam em consideração os traumas que possivelmente causarão a seus filhos. Mas aí o tal amigo Guilherme aparece no MSN com o nome de Bruno. É, agora ele é o Bruno. Quando ele se mudou para os EUA em 2004 ele adotou este nome e é assim que tem se apresentado para todos lá. Então me lembrei de uma outra pessoa com quem trabalhei. Rubens. Eu era encarregado dele. Ele era baixo, magro, cabelos negros, rosto de menino, não o levavam muito a sério. Sempre o chamei assim, Rubens, afinal este era o nome dele no registro, o nome escolhido por seus pais. Eu sai da empresa e mais tarde o Rubens também. Tempos depois, nos reencontramos, por acaso e fiquei surpreso com as mudanças. Ele estava mais gordo, usava roupas moderninhas, um pouco over, cabelos ralos mas longos. Agora chamava-se Sam. Sam? Por que Sam? Sei lá, escolhi este nome aleatoriamente. Mas eu não vou conseguir te chamar de Sam. Faz um esforço, não sou mais o Rubens, sou o Sam, Sam Gjesdal. Não acreditei, acontece que o tal do Sam Gjesdal existe. Ele trabalhava conosco na mesma empresa, era americano, filhos de noruegueses. Era alto, olhos azuis, o típico americano. Ele voltou para os Estados Unidos e o Rubens apoderou-se do nome dele. Apoderou-se, pois não creio que ele tenha pedido permissão para isso. Posso imaginar mil razões para seus motivos, mas prefiro não bancar o analista. Dez anos depois ele ainda é o Sam. Eu, pessoalmente, não gostava do meu nome quando no primário, queria me chamar Washington Luiz. Bobagem, coisas de criança. Hoje Luiz soa maravilhoso. Nome brasileiro, simples, sem pompa. Gosto de nomes como Joaquim, Pedro, Renato, Marcos, Claudio, Carlos, João, José, e os nomes femininos como Maria, Ana, Roberta entre outros. Pra que inventar? Pra que complicar? Pra que mudar de nome? Sei lá, se tem um nome estranho, cria um apelido. Se os pais inventam nomes esdrúxulos, supere a criatividade deles inventando um apelido! Afinal Aparecida vira Cida, José vira Zé, Perivaldo poderia ser Peri ou Valdo, mas mudar de nome? Ai o Bruno, quero dizer, o Guilherme que na verdade se chama Perivaldo, me disse que se casou com uma americana, conseguiu o green card e ela está grávida. Ele será papai. Esqueci de perguntar pra ele que nome ele vai dar ao filho!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Camille Claudel




Eu ouço a música. Só eu. Eu só.
Esculturas de mármore branco, polidas por mãos hábeis.
Esculpidas por uma mulher louca. Louca de amor.
Amor desmedido, não correspondido.
Ela pergunta: Por quoi? Ninguém responde?
O espaço cresceu entre os dois,
Bateaux que saíram do mesmo cais
Levados pela correnteza seguiram direções opostas
Buraco no peito. Dor eterna. Ferida que queima sem cura
A fonte de lágrimas não seca
A fome não vem. A sede é de vinho e morfina.
As pernas não se abrem, mesmo quando o sexo pede e o desejo grita
Prazer não vivido.
O amor não se consuma a criança não é gerada
É tempo perdido. Juventude se esvai rindo.
É o beijo que não sai.
Afago no rosto, toque no corpo. A mão que cai.
Rodin!
Amor impossível? Ele não pode! Ele não quer.
São regras escritas. Convenções sociais.
O filho longe. A fama de gênio. A mulher que não ama mais.
Ele não pode mas ela quer.
Por quoi?
Volta a chorar sem saber o porquê. Fazer o que?
Frente a frente. Hora do adeus:
Allez! Ne retourne pas - diz sua boca entreaberta
Restez! M’embrace – pede seu coração partido
Que em silêncio dispara ao vê-lo partir
É tarde demais! Não há volta para o que se disse
Nem para o que se deixou de dizer
Ele se foi. Olhos tristes. Desejo da morte
Restaram as esculturas frias
Testemunhas da dor que ficou, da insanidade, deste amor impossível
Testemunhas vivas, mesmo após sua morte
Pobre Camille. Pobre Claudel
(Para a Mel, Aline)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Prisões


Eu estava preso em uma sala de exames, não como aluno, mas como professor. Era um exame de inglês da universidade de Cambridge. Rigidez e regras inglesas. Cinco minutos após entregar os papeis (é assim que se diz em inglês) e os alunos começarem, acabou a energia elétrica e o gerador do prédio não funcionou. O supervisor avisou que deveríamos recolher os exames, e como os alunos já haviam visto o conteúdo, não poderiam deixar a sala e nem comunicar-se entre eles. Estávamos presos ali. Meia hora depois a luz voltou. Começam o exame novamente. Silencio total. Ouvi um garoto gritar lá fora, num prédio vizinho: Eu quero sair, eu quero ir pra rua. Apenas uma aluna esboçou reação. Olhou rapidamente para a janela, levantou as sobrancelhas, desceu os cantos da boca e voltou-se para o exame. Presos e concentrados ao extremo no que faziam, os outros nove ignoraram. Dei um sorriso ao lembrar-me do dia em que eu fiquei preso na sacada do meu apartamento. Havia trocado plantas de vaso e precisei lavá-la. Ao jogar água no piso da sacada, ela quase entrou na sala. Apavorado, puxei a porta de correr com força. Ouvi um clique. A porta estava trancada. Não acredito. Pensei. Esperançoso, tentei a outra porta. Trancada. Sozinho no apartamento, não tinha a quem pedir para abrir a porta pra mim. Trancado do lado de fora, no sexto andar do prédio. Houve um principio de pânico. Olhei em volta procurando algo para quebrar o vidro. Não havia nada. Respirei fundo. Calma! Calma! Deve haver outra maneira. Pensei nas possibilidades. Tentei forçar a porta. Nada aconteceu. Peguei um arco de aproximadamente um metro, feito por índios, que havia comprado em Cuiabá. Decoração pendurado na parede. Coloquei na parte de baixo da porta, fui forçando e subindo, com a esperança de que a tranca soltasse. O arco quebrou. Olhei para a rua, vi as pessoas passando, alheias a tudo e a todos. Pensei em gritar por socorro, que chamassem o porteiro. Mas o que ele iria fazer? Olhei pelo vidro da porta as chaves do apartamento pendurada na fechadura da porta da frente, do lado de dentro. Ele iria arrombar a porta? Então seria melhor eu quebrar o vidro!!! O pânico quase voltou. A sensação de estar preso é desesperadora. Tinha de haver uma saída! Lembrei-me que a porta às vezes teimava em trancar, assim, pensei em forçar novamente a fechadura. Concentrei-me, reuni todas as minhas forçar físicas e mentais e puxei a porta de correr. Outro clique. Ela abriu. Surpreso, aliviado, entrei na sala e me sentei no sofá. Fiquei ali, sozinho, sentado, recupando-me. Pensei no que faria se a porta não tivesse aberto. Chamado os bombeiros? Imaginei eu descendo por uma escada magirus, depois, indo atrás de um chaveiro pra abrir a porta, perdendo o dia de trabalho. Mas enfim tudo acabou bem. Voltei meu pensamento para a sala de aula onde eu era ‘invigilator’. Estava preso, sem poder sair mal ouvindo a respiração dos alunos. Eles também, presos naquele papel, presos a seus objetivos, presos na sala, alheios aos meus pensamentos e ao que um dia aconteceu comigo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Voar Voar


O desejo de voar é nato ao ser humano. Ícaro e as asas de cera, as pipas chinesas, os planos e desenhos feitos por Da Vinci na Renascença, as tentativas frustrantes e catastróficas ao longo da história mostra a força deste desejo. Lembrei-me de músicas falando em voar. Biafra em sonho de Ícaro: “Voar voar, subir subir, ir por onde for, descer até o céu cair ou mudar de cor. Anjos de gás, asas de ilusão e um sonho audaz feito um balão, no ar, no ar eu sou assim...” Ai veio o Santos Dumont e os irmãos Wilbur e Orville Wright, (polêmica encerrada nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França á favor dos brothers, mas ainda viva aqui no Brasil.) e surgiu o mais pesado que o ar. Aperfeiçoados chegamos ao Concorde que veio e se foi. Eu voei pela primeira vez em setembro de 1987 (21 anos atrás) de São Paulo para Assunción Del Paraguay, pela LAP, Líneas Aéreas Paraguayas. Ao meu lado Sônia, uma amiga de trabalho, me faz passar a maior vergonha, em vez de pegar a mão do marido que estava ao seu lado esquerdo, pega a minha e a segura forte enquanto o avião decola. Surge a voz de Belchior cantando: “Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez a tua mão, agora ficou fácil todo mundo compreende, aquele toque Beatle I wanna hold your hand” O pamonha do marido, nem ligou. Muitas viagens depois ainda me lembro da imagem vista pela janela do avião, num voo entre Paris e Nova York, o solo branco de gelo da Islandia. Mas o domingo, 8 de dezembro de 2008, será um outro dia importante na minha biografia de homem voador. Voei de balão. Ao lado de cinco amigos divertidíssimos, inteligentes e descolados, subi trezentos metros do chão. O dia estava perfeito. Ao chegarmos no campo o sol surgiu atrás do balão semi inflado. Logo entramos no cesto, 16 pessoas ao todo, e o balão foi subindo. A media que deixamos o chão, veio o medo, aquele medinho, medo do desconhecido. O que é que eu estou fazendo aqui? Ouvi dizer que os balões sobem entre 500 e 1000 metros. Quase paniquei, mas segurei a onda. O balão subia e afastava-se levado pela corrente de ar, uma brisa leve e fria. O chão se afastava e a vista vai ficando impressionante. O sol subindo e refletindo nas águas do rio Piracicaba. Embaixo os tetos das casas, me lembro da canção do Roxette: “I wish I could fly, out of the blue, over this town, following you, I’d fly over the rooftops, the great boulevards, to try to find out who you really are....” A diferença é que eu estava fazendo isso, sem seguir alguém, mas com esse alguém. Alguém chama minha atenção: Você está ouvindo os cães latindo? Sim, eram muitos cães. Como o som é claro lá encima, até a voz humana!. Talvez daí a crença de que Deus ouça orações!!!! A medida que o piloto mostra sua habilidade e controle, o medo se dissipa totalmente e curto a viagem, leve, tranquilo. O balão vai numa única direção, mas o piloto o faz girar, subir e descer, quebrando qualquer monotonia. A geografia muda. Kaco lembra de um quadro de Van Gogh. Eu de Di Cavalcanti. São prédios, casas, plantações, arvores, lagos, o rio fazendo curvas, a sombra do balão no chão. Uma mesma câmera fotográfica passa por mãos diferentes, captando olhares e víeis diferentes. O balão desce, com precisão cirúrgica, o piloto toca as águas do rio e sobe novamente, a 300 metros de altura. Uma hora e 15 minutos depois estávamos descendo. O balão tocou o chão, 30 quilometro do local de partida em um pasto gramado com casas de cupim. Sobe rapidamente e desce encima de um reboque preso a uma caminhonete. Terminamos com um “breakfast” trazido pela equipe do balão e com um brinde de champagne. Voltamos para a cidade na van, olhando as mais de 500 fotos tiradas. Extasiados, felizes, sem palavras. Falávamos de planos ambiciosos, pular de para-quedas, voar de asa delta ou paraglide (paragliding). Mais tarde ouvimos Elton John “Turn me loose from your hands, Let me fly to distant lands, Over green fields, trees and mountains, Flowers and forest fountains (…), For just a Skyline Pigeon, Dreaming of the open, Waiting for the day, He can spread his wings, And fly away again, Fly away skyline pigeon fly, Towards the dreams, You've left so very far behind, Fly away skyline pigeon fly, Towards the dreams, You've left so very far behind …” Voltei com a certeza de que o homem não tem asas como os pássaros, mas além de dar asas a sua imaginação, ele foi feito pra voar, sim.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Como fazer amigos?


Por volta de 1990 tinha um amigo, em Tatuí, SP, Sérgio Góes. Ele me deu, escrito na máquina de escrever, uma nota que deixei em meu painel por um bom tempo. Dizia o seguinte:
"Como fazer amigos?
A pergunta traz-me à lembrança uma passagem de um livro de Montherlant. Admirado que uma menina não tenha dado um nome ao seu gato, alguém pergunta: 'Mas como é que você o chama?' E a menina responde: 'Não o chamo. Ele vem quando quer.' Assim, também os amigos vêm muitas vezes até nós segundo a mais improvavel das hipóteses."
(Foto by Luiz Sarti)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Auto entrevista


Qual é o seu maior medo?
Ficar sem amigos. Ficar só na velhice.
Qual a pessoa que você mais admira?
Admiro pessoas diferentes por motivos diferentes. Não há uma pessoa somente que mereça toda minha admiração. Seria muita pretensão.
Qual a figura histórica com que mais se identifica?
Se alguém entrou para a história e é ainda lembrado é porque fez algo grandioso. Mas não há uma figura única com quem eu me identifico mais. Talvez Ghandi, que não buscou a fama e a glória mas ficou conhecido por fazer algo pelos outros. Sou muito low profile.
Características que odeia nos outros.
Mentira, preguiça, pouco caso, egoísmo, narcisismo, inveja, falta de consideração pelos outros.
E em você?
Perfeccionismo, não existe perfeição.
Seu maior arrependimento.
Daquilo que não disse ou fiz por medo ou insegurança.
Seu maior sonho.
Acharem a cura para doenças como AIDS, câncer, alzheimer, etc. Fora acidentes, todos deveriam morrer somente depois de passarem por todas fazes da vida.
Uma recordação de infância.
Ver crianças nadando na piscina do clube Lauro Gomes em São Caetano e não poder entrar. Correr em um pasto gramado de bois, enorme, aos seis anos. Sensação de liberdade.
Um lugar na Terra.
Lar doce lar. Ir mas ter para onde voltar.
Quem é seu pior inimigo?
Eu mesmo. Não tenho inimigos externos.
Religião.
Nenhuma. Religião é um dom. Não tenho este dom.
Um presente.
Um abraço gostoso e sincero.
Remédio de cabeceira.
Escrever o que penso, descarregar idéias, organizar pensamentos.
Um livro.
Leio muito mas ainda estou procurando um.
Sua idéia de felicidade perfeita.
Cliché: Não existe felicidade, apenas momentos felizes. Felicidade é aceitar o que já tenho.
Qual foi a maior mentira que contou?
Não posso falar.
Que talento você mais gostaria de ter?
Poder tocar um instrumento musical.
Que profissão você gostaria de ter tido?
Médico pediatra, talvez.
Que profissão jamais seguiria?
Político, lixeiro, advogado.
Qual é seu lema?
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
O que o acende emocionalmente?
Contato com a pessoa amada.
O que faz você desanimar?
Frustração, esperar demais de alguém e de mim mesmo.
O que você escreveria em sua lápide?
Je ne regrette rien (Não me arrependo de nada)
Se o Céu existe, o que você gostaria de ouvir Deus dizer quando chegasse lá?
Você não foi perfeito, mas fez o melhor que pode.

(Baseado Revista Época 19/06/2006 p. 122)

domingo, 30 de novembro de 2008

O Tempo


Meu amigo Itamar costumava dizer: O tempo é uma máquina de fazer monstros. Eu tenho a minha sentença: O tempo destroi e constroi coisas belas.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sexo sujo

Frase do meu amigo Gla: Sexo só é sujo se você nao tomar banho depois.
(Fotoc: harquinho.weblog.com.pt/arquivo/sexo%20ah%20...)

O melhor presente


Final de ano chegando, milhares de aniversários e a velha pergunta: que presente dar? Adoro dar presentes. Detesto ter que dar presente. Presente por obrigação, tipo, aniversário, inauguração de casa, despedida, casamento, lembrancinha de viagem, natal, etc. O pior é quando se está com a conta devedora, dívida até o pescoço e tem aqueles amigos que até pedem presentes: O que você vai me dar? E quando passam lista de presentes? “Fulana vai se casar, festa lá na puta que pariu, domingo às oito horas da manhã, que é pra ninguém ir mesmo, a gente ta passando uma lista para todos os funcionários colaborarem. Valor 20,00 por pessoa.” Péra ai. Valor estipulado? Democracia fica onde? E se eu quiser dar mais? E se não puder dar os 20, vão falar de mim pelas costas? Há também aquelas ligações da família te comunicando: Olha Lu, compramos o presente do aniversário de casamento da mãe. É um relógio lindo, cravejados de diamantes, que ela nunca vai usar porque pode ser assaltada, e a sua parte é só $ 900000000000. Mas vocês não me comunicaram! Falamos sim, naquele dia lá lembra? Não. Falamos sim e você concordou. De qualquer maneira, é a sua mãe! Ainda tem as wish lists nos Orkut da vida. Pessoas fúteis pedindo I-phone, óculos de sol da Dior, Bolsa Louis Vuitton. Bem, eu não tenho essas coisas pra mim, como vou dar isso de presente? Mas há os presentes que te dão por obrigação também. Porta retrato de plástico, livro de auto-ajuda que você não precisa, camiseta com numeração maior ou menor, cor que não combina com nada, ai você vai na loja trocar, ou paga a diferença ou então tentam de empurrar algo que você não precisa. Urso de pelúcia, que dá alergia, toma espaço e não serve pra nada. Coração gigante, vermelho escrito eu te amo. Enfim, eu sou muito estranho, chato mesmo. Gosto de comprar presente assim. Estou passeando, ai eu vejo um pote de doce de abóboras e lembro que minha mãe adora doce de abóbora, ai eu compro. Não é aniversário dela, nem uma data especial, apenas me lembrei dela e de que aquele doce será especial pra ela. Não me considero mão de vaca, se a pessoal for especial e a vontade de dar o presente for espontânea, eu posso e quero pagar, compro, dou pelo prazer de dar sem esperar nada em troca. Áleas, isto é outro problema, pessoas que dão presentes esperando receber algo em troca. Sem comentários!!! Presentes que eu adorei receber, sem esperar, sem datas especiais, foram um tapete feito a mão pela minha mãe, um cartão calendário, baratinho, que uma colega de classe trouxe de Londres, pendurei na geladeira e vai ficar lá o ano todo me fazendo lembrar dela. Uma ligação de uma pessoa querida dizendo que tava vindo me ver e que trazia um brownie. Por que eu sei que você adora!!!! Um cartão, um poema, uma lembrancinha daquelas que querem dizer algo, tipo uma mug com um desenho que é a sua cara, de alguém que me conhece bem. Presentes não precisam ser materiais. Convite pra andar de balão. Um dia inteiro da pessoa mais querida ao meu lado, seria um dos presentes mais caros, pois eu sei o quanto as pessoas andam ocupadas. Bem, é final de ano, e agora o negócio é parar por aqui e fazer a minha lista. Tem o porteiro do prédio, a faxineira, meu chefe, meu cunhado, .... que é que eu vou dar mesmo????????

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tortillas, Jalapeño e o rolo do Jesse




Hoje a tarde, baixou um espírito em mim. Era o da Cida. Um nome imaginário de uma faxineira. Comecei uma limpeza nos armários da cozinha. Foi então que encontrei o rolo do Jesse. Incrível, mas viajei no tempo. Primeiro deixe explicar o que é o rolo do Jesse. Trata-se de um rolo feito de madeira, de uns 15 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro, tipo pau de macarrão, mas foi feito para abrir tortillas mexicanas. Agora, por trás do rolo, há uma história, ou um rolo. Jesse (leia-se Jéssi, como na musica da Carly Simon), é americano, 1,90 de altura, branquíssimo, e não fala português. Conheci ele em Tatuí, no início de 1993. Ele veio de Brooklyin, NY, instalar um equipamento telefônico no local onde eu trabalhava. Fiz amizade, e nos três meses em que ele ficou aqui no Brasil, a amizade cresceu. Meu inglês melhorava a cada dia. Levei ele pra conhecer o Rio de Janeiro, minha família, comer pastel na feira, fomos no topo do edifício Itália. Um dia, convidei alguns amigos para um jantar mexicano em meu apê, Jesse seria o cozinheiro. Antes ele havia perguntado se eu tinha um rolo para abrir a massa de tortillas, resposta negativa, ele foi até a marcenaria da fábrica e pediu que fizessem um. Ele trouxe o rolo, fizemos tortillas, guacamole, nachos, ele conseguiu uns jalapeños, não sei onde, e passamos uma noitinha muito agradável com nossos amigos. Nas muitas conversas que tivemos, eu falei pra ele sobre uma garota argentina lindíssima que eu conhecia. Tinha conhecido ela aqui no Brasil, e fiquei deslumbrado no primeiro dia em que a vi. Seu nome era Marcela. Pedi para um colega de trabalho, amigo dela, me apresentar. Passamos a nos corresponder. Entre 1990 e 1993 os irmanos argentinos vinham muito para o Brasil, principalmente para o sul passar férias, eles estavam numa boa e nossa economia una mierda. Ela voltou várias vezes e nos vimos sempre. Eu era apaixonado, não sei se por ela, ou pela beleza dela. Um dia uma amiga dela me disse que ela gostava de mim. Achei impossível, mas me animei e fui para a Argentina visitá-la. Lá fiquei sabendo que ela tinha um novio. Banho de água fria. Também, que ela era muito apegada a mãe e quem pedisse a mão, levava a mãe. Conheci o tal novio. Cara foi super legal. Me cumprimentou com um beijo. Estranhei, mas descobri que é comum por lá. Depois a mãe dela me disse que ela queria terminar com ele, mas estava esperando o momento certo. Enfim, achei o cara muito amigo e seria sacanagem dizer pra ela porque eu tinha ido até lá. Voltei pro Brasil sem dizer nada. Pouco depois que falei dela pro Jesse ele foi para a Argentina instalar um equipamento telefônico na nossa filial de lá. Coincidência ou não, ele conheceu o novio da Marcela que a apresentou a ele. Depois que o Jesse voltou para os EUA, me mandou um CD do Duran Duran de presente. O tempo passou, e meu contato com o Jesse foi ficando cada vez menor. Cinco anos depois, em dezembro de 1998, passei por Nova York e resolvi visitá-lo. Ele foi maravilhoso comigo. Me levou em um pub irlandês no Brooklyn, jantamos em Manhatan, bebemos no Garage Jazz Bar, reviramos a cidade no pouco tempo que ele teve pra ficar comigo. No final da visita ele disse que tinha algo para me dizer. Vou me casar. Que bom! Parabéns! Ai eu olhei pra ele, ele olhou pra mim e não precisava dizer mais nada. Eu já sabia. É com a Marcela não é? Ele confirmou. Em 98 com o Real forte o Brasil estava bem, a Argentina una mierda, Marcela mudou-se para Nova York com a mãe, se reencontraram e começaram a namorar. Me senti um pouco traído, senti um pouco de ciúmes mas logo passou. Não tinha feito muito esforço por ela. Eu estava à caminho de Londres onde iria estudar por um ano e minha cabeça estava em outro lugar. Bem, desejei felicidades, segui meu caminho e nunca mais ouvi falar, nem do Jesse, nem da Marcela. Depois daquele jantar preparado por ele, ele me deu o rolo de presente. Passei a apreciar comida mexicana. Adoro jalapeño. Nunca mais fiz tortilla, muito trabalhoso, mas ainda tenho o rolo do Jesse. Nove anos depois eu me deparo com o rolo que ele deixou comigo, na minha cozinha. Fico imaginando o que aconteceu depois. Será que se casaram mesmo? Será que ela continua deslumbrante? Em que rolo ele deve ter se metido casando com a Marcela e levando a mãe dela a tiracolo! Eu ainda tenho o rolo dele aqui, mas ele deve estar num rolo bem maior por lá.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cépticismo


Céptico
Sei não. Acredito em mais nada. Já tinha perdido a fé na política, todos uns falsos interesseiros. Ai perdi a fé na religião. (Fé, leia-se crer sem evidência, sem provas). Controladora, conveniente. O Comércio? Cada dia mais ganancioso, te fazendo comprar o que não precisa. E eu sou um deles, quando vejo já é tarde demais. Ai, perdi a confiança na mídia. Deturpadora, fazendo noticia pra vender, nos fazendo acreditar que alguém que cai da janela de um prédio é noticia de interesse nacional. Ainda sobrara o amor, o romance. Agora já não sei se dá pra acreditar nisso também. Século XXI, valores mudados. Ou deturpados? Sem lugar para emoção, so a razão e a tecnologia. Ninguém é de ninguém. Horror a compromissos. Liberdade total. Conseqüência, as pessoas procurando por algo que não sabem bem o que. Como as mercadorias do shopping Center, quando pensam que acharam algo, já não querem mais. Enfado, tédio. Comparação. Descartados. Como políticos, promessas ocas. Como a religião, falta de fé nas pessoas e no que dizem. Tentativa de controle, meu, teu, nosso. Como a mídia, deturpação. Ninguém se entende. Falta de dialogo. Medo de perguntar e responder. Mal entendidos. Promessas vazias, ou promessa alguma. Pra escapar disso tudo, nada de compromisso, nada de se entregar. Mas ai fica o vazio. Buracos que crescem e nunca são tapados. Sem fé, sem sonhos, sem objetivos, sem a sensação de pertencer a algo ou alguém a vida fica estranha, sem graça!!!!.... Queria voltar a ser inocente, naive, ingênuo e acreditar em alguma coisa. Talvez a vida ficasse mais interessante!!!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Romance de Guel Arraes - Brasil 2008


Acabei de voltar do cinema. Paguei R$ 2,00 para assistir ao filme Romance. Este mês filme nacional (leia-se brasileiro) é quatro real (sic), preço popular. Direção de Guel Arraes. Sinopse: Ana (Letícia Sabatella) e Afonso (Wagner Moura) são dois atores que se apaixonam durante a montagem teatral de Tristão e Isolda. Recriam a história deste casal mítico na vida real, afinal, como diz Afonso no filme “Shakespeare sugou de Tristão e Isolda pra escrever Romeu e Julieta.” Por que Arraes não faria o mesmo? Estão no elenco Andréia Beltrão, José Wilker, Wladimir Brichta e Marco Nanini. Pedro e Ana, ele, diretor de teatro, ela, sua atriz, mulher e musa. Ambos criam um espetáculo baseado em Tristão e Isolda, que estoura. Ana é cooptada pela TV, vira estrela de novela. A relação termina, mas, depois, ela própria toma a iniciativa de usar seu prestígio na TV para chamar Pedro para a direção de um especial, uma adaptação de Tristão e Isolda no Nordeste. Entra em cena Orlando (Brichta) um ator que finge e representa quando não é pra fingir nem representar. Apaixona-se por quem é conveniente, puro jogo de interesses. Representa 24 horas por dia. Se passa por José para conseguir o papel no especial para a TV. Ana se apaixona por José, ou seria por Orlando, ou ainda por Afonso que escreveu as falas de José? Aqui Afonso e Ana não são mais Tristão e Isolda mas sim Cirano de Bergerac e Roxane. Confusão. Ana diz: “não consegui separar as coisas!”
Arraes propõe uma discussão apaixonada sobre o amor. Trata da questão amorosa contemporânea. É possível viver e trabalhar juntos? E quando a mulher faz sucesso e o homem não? Ainda há lugar para ciúmes nas relações? Há frases interessantes no texto: “A paixão dura três anos. Ai começa o amor”. Mais à frente: “Faz 3 anos. A paixão só dura três anos, lembra?” A idéia da possessão: “Minha Ana” “Meu Afonso” “Amor é uma coisa, casamento é outra. As pessoas acabam brigando por causa de uma infiltração na cozinha” Afonso, inseguro: “Sem sofrimento não há romance. ... Eu ficava aqui sozinho. Eu fiquei com ciúmes, fiquei com medo de ouvir você dizer que dava pra ficar com os dois, medo de você não gostar mais de mim, tanto que eu quis deixar de gostar de você.” Ela: “Tive que aprender a gostar de outras pessoas.” Ele: “Senti saudade de ver você dormindo!” “Eu coloquei na boca dele (José) tudo o que eu quero lhe dizer.” Afonso: “Tristão e Isolda não se amam, eles amam o amor e morrem de uma overdose dele.” Confusa ela diz: “Eu não sei se eu quero gostar de uma pessoa pra sempre” Ele: “Sem obstáculo o amor acaba” ela retruca: “Não se deve desistir de procurar uma saída”. Parecem se contradizer, estão confusos, mas as falas, entretanto, são melhores que a história.
Há boas coisas no filme. Cenas cômicas com Brichina e Andréia Beltrão. Wagner Moura tirou sorrisos, Letícia lágrimas. Andréia Beltrão mostra um corpinho invejável. Letícia também e surpreende com sua nudez. Ambas estão maduras e lindas! O som é bom e a música sob direção de Caetano Veloso. Canta uma nova versão de “Nosso Estranho Amor”, linda! Marco Nanini me tirou do sério, literalmente, quando tem um surto por causa de uma roupa de tecido sintético, ri muito. Mas nem tudo são flores. Arraes recebeu críticas que o acusam de fazer um híbrido de cinema e TV, ou de impor ao cinema brasileiro sua estética televisiva. O texto é bom, mas faltou um toque, um não sei o que de cinema. Parece filme feito pra Brasileiro ver, não um público internacional, o que é uma pena. O diretor usa menos cortes e investe mais no plano-seqüência, mas há problemas de corte e edição. No filme, o produtor vivido por José Wilker diz que quer um final brilhante para o especial de TV, porque o público quer um final brilhante. “Não existe final mais óbvio do que a morte. Todos morrem no final.” Arraes consegue um final bom para o seriado de TV mas ficou devendo para o final do filme. Final de Cinderela? Final para público de novela?

Socorro Assalto




Dizem que não devemos reagir a assaltos. Sempre assim? Ao checar meu extrato bancário, vi um débito de 13 reais, (porque eu tico o extrato e aqueles comprovantes azuis entregues quando pago com cartão de débito e crédito) o primeiro de dois outros (1/3) referente a débito de atualização cadastral. Depois, alguns amigos disseram que haviam recebido uma carta do banco avisando. Trata-se de atualização de endereço, cadastro do Cerasa, SPC, etc. Primeiro, eu não recebi nada. Fui lá na agência e com muita classe e calma pedi explicação. A gerente começou a falar assim, com toda intimidade: “Sabe Lu, isso é uma norma do Banco central, todos os bancos estão cobrando e será descontado de todos os correntistas duas vezes por ano ... bla... bla .. bla ... bla... ” Eu não ouvi mais nada. Fiz as contas. 13,00x3=39x2=78. R$ 78 reais por ano dá pra comer seis vezes num kilo, comprar três cuecas pro dia à dia, creme hidratante importado, etc..... Ela, bem treinada que é, continuou: “Então Lu... bla.. bla.. bla... bla. A única maneira de conseguir isenção é ter pelo menos R$ 16.000.00 em aplicações conosco.” Espera um pouco, se eu tivesse este dinheiro eu não iria aplicar, quitaria meu apê, compraria um carro, e o retorno é muito pouco pra deixar este dinheiro parado lá. Ai eu disse: É o seguinte. Eu já tenho conta em outro banco e lá eu sou Premier, não pego fila nem pago taxas. Se eu tiver que pagar esta “taxinha”, nos dois bancos (o que daria pra compras 6 cuecas) eu vou ter que fechar a conta em um dos banco. E não vai ser lá. “Ah Lu, vamos ver o que a gente pode fazer... vou entrar em contato com não sei que departamento e entro em contato contigo em três dias”. Disseram-me que foi uma maneira do Banco Central arrecadar dinheiro, já que perderam com a CPMF. Se for verdade, então que volte a maldita CPMF. Gente, pela primeira vez entendi que nem sempre devemos ficar passivos diante de um assalto. REAJAM POR FAVOR

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Sarti - Mais que um nome


































O que o nome Sarti tem a ver com Brigite Bardot, President Kennedy, Papa Pio X, Musica, Inventores, Mundo fashion e Grécia? Nem eu sabia até começar a fussar a internete.
O nome Sarti tem origem em Riese, provincia de Treviso, na Itália, vem da palavra Sarto que quer dizer alfaiate. Sarti é o plural de Sarto. Giacomo and Caddeo Sarti faziam parte do governo como anciãos em Bologna em 1594, segundo o Dizionario Storico Blasonico. Um Cadeo foi bispo de Nepi e Sutri. Em Riezi a familia só recebeu selo de nobreza em 1746.
O mais famoso membro da família foi Giuseppe Sarto, bispo de Mantua e cardeal patriarca de Venezza que em 1903 foi eleito papa (Pio X). Mas há outras curiosidades:
1. Sarti é uma pequena vila na península Sithonia em Chalkidiki, Grécia.
2. Giuseppe Sarti (segurando notas de música) naceu em Faenza, Itália cerca de 1729 quando foi batizado. Era músico e organista na catedral de Faenza antes dos 19 anos de idade. Devotou-se ao estudo de música dramática tornando-se diretor do teatro Faenza em 1752. Escreveu várias óperas. Conheceu Mozart e A opera Fra i due litiganti Il terzo gode, de sua autoria, foi imortalizada por Mozart em uma cena de Don Giovanni. Agora eu sei de onde veio o veio artístico da família. Há vários tocadores de violão e cantores de música sertaneja, principalmente lá em Barretos.
3. Lucien Sarti (foto preto em branco de gravata), nascido por volta de 1931 na Córseca, era uma traficante de drogas e matador de aluguel envolvido na Conecção França, um esquema de contrabando de heroína da Turquia para a França e depois para os Estados Unidos. Em um episódio de série para a televisão ‘The men who killed Kennedy” que passou em 2003, o prisioneiro francês Christian David disse ao repórter Anthony Summers que Lucien Sarti era um dos três criminosos contratados para matar Kennedy no dia 22 de novembro de 1963. O caso ainda é investigado. Cuidado, tem bandido na família.
4. Vittorio Sarti, um sapateiro que morava em Bologna, desenhou um aéreo veliero (veleiro aéreo) em 1828, algo inacreditável para a época. A aeronave possuía dois rotores co-axial contra-rotativos, formados por três velas. A rotação era provocada por jatos de vapor que saiam de vários bicos que saíam do mastro. Criatividade e invenções! Meu pai é um deles, o rei das gambiarras.
5. Renaud Sarti - Personagem de Robert Hossein no filme O Repouso do Guerreiro (Le Repôs Du Guerrier) de 1962. Sobre o filme: Genevieève Lê Theil (Brigitte Bardot, ou simplesmente BB), resgata um homem que tenta o suicido, Renaud Sarti (Rober Hossein). Mesmo assim, ele se transforma em um sociopata, decidido a infernizar a vida da moça, a usando dela tanto verbalmente quanto emocionalmente. Mesmo assim ela não consegue ficar longe dele. Diretor: Roger Vadim. Então marido de BB, buscou recriar uma atmosfera tipicamente francesa, marcada pelo ritmo do jazz/beat. Script de Roger Vadim, baseado na novela de Christiane Rochefort com o mesmo nome. Filme em francês, filmado na França. Na família não há atores, mas tem alguns sociopatas.
6. Há dois anos, em São Paulo, as irmãs Renata e Lilly Sarti decidiram investir em uma etiqueta de moda a fim de suprirem seus desejos e necessidade por roupas que não encontravam no mercado. Seus produtos foram logo abraçados tanto pelas garotas de sua geração quanto por outras mulheres que se identificaram com a proposta e o conceito da grife. O primeiro aval veio da boutique Daslu. Em seguida vieram outros endereços multimarcas que hoje totalizam cerca de 60 pontos de vendas em várias partes do Brasil. Lilly Sarti também faz parte da Abest (Associação Brasileira de Estilistas), mostrando seus modelos para a imprensa e compradores internacionais em show-rooms no circuito das capitais da moda. Para Renata e Lilly Sarti, o êxito da marca vêm de seu “caráter cosmopolita e de um apelo por algo único que é privilégio de poucos”. Bem, minhas irmãs adoram moda e estão sempre bem vestidas! É de família.
Bem tirando essa nobreza toda, há vários pé rapados também. Mas acho que a lista iria ser muito grande, então vamos parar por aqui!!!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Luiz ou Luís, Queiroz ou Queirós?







Sábado de novembro de 2008, quatro amigos conversando. Um deles pergunta: “Seu nome é Luis com ésse ou zê?” “Com zê”. Responde o que se chama Luiz: “Sabia que é possível saber a idade da pessoa pelo nome. Se for com Z ele tem mais de 34 anos.” “Como assim?” Pergunta um terceiro. “Porque houve uma mudança na ortografia da língua portuguesa em 1974 e quem nasceu antes dela chama-se Luiz, e quem nasceu depois chama-se Luís, com ‘s’ e acento no í.” Ai o Luiz interveio, sem dizer a idade claro, que conhece um garoto de 14 anos que se chama Luiz, com z e sem acento no í. Outro retruca: “Hoje em dia pode-se escrever o nome do jeito que se quer, eu já conheci um maiquel, uma daiana, um uélinton. Sem falar nas grafias mais esdrúxulas tipo welintu, wéllintou, wélitu, e por ai vai.” Então eu me lembrei de ter visto na Avenida Consolação, no cruzamento da rua Dona Antonia de Queirós, ou seria Queiroz, duas placas, cada uma com uma grafia diferente. Tirei fotos e aí estão. No ano que vem entrará em vigor mais uma mudança na ortografia portuguesa, mas vê-se que ainda há confusão gerada pela mudança feita 35 anos atrás. Se bobear, ao andarmos com olhos bem atentos ainda seremos capazes de ver placas escritas: pharmácia, photo e mictório por aí.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

My Cousin Rachel by Daphne du Maurier


Terminei na segunda-feira, à 1h30 da manhã, a leitura deste livro fantástico. Morto de sono, não conseguia parar. Se você leu Rebecca, da mesma autora, sabe do que estou dizendo. Daphne Du Maurier não está sentada no panteão de autores da literatura inglesa ou Britânica, pois foi e é considerada, ou diria rotulada, como uma escritora romântica popular. Mas quem é que está preocupado com isso quando pega um livro e, desde o início, se prende as personagens e ao ‘plot’. No final de cada capítulo fica uma pergunta no ar para ser respondida. Você é apresentado à prima Raquel (Cousin Rachel) através das cartas enviada a Philip pelo primo e protetor Ambrósio. Junto com Philip você cria uma imagem dela, sem ter certeza de quem ela é realmente. Ai, você viaja com o Philip para Florença e junto com ele sente o calor e o cheiro de um país distante preso a uma descrição minuciosa, mas não cansativa, do lugar e das pessoas. Volta para Cornwall, Inglaterra e finalmente conhece a prima. Aos poucos vai sendo conquistado por ela, assim como Philip. Depois, lentamente, vai criando dúvidas sobre o caráter da prima, como o narrador da história à medida que ele recebe cartas póstumas de Ambrósio. Não se trata de Machado de Assis, mas sim, me lembrei do Bentinho e Capitu em Dom Casmurro. Não creio, entretanto que ela tenha lido Machado antes de escrever este livro. Voltando a Du Maurier, Philip está cego de amor. Todos, em sua volta, percebem menos ele. Prima Raquel é hora uma santa, hora uma vaca oportunista. Você vai e vem e não sabe para onde está indo. Não consegue parar de ler. Ele pergunta e ela diz sim. No capítulo seguinte ela diz não. Ou melhor, ela não havia dito sim. Foi uma interpretação. De quem? De Philip ou nossa, como leitores? Quem está dizendo a verdade? Philip está ficando louco de ciúmes? Ela seria capaz de matar alguém? Bem, se eu falar mais vou entregar o ouro e não quero ser um spoiler. Leitura em inglês, please. Linguagem impecável. Não, não é o tipo de inglês que a gente vai sair por ai falando, tipo: ‘The mistress,’ Seecombe said, ‘had not wished Mr Ashley to know, lest it should be thought presumptuous of her.’ Mas que delícia ouvir alguém falar assim! Assim como ler um livro de Jane Austen e E. M. Forster e depois assistir a filmes como Orgulho e Preconceito e Uma Janela para o Amor, e ouvir as personagens, “snobish upper-class people” falando dessa forma e nos enganando, acreditando que toda Inglaterra fala assim, até o dia em que vamos para lá e nos decepcionamos, a principio, ouvindo a maioria, ‘the working class people’ falando um inglês indecifrável, mistura de inglês e ‘cockney English’. Mas isto é um assunto para outro dia. Fica ai uma sugestão de leitura. Eu, que não li, já estou pronto para o próximo livro dela. Agora será Rebecca, e no futuro, uma visita a Cornwall.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Just a Perfect Day


O que faz um dia ser perfeito? Não existe só uma resposta. Na música “Just a Perfect Day”, Lou Reed começa dizendo: “Just a perfect Day, drink sangria in the park, and then later when it gets dark, we go home”, na minha canção eu digo, beber qualquer coisa, no parque, em casa no bar, qualquer lugar, desde que acopanhado das pessoas certas. O Reed continua: “Just a perfect Day, feed animals in the zoo, then later a movie too and then home” . Quer coisa mais boba e banal que alimentar animais fedidos no zoológico? Mas coisas banais podem fazer um dia perfeito, sim! Ir ao cinema ou ver um DVD em casa pode ser algo banal. Ou não. Mas depois ele explica porque o dia é perfeito: “Oh, it’s such a perfect Day, I’m glad I spent it with you. Oh, such a perfect day, you just keep me hanging on.” Ai eu concordo com ele. Fazer coisas ordinárias e simples mas com aquela pessoa especial, ou pessoas especiais, faz tudo ser especial também. São pessoas que te faz perseverar, esquecer os problemas, esquecer de si mesmo. “Just a perfect day, problems all left alone, weekenders on our own, it's such fun. Just a perfect day, you made me forget myself, I thought I was someone else, someone good. Oh, it's such a perfect day, I'm glad I spent it with you, Oh, such a perfect day! You just keep me hanging on.” Foi assim o meu ultimo domingo. Eu queria e sabia que teria um dia ótimo, e tive. Estava tranqüilo, o dia estava ensolarado. Preparei um almoço para amigos. Ao chegarem, bebemos, conversamos, ouvimos música italiana e rimos. Nos sentamos pelo chão, no sofá, na sala, na sacada. Almoçamos, conversamos, trocamos o CD, rimos. Bebemos, comemos sobremesa. Chegaram mais gente, mais amigos. Conversamos, rimos, bebemos café. Aprendemos um dos outros, sobre os outros, sobre nós mesmos. Ouvimos mais música, conversamos, rimos, nos despedimos. Uma pessoa ficou. Alguém especial. Silêncio. Descansamos, conversamos, pegamos um filme no cinema. Encontramos mais amigos, conversmaos, rimos, nos sentimos. Acabou o domingo. Era meia noite e antes que virássemos abóbora, nos despedimos. Voltei pra casa sozinho mas não solitário. Cantarolava a música do Lou Reed: “Oh, it's such a perfect day, I'm glad I spent it with you, Oh, such a perfect day, You just keep me hanging on, you just keep me hanging on. You're going to reap just what you sow …”

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona, Woody Alen, Almodovar e eu

(foto: http://vivirlatino.com/2008/04/23/penelope-bardem-and-woody-off-to-cannes.php)
Por acaso passei em frente ao cinema, domingo, 21h30 e soube que ia passar o novo filme do Woody Allen. Que boa maneira de terminar um dos melhores domingos que tivera este ano. Bem acompanhado, entrei no cinema. O filme começou com a voz de um narrador (Christopher Evan Welch) apresentando as protagonistas Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlet Johansson) e o motivo da visita delas a Barcelona. Vicky, noiva de Doug (Chris Messina) é prática e tradicional, Cristina, emocional, espontânea, não sabe o que quer da vida. Logo ambas conhecem um artista plástico (Javier Bardem) que havia tido um relacionamento tempestuoso com Maria Elena (Penélope Cruz). Personagens passam por momentos únicos, experiências antes nunca vividas. Florescem sentimentos de culpa, dúvidas, medo e ciúmes. A estória se desenrola e de repente pensei estar assistindo a um filme do Almodóvar. Woody Allen mudou, mas continua ótimo, talvez melhor. Como Picasso, que teve suas fases, Woody Alen esta numa nova fase. Scarlet Johansson enche a tela com sua beleza e lábios carnudos. Ela nem precisaria saber atuar, mas sabe. Quando Penélope Cruz aparece no filme, como Maria Helena, louca varrida, ótima, deliciosa em todos os sentidos, o filme fica ainda mais Almodóvariano. Que seres humanos, anglo-saxônicos ou não, resistem ao charme latino, ao clima e vibração de uma cidade “caliente” com pessoas “calientes”, vinho, cheiros e sabores diferentes. Ninguém fica imune a tudo que apela aos sentidos, nem as personagens, nem nós, audiência no cinema. Surpreendi-me, tiradas que vinham, como tiros, de todos os lados, e há tiros no filme (não é um spoiler), também me assustei e reagi de várias maneiras, a maior parte do tempo rindo. Senti certa crítica do diretor ao povo americano, tão sério, tão prático, tão puritano e uma exaltação à maneira solta, leve, inconseqüente e emotiva dos euro-latinos. Woody Allen, que agora tem apenas filmado na Europa, me fez lembrar da geração perdida, autores americanos que após a Primeira Guerra, nos felizes anos vinte, representou uma rebelião ante-puritanista, entre eles Sherwood Anderson, F. Scott Fitzgerald, Sinclair Lewis e Hemingway. No filme, as personagens são artistas, vivem e fazem loucuras mas são perdoados. Afinal é o que se espera dos verdadeiros artistas. O filme terminou e eu fiquei com uma sensação de que deveria ter continuado um pouco mais. Mas, de repente, se tivesse um minuto ou dois a mais, eu nem estaria escrevendo sobre este filme agora. No final o narrador diz que Cristina ainda não sabia o que queria, mas sabia o que ela não queria. O filme termina onde começou. Mas eu não. Me vi um pouco na Cristina, um pouco na Vicky. Experimento sentimentos parecidos. Sou um pouco a Vicky, sou prático, planejo tudo o que quero e até consigo realizar meus sonhos. Mas também, sinto um prazer enorme de viver o inesperado, de abrir os poros e os sentidos, de estar ao lado de pessoas que tem a habilidade de viver a vida bem vivida, com inteligência e alegria, boas maneiras e elegância (savoir-vivre). Adorei sentir a mão que me tocou durante todo o filme, de ouvir a música do filme dizendo "Barcelona" com aquele esse dito com a língua presa, de ser transportado para Barcelona, mesmo sem ainda ter estado lá. Como Cristina, eu, ás vezes não sei o que quero, mas sei o que eu não quero: uma vida banal, parada no tempo e no espaço, sozinho, sem amor e amigos. Já tenho quase tudo o que eu quero, agora só falta viajar para a Espanha.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Provavel Futuro (1980)



Em 1980, eu com 18 anos de idade, plena ditadura militar (1964-1985), fim da guerra fria ainda longe (1985- 1991), esperava o Armagedom. Nenhuma perspectiva. Pra que planos? Faculdade? Casar, ter filhos? Pra que? O que segue abaixo foi escrito em 1980, da cabeça quase pirando de alguém no fim da adolescência. Escrito do ponto de vista de um sobrevivente:

Provável Futuro (Pseudônimo: Adoidado, 1980)

Quando, no dia, então decisivo, tentou acalmar um turbilhão, não imaginou futuro, salvar minha geração. Pagaram por atos injustos, causados por golpes sujos, por rodeios e impulsos subversivos, indignos, gananciosos. Eles que viviam santos, como pombos, sentindo o pulsar de cada dia, jamais imaginaram um pulsar tão forte, que se fez explosão. Contra uniforme, acabou o sussurrar, a pausa, a vida. Silêncio!!!!!

Nossos corações pulsam agora, como pulsavam os deles naqueles dias. Mas esvariu-se tudo, mais rápido que a luz. As rosas murcharam, as lágrimas secaram, e nem um segundo tiveram para contemplar a morte, digna de ser vista pelos que morrem. A morte não teve tempo para apresentar-se, chegou tardia demais para se mostrar, cedo demais para executar. Daquele solo que, hoje, nada cresce, que hoje triste padece, deixou-nos uma única herança, um mesmo patrimônio, legado em uma força maior, muita potência, pouca tolerância.

Perguntavam então: Como será a explosão que nos expulsará de nosso lar? Este lar, que mais que um simples verde-amarelo, é também azul e branco. E se o acidente for mais esperto, e fazê-lo primeiro? Que força terá o sol, o mar ou o vento nesse dia? Que beleza haverá na rosa, nos campos, nas crianças? Quem nos dará asas para voar, ou voz para cantar? Seremos carvão, negro entrevado, réptil enterrado? Será que a ingenuidade e a sinceridade serão suficientes para ajustar esse mundo de forma correta, sem permitir que as linhas se tornem curvas, interrompendo o andar de pensamentos, planos, decisões....?

Nossos braços estarão cruzados, e inesperadamente serão arrancados. A morte, não a veremos, pois mais rápida e forte que um relâmpago será e não haverá tempo para apresentar-se. Não sobrará uma rosa se quer, rosa azul, vermelha ou amarela. Nenhuma que nos lembre a rosa de Hiroshima.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Nuvem Negra - Comentário


Nuvem Negra - Comentários
(Foto: g8.no/images/20060513011158_4697_g.jpg)

Escrevi este poema sem pretensão alguma. Após um anúncio de um concurso de poesia no colégio, resolvi entrar. Não tinha nada pra fazer além de ir à escola, me achava artista, sensível, diferente. Pensava que só eu sentia aquelas coisas. Coisas que outras pessoas não sentiam. Eu era um ‘freak’. Achava que era. Murilo era um amigo, artista de verdade que pintava quadros estranhos, nada bonitinho tipo casa na colina, flores cor-de-rosa, que a maioria das mulheres desocupadas pinta em cursos em lojas tipo ‘Pinta e Borda” e depois tentam vender pras amigas. Nada contra, tudo é válido! O Murilo pintava, e também escrevia. Li um poema dele e pensei comigo: “Eu posso fazer isso!” Eu me lembro de ter escrito Nuvem Negra e alguns outros, que postarei mais tarde, e ao mostrar-lhe, ele disse que estava bom. Me ajudou a escolher um pro concurso. Não acreditei quando deram o resultado. “Segundo lugar vai para Nuvem Negra de Macunaíma!” Macunaíma era meu pseudônimo. Ai eu passei a achar que seria o próximo Fernando Pessoa, quem sabe um Carlos Drummont de Andrade. Na pior das hipóteses, um Chico Buarque. Mas aí acabei o colégio, comecei a trabalhar num banco, passava muito tempo lendo a Bíblia, indo na igreja, me afastei do Murilo. As pessoas achavam ele esquisito. Eu estava rodeado de pessoas cujo principal alvo na vida era casar, ter filhos, fazer uma casa no fundo da casa dos pais e viver felizes para sempre. Esperavam o fim do mundo e viviam para o futuro. Que conflito! Queria ser descolado mas era um deslocado. Quase enlouqueci! Talvez o poema reflita um pouco do que sentia na época. Tristeza, solidão, ingenuidade, romantismo, uma visão sombria da vida, falta de perspectiva e o medo de que passaria a vida num espaço pequeno demais para meus sonhos, desejos e anseios. Estava preso a valores que não eram meus. Mas, por fim, antes tarde do que muito tarde, criei coragem, sai pro mundo, do meu jeito, mas saí daquele mundo e fugi da sombra da nuvem negra, sempre buscando a luz. Mas foi preciso quase trinta anos para eu tirar os poemas amarelados duma caixa, voltar a lê-los e escrever novamente. As vezes acho que o que eu escrevo parece um quadro pintado por uma senhora ‘desocupada’, mas aí um amigo diz que é bom e que eu devo continuar. Me encho de coragem e vontade e escrevo, sem pretensão, apenas pelo prazer de escrever e sentir que fiz algo. Mas ao ler meus poemas antigos percebo o quanto mudei e o quanto não mudei. Este é um convite. Leiam e comparem. Tirem suas conclusões.

Nuvem Negra (escrito em 1980)


O que confunde o homem?
A guerra, a discórdia o amor ou a morte?
Se ontem eu amava, hoje eu já não amo
E ontem eu amei mais que os mortos numa guerra.
E se eu concordo com a morte hoje
Ontem eu discordava mais que o amor que sinto hoje.

Hoje, meu ego é mais claro que a neve
Como a água, sem cor
Transparente como o cristal
Sem cheiro como o amor

Gosto do que sou, mas não sou o que eu gosto
Faço o que eu quero, mas não quero o que faço

Minha ventura seria poder pegas as estrelas com as mãos
Sentir minha alma iluminada
Afogar-me nas ondas do mar, e não sentir seu gosto salubre
Sentir a morte arrebatar-me, e mostrar-me o inferno delicioso

Queria sentir o cheiro do sexo, como o perfume da rosa
E molhar minha boca com a saliva da deusa virgem

Não me importaria se o mundo fosse escuro,
E o sol a luz duma vela
Que clareia apenas o que queremos ver.

Queria sentir a força do mar abraçar-me
E nas areias molhadas, derrubar-me
E nessa tristeza que encerra esta vida, afogar-me

Queria que o único som do mundo fosse o murmurar do mar,
Que o vento cessasse, as flores desabrochassem,
O ar acabasse, e a morte plantasse vida.

Queria descobrir as raízes do mal e cortá-las
Que seus frutos caíssem no mar
Que no horizonte, durante o crepúsculo, ao dar a mão ao céu
O mar os entregasse ao sol
Ele os faria pó, pó cósmico
E brilhasse como purpurina,
Ao vê-los os homens diriam:
Hoje o bem virá jantar-nos
Macunaíma

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Insensato

Você aparece tarde e diz do nada: “Sou insensato”. Procuro no dicionário: Louco, imprudente, demente, desajuizado. Não entendi! Disse porque a palavra e sonora? Acha bonita? Sabe o que quer dizer? Meu cérebro, um oceano, uma maré mansa de perguntas vai e vem: “Disse ou fez algo e depois se arrependeu? Ofendeu alguém? Traiu?” A voz tênue de Tom Jobim surgiu cantando em minha mente letra grandiosa: “A insensatez que você fez, coração mais sem cuidado”. Perguntei: “Conhece?” Respondeu: “Não, mas enfim!” Surpreendi-me. A melodia continuou só na minha mente e cantarolei baixinho, colado em seu corpo, grudado no rosto: “Fez chorar de dor, o seu amor, um amor tão delicado. Ah, porque você foi fraco assim, assim tão desalmado. Ah, meu coração que nunca amou, não merece ser amado.” Silêncio. Por que eu não pergunto? Medo da resposta. Melhor não saber. Se está aqui agora é porque é bom. Se foi, não sei, sei que voltou. O caminho esta aberto. Sempre aberto. Se for, voltará. Você é como o gato, vem quando quer. Não adianta chamar. Vou comprar mais wiska, colocar leite morno no pires, deixar seu lugar na cama aquecido. Um pouco contigo é melhor que nada. Solidão, jamais! Mas a musica volta a tocar no silêncio: “Vai meu coração ouve a razão, usa só sinceridade. Quem semeia vento, diz a razão, colhe sempre tempestade. Vai, meu coração pede perdão, perdão apaixonado. Vai porque quem não pede perdão não é nunca perdoado.” Pedir perdão de que? Por algo feito ou que deixou de fazer? Quem é você? Caixinha de surpresas! Caixa de pandora! Dalila traidora? Só um bicho independente? Não sei. Peco também, pecado mental, nada carnal. Mas enfim! Pra que saber tanto!? Busca-se a verdade e depois não se sabe o que fazer com ela! Nada de perguntas. Se quiser diz. Quer dizer? Espera, não sei se quero ouvir. A verdade é o que eu escolho acreditar. Escolhi acreditar que você é insensato por gostar mais do que pode ou deve e eu, objeto desse gostar, esqueço o bom senso para poder amar. Você insensato? Não, insensato sou eu. Melhor ser insensato e feliz que circunspeto triste. Melhor um imprudente alegre e um louco satisfeito, que cordato e desgraçado, ajuizado e infeliz.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Meu Primeiro Amigo





(Foto by Luiz Sarti)

Os amigos são tão importantes em nossas vidas quando o ar, a água, o alimento. Depois da família, eles são para nós, animais gregários e sociais, sustentação e apoio. Será que as pessoas lembram-se quem foram seus primeiros amigos? Eu lembro. Seu nome é Gilberto. Hoje, talvez ele nem se lembre de mim. Não sei onde ele mora nem o que faz. Absolutamente nada. Eu o conheci quando tinha seis anos, e não me lembro de ninguém antes dele. Em 1968 minha família mudou-se para uma casa em Mauá, São Paulo. To falando do fim do mundo, onde o Judas perdeu as botas, pra não dizer coisa pior. Minha mãe odiou o lugar desde o primeiro dia! Ficava no final da linha de ônibus que vinha do centro. Não existia nada por lá, além de uma padaria, um açougue, um mercadinho e uma escola estadual. Era um bairro em formação, com poucas casas, uma aqui, outra ali. O terreno ficava em uma subida, rua sem asfalto, totalmente lamacenta em dias de chuva e poeirenta em dias de sol. No fim da subida, havia uma curva para a direita onde a rua era plana. Atrás das poucas casas, havia um morro íngreme, coberto de vegetação e eucaliptos muito altos. Lembro-me de lá quando sinto o cheiro de Pinho sol. Era lá que ficava a casa do Gilberto. Ele devia ser um ano mais velho. Não me lembro de sua aparência. Ele nunca disse algo marcante. Lembro-me apenas de algumas coisas que fizermos juntos. Com ele, eu e minhas irmãs, fomos conhecer uma pedreira abandonada bem mais pra cima da casa dele. Passávamos por uma rua onde não havia casas, bem no alto do morro, de onde podia se ver o bairro todo lá embaixo. Também, me lembro muito bem de um dia em que ele me chamou pra jogar futebol na rua, lá na parte onde ela era plana. Minha mãe não deu permissão, mas ele me convenceu a ir escondido. Fui, joguei só um pouco, e tenho certeza que os outros garotos só me deixarameu jogar, e no gol, porque não havia jogadores suficientes. Desastroso! Na ânsia de mostrar a eles que eu podia jogar, cai muito. Acabei voltando pra casa todo sujo de barro. Aí não teve como esconder da minha mãe. Acabei apanhando. Palmadas leves e a promessa de que iria contar para o meu pai quando ele chegasse. Devo ter levado um bom sermão dele, mas eu não culpo o meu amigo Gilberto, nunca culpei. Fora isso, não me lembro de quase nada, além de seu nome, mas tenho uma imagem simpática dele. Talvez porque nunca tivemos uma briga e, provavelmente, eu devo ter aprendido muitas coisas com ele. Tive muitos bons amigos e hoje tenho muitos outros, tão importantes pra mim, mas fica registrado aqui que o Gilberto foi o meu primeiro amigo.

Rien ne va plus


Acabei de ler o livro “Rien ne va plus” de Douglas Kennedy. A expressão é usada no jogo e quer dizer mais ou menos “Tarde demais pra apostar”. Comprei este livro, há muito tempo, na FENAC por R$ 9,90 numa liquidação de livros. Não conhecia o autor nem o livro. Estudo francês faz 235 anos e queria ler algo em francês. Havia comprado ‘Le Petit Prince’ em Paris em 1998, comecei a lê-lo várias vezes, mas nunca consigo terminar. Já tinha lido em português, foi bom na época, mas agora não desce... nem em francês. Sorry! “Rien ne va plus” ficou numa caixa com meus livros de francês um bom tempo, esperando ser lido. Comecei, parei, comecei novamente, parei de novo. Mas ai entrei numa fase de querer ler tudo de uma vez só. Entrei no curso “Book Talk” oferecido pela Cultura Inglesa. É, em inglês. Confuso? É assim, a gente lê algumas páginas, pré estabelecidas, de um livro em inglês e se reúne uma vez por semana para comentar o que leu. O problema é que não se pode ler além do que foi estabelecido, senão acaba falando mais do que deve na aula. Então achei uma solução, ler dois livros ao mesmo tempo. Assim que chego na página do livro em inglês, onde devo parar, passo para o outro livro. Resolvi adotar o “Rien ne va plus” para este propósito. Fiquei surpreso comigo mesmo, consegui entender tudo.... quase tudo! A técnica é ler sem ficar procurando palavras no dicionário e tentar entender pelo contexto. Se me perguntar do que se trata vou dizer e até dar detalhes.
David Armitage é um roteirista (scénariste) em Hollywood, megalomaníaco, e acaba sendo vítima dele mesmo! No começo ele trai a esposa e é enxotado de casa. Vai morar com a amante. Divorciado, vê a filha de vez em quando e paga pensão pra mulher e a filha. A série que ele escreve para a tevê faz sucesso e ele começa a ganhar dinheiro e prestigio. Um milionário louco chamado Phillip Fleck convida ele para ser o roteirista de um filme que ele quer produzir, convida-o para sua ilha particular no Caribe mas não aparece por lá. Durante uma semana ele desfruta de uma vida de rei, milionário. Por fim conhece a mulher de Phillip, Martha e ambos têm um lance (nada sexual). Ele fala com o Phillip quando já esta voltando para a cidade e fazem um acordo. Tudo vai bem até que um jornalista acusa David de plágio em um jornal, ai a carreira dele desce como que numa montanha russa. É a vida de Jó na Bíblia, algo faustiano. Tudo dá errado, a amante deixa ele, ele é despedido, a mulher proíbe ele de ver a filha, acaba o dinheiro. Quando já está no fim do poço, surge Martha para ajudá-lo. Mas para ajudá-lo ela terá de continuar com o marido Phillip. Com o tempo tudo volta ao normal, ele recupera o trabalho e o respeito dos colegas, mas não tem ninguém para dividir isso no final da história. Desculpe se eu estraguei o final do livro, mas eu sei que a maioria não vai ler mesmo, e se resolverem ler, fica como um ‘teaser’. Afinal, estou aqui recomendando a leitura como um processo e não como um fim. Só encontrei um comentário sobre o livro na internet. Uma no http://www.librarything.com/ dizendo: “très bom suspense pychologique!!! On Le lit d’une traite, on ne peut s’em défaire!!! Cela pourrait nous arriver… we never know!!!
*****”
Encontrei alguma informação sobre o autor em inglês no site: http://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Kennedy_(writer)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Deus é Solitário e a gente também!


Deus é Solitário

Deus nunca nasceu, mas foi sempre um velhinho de cabelos brancos e uma barba enorme. Um dia ele se deu conta de que estava sozinho e resolveu arrumar companhia. Não havia uma deusa se quer, em lugar algum do universo, então ele resolveu se ocupar pra passar o tempo. Ele causou o “big bang” e criou as estrelas e os planetas. Resolveu pegar um pra se divertir, e 3,5 bilhões de anos atrás, ele o arrumou, criando condições pra vida evoluir nele. Ele ficava olhando, bilhões de horas á fio um procarionte virar um escarionte, depois um verme, um conodonte virar peixe que virou anfíbio e continuou até surgir os mamíferos, virar um macaco, depois um homem esquisito que se ergueu, andou e virou o que é hoje. Mas ai, acho que ele se cansou e não quis brincar mais, largou tudo ai, e a coisa ta do jeito que ta. Mas eu queria mesmo era chegar no ponto em que ele começou tudo por que estava sozinho e precisava de companhia. A Bíblia diz que fomos criados a imagem dele, então nós somos igualzinho a Ele. A gente nasce querendo companhia, cresce no meio da família, cria vínculos com alguns amigos, procura alguém pra dividir a vida, mas tem hora que a gente fica de saco cheio e acha que é melhor ficar sozinho. Ai, vira as costas pra tudo e pra todos. Mas depois, passa um tempinho e a gente se sente só. Procura alguma coisa pra se ocupar. Tem gente que tem hobby, outros trabalham, estudam, pesquisam, dedicam-se a leitura, jogam cartas, batem papo, outros não fazem p*rr* nenhuma, nada, nadica, papo pro ar sem peso na consciência. Mas mesmo ocupadíssimos, logo sentem-se sozinhos e já querem alguém ao lado de novo. Não conseguem ficar só. Ai começa outro processo, outro ciclo e lá vamos nós de novo à cata de companhia (marido, mulher, filhos, amigos, animais de estimação.... ) Será que Deus vai querer, um dia, nossa companhia de novo? Se acontecer não vou estar vivo pra ver. É que o tempo dele é diferente do nosso. Ai pode durar um bilhão de anos pra isso acontecer, e até lá eu acho que não estarei mais por aqui! Enquanto isso, a gente fica aqui, sozinho, às vezes solitários, mesmo rodeado de gente!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Silogismo ou Falácia?


Peguei um ônibus na estação de metro República numa pequena viagem em direção a Paulista. Acabei ouvindo a conversa de um cara sentado atrás de mim. Não que eu seja curioso, talvez um pouco, mas ele falava alto. Mas ai ele disse para a garota, que tentava impressionar, sentada ao seu lado: “Tava conversando com o cara, achei que ele era legal, mas o cara era gay!” Eu pensei: “Para tudo! Tem muita coisa ai nesta frase!” O ônibus continuou a viagem, e eu comecei a viajar na frase dele. Silogismo ou Falácia? Em seu subconsciente, o rapaz talvez tivesse formado a seguinte conclusão geral:
“Todos os gays não são legais. Todo cara legal não é gay. Quem não é gay é legal!”
Bem! Talvez uma conclusão particular, tipo assim:
“Todo gay não é legal, Algum gay é homem, Algum homem é legal!”
Mas ai ele precisava de uma conclusão que lhe confirmasse algo, então ele pensou:
“Todos os gays não são legais. Ora, eu sou legal. Logo, eu não sou gay.”
“É isso ai. Era ai que eu queria chegar!” Pensou ele, e continuou: “Bem, o que não é legal é ilegal, assim sendo: Todos os gays são ilegais. Ora, eu não sou ilegal. Logo, eu não sou gay.” É, porque é ilegal, do ponto de vista social ser gay, que inglês quer apenas dizer alegre. Bem, então homem que é homem não pode ser alegre. Assim, ninguém escapa dessa! Vamos parar de assistir comédias, principalmente o Pânico na TV e Casseta e Planeta. Comédia no teatro, nem pensar, coisa de v**d*! Auto-firmação? O casal levantou e os dois ficaram em pé na porta do ônibus. Ele segurava a bolsa, dela. Uma bolsa fashion ennoorrmmee pendurada nos ombros. Falava muito e a rodeava como um pombo querendo cobrir a fêmea. Ela aceitando o cortejo. Ele desceu um degrau e colocou uma perna no degrau superior e encostou-se a ela. Eu continuei na viagem.... da frase dele é claro:
“Todo homem é legal. Ora, eu sou legal. Logo, eu sou homem.”
“Todo os homens são legais. Bem, mas meu amigo gay é homem. Logo meu amigo gay é legal! Epa... pêra ai! Meu amigo gay é legal. Eu também sou legal. Logo eu sou gay. ... Pêra ai... tem algo errado nessa história.. não é nada disso!”
Se ele pensava nisso tudo, teve que parar porque o ônibus parou no ponto e eles desceram. Eu desci logo atrás. Pra terminar essa história, pode ser que eu só viajei na frase do cara e não seja nada disso, afinal, todo mundo tem um amigo homem ou um amigo legal ou um amigo gay. A maioria diz que é mente aberta e que não tem nada a ver, nada contra, etc. Não sei se é silogismo ou falácia. Acho que a maioria nem sabe o que diz, nem sabe o que pensa, nem sabe quem é, se é gay, se é homem, se é amigo, se é legal ou ilegal. E eu não sei de mais nada!