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terça-feira, 28 de julho de 2009

Bolsa-Cultura, Bolsa-Familia e Roma.

Panis et circencis

Olha quanta coincidência! sexta-feira passada, um amigo me diz que havia ido ao lançamento do Bolsa-Cultura, ouviu o Lula, etc. ?Bolsa oque? Explicou: Um tipo de vale-cultura, tipo tíquete-alimentação e vale-transporte. Tipo assim, o governo injeta 600 milhões de reais por ano no setor cultural, o trabalhador ganha um vale no valor de 50,00 para ir ao cinema, teatro, show, espetáculo cultural etc. O trabalhador arca com 20%, governo 30% e a empresa com 50%. Já existia o bolsa-familia. O governo dava pão ao povo, agora ele vai dar circo. Nada contra, deixa eu explicar. Se o bolsa-família fosse algo temporário, com o intuito de ajudar a população miserável da terra brasilis ascender socialmente até ter condições de caminhar com as próprias pernas, tudo bem, mas do jeito que está não dá. “Ensine o cidadão a pescar, não dê o peixe”. Agora fica todo mundo escravo do bosa-familia, o povo que não consegue viver sem e o governo, atual ou futuro, que não é louco de tomar uma medida impopular e eliminá-la. E o bolsa-cultura, como será? O problema é que não tem data pra começar nem pra terminar, e ai, nós, pobre classe média, cada dia mais pobre e menos média, vamos pagar a conta para o resto das nossas vidas. Sim, a conta do show de pagode e funk, filme blockbuster, etc. Com sorte, alguém irá conhecer o museu do futebol! Ah, a coincidência? Na mesma semana, eu comprei dois “boxes” com a série Roma da HBO. Assisto com a opção “Todos os caminhos levam a Roma’ ligada. Assim, vai aparecendo explicações sobre a história, costumes e língua do povo romano na época. Um trabalho de pesquisa primoroso. Já assisti os primeiros 12 episódios e antes de começar o Box 2, peguei um livro de história para relembrar como era a República nos 500 anos que antecederam o período mostrado no seriado (52 A.C.) quando Cesar se torna ditador, é assassinado por Brutus, e sangue e mais sangue. Há! Tem sexo também! Olha só o que eu li no tal livro: “Durante a segunda metade do século II a.C., a situação em Roma revelava-se insustentável, e diversas revoltas isoladas agitavam a cidade e o campo. Tentando resolver esse problema, o governo de Roma instituiu a distribuição gratuita de trigo aos plebeus e permitiu seu ingresso gratuitamente nos circos das cidades. Era a política do “pão e circo” (panis et circencis), que procurava minimizar os conflitos sociais por meio de um paternalismo custeado pelo Estado.” Bem até aí, é só história, né? Mas não é justamente para isso que aprendemos História? Ou seja, aprender como não fazer? Faz parte da nossa história também, e de nossa realidade a distinção entre nobilis e plebe, escravidão, antes e depois de 1888, a insatisfação com o modus operandi dos nossos governantes. E o texto continua: “Entretanto, essa política apenas adiou a solução do problema, sem resolvê-lo.” Alguém vê mais alguma coincidência ai?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ouro Preto - Minas Gerais
















Ouro Preto - Por que visitá-la?


Por que ir a Ouro Preto?

Sempre quis ir. Tinha que ticar a lista dos lugares visite-antes-de-morrer. Resolvi de última hora. Em uma hora achei passagem promoção e fiz reserva em uma pousada econômica pela internet. Três dias depois viajei. Trabalhei na quinta 16/07 até as 22h00 e na sexta às 8h00 sai de Congonhas para os Confins do Mundo. Tinha uma mochila nas costas e a impressão de que seria uma viagem marcante. Fiz tudo econômico. Pousada: R$ 50,00 diária, almoço em quilo, nada de taxi, caminhar ou ônibus, carteirinha de estudante nas mãos e pechinchar sempre que possível, mas com direito a alguns luxos. Logo no aeroporto comprei o Bravo! Cidades Históricas de Minas Gerais da Editora Abril. Paguei R$ 24,90. No fim da viagem comprei o livro Arte Brasileira, Arte Colonial – Barroco e Rococó de Percival Tirapeli, Companhia Editora Nacional, R$ 28,00. Contém fotos e explicações de forma simples para o homem leigo.

Musica Barroca - Parte da experiencia em O. Preto

Festival de Inverno em Ouro Preto (Todos os Sentidos)

Programação do Festival de Inverno em Ouro Preto – Julho 2009

O festival 08/07 – 26/07 ocorre em Ouro Preto e Mariana. Programação completa no site: http://www.ufop.br/ Imprescindível ter em mãos a programação de bolso (distribuído grátis). A programação é eclética e diversificada mas è bom programar-se pois para alguns espetáculos é necessário pegar senha com antecedência. O que eu vi e gostei:

17/07 - sexta-feira:
19h00 – Duo-rodapeão, espetáculo cênico-musical: Nigun (hebraico: melodia sem palavras), na Casa de Ópera. O dueto canta canções do universo infantil de várias partes do mundo. Os instrumentos: potes de vitamina C, potes de remédio, quatro venezuelano, pente, lixas etc. (grátis)


Abertura da exposição de gravuras: Contraponto de Alex Gama. Com direito a coquetel. No Museu da Inconfidência, Anexo I.

22h00 – Cia. Mimulus de Dança – De carne e Sonho. Praça da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Grupo de dança moderna. Espetáculo baseado no tango.

Ao voltar, fui surpreendido com uma festa junina na rua, bem em frente ao hotel com um grupo de congado e uma banda daquelas que tocam uniformizadas marchando pela cidade. Arte popular para pessoal local do bairro Barra.

18/07/09 – sábado:
Exposição de fotos de Germano Neto – Visagens: Chão das Gerais no Posto de Informações Turísticas. Fotografias de paisagens e casas do sertão mineiro.

18h00 – Giramundo – Um Baú de Fundo Fundo – Praça da UFOP. Espetáculo de marionetes para crianças também da minha idade. Surpreendente.

22h00 – Daniel Gonzaga – Comportamento Geral – Praça da UFOP. Ao chegar a praça, pensei estar ouvindo o Gonzaguinha mas era o filho dele, Daniel. Voz e estilo idênticos! Cantou músicas do pai, segundo ele, para não o esquecermos. (Quem?).

19/07/09 – Domingo: Cidade de Mariana
12h15 - Concerto com a organista Josinéia Godinho no órgão Arp Schnitger. O órgão foi construído por Arp-Schnitger entre 1700 e 1710 na Alemanha, e enviado a Portugal. Está em Mariana desde 1752. Foi restaurado em 1984. No programa música barroca de G. Gohm, H. Scheidemann, C. Seixas, J. L. Krebs e Tablietti/Walther. A organista dá explicações sobre os autores antes e durante o concerto e sobre o órgão no final.
(http://www.orgaodase.com.br/)

20/07/09 - segunda-feira
19h00 – Mostra “Cine Clube da Esquina” – Filme: Rocco e i soui Fratelli (L. Visconti). Cine Vila Rica – Ouro Preto. Filme em preto em Branco com Alan Delon conta a história de quatro irmãos que se mudam do sul da Itália para a industrial Milão e como seus caminhos tomam rumos diferentes. Entregam programação de filmes com datas e sinopses no cinema.

Comida Mineira - Paladar









Comida Mineira: Onde e o que eu comi:

Não dá para ir a Minas e não experimentar comida mineira. Os restaurantes de quilo são bons e oferecem comida típica a um bom preço, como o Sabor de Minas na rua São José e Vide Gula na Senador Rocha Lagoa, 79, perto da praça Tiradentes. Média R$ 15,00 com suco, sem sobremesa. Mas comi um espetinho por 3,00 na Praça da UFOP sem medo e bebi quentão também.

No café do Centro de Informações Turísticas, comi uma broa de milho e queijo com calda de laranja que é uma delícia. Receita mineira sofisticada.

O ponto alto foi um almoço típico no restaurante Chafariz, Rua São José, 167. Foi recomendado por Paulo (Pirex) que conheci no show do Giramundo. Paguei 34,00 por refeição completa, fora bebida. Um dos luxos que valeu a pena. Comecei com uma cachaça de Minas, Buffet de salada, Buffet de comida mineira com tutu, polenta, frango com quiabo, couve cortada finíssima, torresmo, feijão tropeiro, carne de porco e banana frita. Sobremesa: doce de laranja e mamão, queijo com goiabada e doce de leite, cocada branca. A decoração lembra casa de fazenda mineira, com motivos religiosos. O cafezinho é servido na canequinha de ferro e lembra casa de fazenda da vó (saudades). Inebriado pela cachaça, ouvindo o som de música de piano e depois canto gregoriano, fiz uma viagem sensorial. Inesquecível.
Tomei um café expresso num café e chocolateria na esquina da Rua Direita e Praça Tiradentes. O local é charmoso e muito bem decorado, com ótimo atendimento.

Ouro Preto - Turismo Cultural

Visitar Ouro Preto é respirar História e mergulhar na Arte. É voltar ao tempo andando pelas ruas íngremes e tortuosas com casario colonial. História do ciclo de ouro de Vila Rica (nome anterior) e do sonho de liberdade dos inconfidentes, culminando com a morte de Tiradentes. A Arte Barroca, de cunho religioso, é representada pelas esculturas de Aleijadinho e do pintor Athayde nas igrejas suntuosas e os poetas do Arcadismo.

Aqui estão os lugares que visitei e recomendo:

Comecei pelo Posto de Informação Turística onde peguei um mapa gratuito.

Igreja de São Francisco de Assis, a mais bela em termos de arte barroca com obras de Aleijadinho e pinturas de Athayde. Muito bonita. Ingresso (meia: R$3,00 com direito a visita ao museu do Aleijadinho na igreja Nossa Sra da Conceição).

A Paróquia N. S. da Conceição, (1707) tem a Matriz de N. S. da Conceição de Antonio Dias como sede. Construída em 1727 pelo pai de Aleijadinho, abriga túmulo do Aleijadinho e o museu Aleijadinho, criado em 1968. Reúne peças de arte sacra e arquivo documental histórico.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, a mais rica com esculturas folheadas a ouro. No subsolo fui ao museu de Arte Sacra com imagens barrocas e prataria utilizada nas missas. Aprendi que no Brasil não havia prata e a maioria era contrabandeada do Peru.

Na igreja de Nossa Senhora do Carmo, (1766 – 1772), projetada por Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. São de Aleijadinho os Altares Laterais e o Lavabo da sacristia. Nas paredes da Capela-Mor, azulejos portugueses. Pintura do Forro da Sacristia e douramento de Ataíde. Aprendi a diferença entre estilo rococó e barroco. O estilo rococó é claro e com poucos ornamentos.

Museu do oratório – Exposição de Oratórios de Viagem, eruditos e de referência artística e oratórios populares. Fiquei lá 30 minutos. Além de bonitos é interessante conhecer um pouco da história da religiosidade do povo mineiro. Tirei fotos do cemitério e depois sai pelas lojas e comprei um mini oratório.

Museu dos Inconfidentes. Uma aula de história. No panteão lápides para os 13 inconfidentes. Historia de Vila Rica, passagem do Barroco para o Arcadismo, livros originais de Claudio Manoel da Costa e do livro de versos Marília de Dirceu de TAG = Tomás Antonio Gonzada (1792). Destaque para um dicionário da língua brasileira de 1832 e mobiliário da época.

Trem de Ouro Preto para Mariana. No sábado comprei ingresso para domingo. Uma garota na fila me disse que estudante paga meia (R$ 9,00). Aproveitei para ver fotos, a maquete da viagem, e instrumentos antigos. Tirei fotos, convers
ei com Bruno, um estagiário que faz musica na UFOP que fez demonstração de sons musicais com instrumentos feitos de canos, PVC e outros materiais. No domingo, peguei o trem para Mariana, mas me decepcionei. As janelas não abrem por questão de segurança, mas em vez de vidros são de acrílico, que estão riscados e torna difícil a visão para o lado de fora. A viagem leva uma hora. Ainda bem que só comprei a ida para voltar de ônibus que é muito mais rápida. Não recomendo, a menos que nunca tenham andado de trem. Conheci e conversei com um senhor carioca que viajava com a família chamado Saldanha, ajudou a passar o tempo.

Mina de Passagem entre Mariana e Ouro Preto. Desde sua fundação no inicio do século XVIII, foram retiradas 35 toneladas de ouro. Eu e mais dois turistas descemos com um guia, em um trolley que lembra uma montanha russa. Chega a 315m de extensão e 120 mt de profundidade. A temperatura é estável entre 17 e 22 graus. Não me senti bem, o ar era rarefeito e senti um pouco de claustrofobia. Não disse nada para não influenciar os outros. Vimos um lago de água cristalina, transparente onde fazem mergulho. Depois de 40 min. depois, subimos com o trolley. O ingresso custa R$ 24,00, sem direito à meia para estudantes. Moradores levam uma conta de luz para comprovar endereço e não pagam. Almocei no restaurante onde o valor é 22,00 sem direito a sobremesa. Fizeram à R$ 15,00 porque já eram 16 horas.

Casa onde viveu o poeta do arcadismo, jurista e inconfidente Thomaz Antonio Gonzaga, entre 1782 – 1788 quando foi juiz de Vila Rica. Casa com fachada estreita mas com interiro amplo e estendido com um jardim suspenso. Hoje é a Secretaria de Turismo, Industria e Comércio. Fica em frente para a igreja de São Francisco de Assis na Rua Claudio Manoel, 61.

Casa dos Contos – Imponente construção erguida entre 1782 e 1784. Em 1789 serviu de prisão para os inconfidentes. Exposição de moedas e acervo que conta a historia do dinheiro no Brasil. Senzala com objetos de tortura no subsolo e uma biblioteca com volumes raros. Vi a exposição temporária Paisagens Mineiras de Nord-Pas de Calais e da artista plástica Ana Machado. Imperdível.

Museu da Ciência e Técnica – Sede da UFMG. Prédio de 1741, abrigou o antigo Palácio dos governadores (Vila Rica, hoje Ouro Preto foi capital de Minas até 1897). A sala de mineralogia com exposição de pedras e metais é indispensável. Encontrei José, francês, curador da exposição sobre minas, parte do ano da França no Brasil. Numa sala que reproduz uma mina de outro, ele explicou como o carvão se formou no fundo da terra e como é retirado.


Parque Horto dos Contos. Vale com 246 m dentro do Horto Florestal, 1583,02m de área verde dentro da cidade. Fundado em 1798, segundo do Brasil, com flora regional e exótica, áreas para eventos e prática de esportes ao ar livre, além de trilha calçada para caminhada. Na terça-feira, deixei mochila com a gerente do hotel, entreguei as chaves e peguei ônibus até a rodoviária (R$ 1,40). 9h15 entrei no Horto Florestal pelo portão de entrada em frente a rodoviária e fui descendo. Caminhada tranqüila e relaxante por mais de uma hora. Tirei fotos e sai pela igreja do Pilar.



Compras: Deve-se ir à feira de artesanato em frente à igreja São Francisco de Assis. Mas nem tudo é de qualidade. Olhe tudo muito bem antes de comprar. De uma boa olhada nos ateliers. Há coisas um pouco mais caras mas de boa qualidade e pechinchando, consegue-se bom preço.

Amigos de Viagem - Não existe solidão!


Pior do que estar só é sentir-se só. Enviei e-mail para vários amigos. “Alguém quer vir?” Ninguém se pronunciou. Quando disse que iria sozinho. Acharam estranho! Eu sabia que isso não seria problema. Comecei a fazer amigos no avião. Denise, uma simpática advogada grávida de seis meses. Na fila da Ópera, conversei com uma mulher que me deu dicas sobre o festival. Estava com a família de Goiânia. Sentei com eles durante o concerto. Renato ligou no meio do espetáculo. Recebi torpedos vindos de amigos de São Paulo. Na saída, pedi informação para três rapazes, José e Joaquim, dois franceses e Henrique, mineiríssimo, estudante de Arte e Cultura Barroca. Acabamos indo juntos a uma exposição de fotos e tomamos cerveja preta no Profeta. Na Igreja São Francisco, conheci Cleidiana que acabou me dando uma aula sobre características das esculturas de Aleijadinho e pinturas ilusionistas. Na Igreja do Pilar, o zelador chamou minha atenção para o cordeiro na cruz pintado no teto e como ele muda de posição, um garoto de 15 anos do Espírito Santo ouviu, puxou conversa, falou das garotas e se foi. No show de marionetes Conheci Pirex (Paulo) e sua esposa. Conversamos bastante sobre viagens. No trem para Mariana conversei por mais de uma hora com Saldanha, do Rio sobre política. No ônibus entre Mariana e a Mina de Passagem, tive como companhia, Socorro de Fortaleza. Conversamos sobre como as cidades estão inchadas, ela falou sobre Quixadá e como é difícil viver na roça, falei do meu blog e da Patagônia. Ela escreve tudo o que ouve e vê. Na Mina tive a companhia de Luiz de Salvador e Maria da Espanha. Em um atelier perto da igreja São Francisco, conheci a artista plástica Paula Lima. Ao perguntar se ela consegue viver do que faz, ela disse que ‘é preciso acreditar’. Acabei sentando e ela me contou sua historia. Mudou-se para Mariana, não foi bem recebida, e no fim a pessoa que ela mais criticava da cooperativa, é hoje sócio dela em Ouro Preto. Seu sonho era morar lá e hoje ela vive o seu sonho. A conversa serviu de inspiração para mim. No último dia, subia a rua observando o cotidiano das pessoas. Ao passar em frente ao Cine Vila Rica, vi o livro A República de Platão. Parei e ouvi uma conversa entre o vendedor (Milton) e outro rapaz (Gino) formado em filosofia, papo cabeça. Participei, tomei conhaque, conversamos sobre a banalização de tudo, inclusive da morte. Milton, também poeta recitou um poema, demonina-se o fantasma do cinema. Éramos três filósofos na Ágora. Houve o encontro surpresa com a Silvia, Rita e Adriana, amigas do Henrique, outros rápidos com Diego Maradona, Lucas e Gorran no morro da forca, Ana Terra, Miller na casa dos contos, e outros que apenas pararam para pedir que eu tirasse uma foto. Até um (chien perdu) que me seguiu na volta para o hotel. Relacionamentos, efêmeros como a vida, de 1, 5, 10 e 60 minutos, com quem aprendi e ensinei. Com alguns houve reencontros e com outros, troca de emails. Talvez haja outros reencontros, mas o que importa é que eu nunca estive ou me senti só.

CENAS DE RUA




SENTIDOS, SUSPENSE, SURPRESAS ...


O Barroco, surgiu no século 16 na Itália. Se antes a recionalidade prevalecia, há então uma explosão de sentimentos. As obras de arte, buscam cativar pelo impacto. São imagens fortes, esculturas grandiosas, contraste entre luz e sombra, céu e inferno, dramaticidade, excesso. A cidade, por ter tantos exemplos de arte Barroca, fez aflorar estes sentimentos em mim. Tive experiências que apelavam para os sentidos.

Na primeira tarde, subi até a Igreja do Carmo, no topo de um monte e me sentei para ver o por do sol às 17h10. Céu azul, sem nuvens, típico de inverno. Temperatura caiu rapidamente. Silêncio de todos que observavam. Voltei no dia seguinte, desta vez me deitei na mureta e minha vista era as torres da igreja com obras de arte rococó. Observei os pássaros voando e a cor do sol que mudou à medida que o sol se pôs.

Conheci Henrique no primeiro dia da viagem. No domingo, na igreja da Sé, onde fui para o concerto do órgão, sentou-se ao meu lado Silvia, Rita e Adriana. Puxei papo, estudam Arte e Cultura Barroca na FAOP. Falei do Henrique e elas disseram que haviam vindo com eles. Pura coincidência. Durante o concerto, envolto pelo som de música barroca e cercado de arte barroca, peguei meu caderno para desenhar a porta da igreja. Após o concerto me separei delas, mas mais tarde as encontrei junto com Henrique na praça em frente a um restaurante e fomos a uma cafeteria.

Quando voltava de Mariana, descendo uma ladeira em direção ao hotel, vi no caminho vi um portão, parte aberto, parte fechado e uma escadaria sinistra. Uma senhora me disse que era o morro da forca. Resolvi subir. Lá no topo, havia alguns garotos soltando pipa. Fui um pouco mais para cima e havia dois rapazes em cima de um monumento conversando. Fui até lá, mas havia um cachorro amarrado ao lado da escada. Conversamos e subi até onde eles estavam, uma espécie de pedestal gigante. Havia um tronco quebrado, pontiagudo, lá, talvez onde era a forca, ou talvez um antigo mastro. Sentados observamos o sol se por. Diego faz minerologia na faculdade e Lucas faz o colégio. Perguntaram sobre a vida em São Paulo e das vantagens e desvantagens de morar em Ouro Preto. Conversamos muito e trocamos emails. Escureceu e tive uma sensação ruim. Mistura de medo e insegurança. Quando disse que iria embora, desceram juntos. Percebi que havia mais pessoas lá, que chegaram depois. Descobri que o publico é outro depois que a noite cai.

No sábado à noite, desci a rua Direita procurando por um bar. Ao descê-la, passei em frente ao número 124, o atelier Ana Terra de onde vinha o som de jazz. Entrei e a recepcionista disse que encima fica o Sótão, espaço alternativo de culinária e arte. Pedi uma taça de vinho da casa e conheci a dona, Ana Terra que é artista plástica e transformou seu antigo atelier no bar. Quem tocavam eram três integrantes do Grupo Esquina que tocam com Milton Nascimento. Era o primeiro encontro deles e improvisaram a musica. Na mesa ao lado havia uma família com duas meninas, uma de 9 e outra com 1 ano. Havia uma mamadeira sobre a mesa. Nas outras mesas, bichos-grilos, gringos, gays e casais namorando. Havia gente fumando e bebendo cerveja e conversando. Pedi outra taça de vinho e convidei Henrique através de um torpedo. Coincidentemente, ele estava passando quase em frente quando o recebeu. Ele juntou-se a mim. Papo bom. Saímos e subimos a rua juntos. Não o vi mais depois.

Ultima surpresa da viagem. Ao embarcar no avião, encontrei Ju amiga do Toni, flatmate da Ana Cris. Em São Paulo saímos juntos e pegamos o mesmo taxi. Fui com ela até a Lapa, e depois segui no mesmo carro até minha casa. Já marcamos um almoço para o próximo domingo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Michael Jackson and Me


Michael Jackson, era mais do que o ‘rei do pop’ para mim. Ao saber que morrera, senti que quem morria era aquele amigo que cresceu comigo, embora distante. O menino Michael cantava: ‘Ben, the two of us need to look no more. We both found what we were looking for. With a friend to call my own, I’ll never be alone, and you, my friend will see you’ve got a friend in me.” e eu entendia sem saber ingles.
Ele nasceu em 1958, eu em 1962. Sua familia era Jehovah Witness, a minha também. Ele tinha um pai metalúrgico. Ops, o meu também. O pai era muito rígido, o meu nem se fala. Ele disse para a Ophra que se sentia só e chorava de solidão. Que coincidência! Em algum momento de sua vida, fomos da mesma cor.

Em 1975, com 13 anos me apaixonei pela primeira vez. Eu ouvia ele cantar: “One day in your life, You’ll remember the love you found here. You’ll remember me somehow, though you don’t need me now, I will stay in your heart.” Quando eu me sentia só, ele cantava: “.. you are not alone. I am here with you, though you’re far away, I am here to stay.”

Em 1982, quando eu pensei que minha vida era puro tédio, ele voltou me animando: “Cause this is thriller, thriller night, and no one’s gonna save you from the beast about to strike”. Ai eu descobri que eu era ‘bad’ mas ele era mais e fez questão de dizer: “But my friend you have seen nothing, just wait til I get through, because I’m bad, I’m bad. Come on. Bad bad-really, really bad. You know it!” Não dava pra competir com o cara, o jeito era aceitar. Em 1984 quando cantou junto com 44 estrelas ‘We are the world” para arrecadar dinheiro para US for África, por razões de caridade, eu trabalhava como voluntário para uma organização religiosa no interior de São Paulo.

Em 1993 ele veio ao Brasil. Eu já tinha 31 morava no interior, era meio bitolado e acabei não vindo a São Paulo por achar o show ‘Dangerous’. Perdi a oportunidade de vê-lo de perto! Michael, como eu, não queria crescer. Crescer dói. Era um eterno ‘menor’ de idade que buscava refúgio em ‘Neverland’, como Peter Pan, longe de todos que não o compreendiam. Ele foi acusado de ‘abusar’ de um menor. Mas talvez, abusaram dele! Ele mudou, e como! Eu mudei muito ao longo dos anos, e meus reais objetivos, encoberto numa era de trevas ficaram mais claros.

Bem, finalizando, ele era excêntrico, quem não for atire a primeira pedra! Para mim, não importa se ele era ‘black or white’, gostava de suas canções e de como ele dançava. Fiquei triste quando ouvi a noticia de sua morte inesperada, como a maioria das pessoas, e lamento o circo que se formou. Para o meu amigo Michael, só posso dizer uma coisa: ‘Gone too soon’.

O que é texto?

Terminei de ler o livro 'Coesão e Coerência Textuais" by Leonor Lopes Fávero, professora titular de Lingua Portuguesa na PUC e professora da USP. Segundo a autora, "o texto convém mais do que o sentido das expressões da superfície textual, pois deve incorporar conhecimentos e experiencias cotidiana, atitudes e intenções."
O que eu leio não é o mesmo que você lê. Eu faço minha interpretação baseado no meu conhecimento e visão de mundo. Eu escrevo com uma imagem fixa, pré-determinada pela minha experiencia de vida. Portanto, ao pensar na palavra casa, eu faço uma imagem mental de uma 'casa' que não será a mesma imagem mental do meu leitor. A coesão é 'obtida parcialmente pela gramática e parcialmente pelo léxico', a coerência é 'o resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço dos textos.'
Sendo assim, como escritor, tenho a responsabilidade de levar isto em conta e pensar em como irei facilitar a vida do meu leitor, mas o leitor, se torna agora parcialmente responsável ao executar a leitura. Eu, como escritor, interlocutor, não conseguirei jamais passar a informação exatamente como pensei. O leitor, ouvinte do texto, não entenderá jamais as coisas como eu tentei explicar. Deu pra entender? Não? Lamento, é assim mesmo que funciona.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Domingo Fantastico ???

Fantástico Domingo:
Que mico foi aquele da Juliana Paes cantando New York, New York com Frank Sinatra? Se não bastasse a desafinação, que inglês é aquele? Áleas, o que mais houve e se ouviu no Fantástico foi atores globais pagando mico. O Fantástico virou um vídeo show, uma vitrine para fazer propaganda de programas apresentados pela emissora. Felipe Camargo falando sobre sua vida, quem é que quer saber? Mariana Ximenes, que até manda bem quando interpreta, tava tão forçadinha tentando ser ela mesma! E eu que, depois de um domingo cultural, pensei em chegar em casa e terminar o domingo assistindo ao Fantástico, pra sentira aquela sensação triste de final de domingo, fiquei decepcionado com o que este programa se tornou. Patético.

Catedral da Sé x Bella Paulista (Padaria)

E ainda: A Catedral da Sé, um Oasis de silêncio no meio do caos urbano. Padaria Bella Paulista, um inferno barulhento, ‘busy’ e ´over´ onde se deveria comer em paz e silêncio. Áleas, paulistas e paulistanos, custa dar um sorriso, dizer por favor e obrigado? Ficaria mais fácil viver por aqui!

Paris - HSBC Bellas Artes


HSBC Belas Artes – Fime: Paris
(Paris) – França – 2008 – 127 min
Dir. Cédric Klapisch (Albergue espanhol e Bonecas Russas), com Romain Duris, Juliette Binoche e François Cluzet.
Sinopse: Um jovem parisiense que está doente começa a visualizar o mundo ao seu redor de maneira nova e diferente. Suas incertezas diatne da vida e da própria sobrevivência fazem com que tudo pareça mais belo e poético. Além dele, vários outros habitantes de Paris terão os seus destinos movimentados por desejos, esperanças e paixões impetuosas.

O incrível foi ver retratado nas telas assuntos que havíamos conversado antes, durante nosso passeio pelo centro da cidade, como: A cidade está ficando cara e cada vez mais para as pessoas ricas / ‘Sou céptico, só acredito no que vejo’ / Ninguém acha que precisa de análise / por que deixar de comer aquela fatia de bolo de nozes delicioso hoje quando nem sabemos se estaremos vivos amanhã.

Maria Leontina - Exposição na CAIXA Cultural


Aproveitando o ensejo, vimos a exposição ‘Desenho em Risco’ de Maria Leontina. São riscos esboços estudos blocos de anotações cadernos de artistas obras acabadas assinadas. Maria Leontina (*SP 1917 – + RJ 1984) Definiu-se como uma artista expressionista. Segundo Lélia Coelho Frota, no texto do curta-metragem ‘Maria Leontina: gesto em suspensão’ de Alexandre Dacosta, “ela foi precursora da geometria sensível, da harmonia entre expressão e construção, elaborando transições moventes e brilhantes entre razão e emoção. Dos anos 60 até 1984, a artista prossegue na abstração, buscando o invisível através do visível.”

IMAGENS – Sem título (bloco de anotações com papéis de cores variadas), década de 80, grafite sobre papel colorido, 12 x 16 cm

Exposição Ser Jovem na França 2







Véronique Ellena © Véronique Ellena (991134) Jovem em seu quarto, 1999

Giullaume Herbaut © Giullaume Herbaut (2000-362) Uma vez por semana, quarta-feira à tarde, os próximos, abril 1999.

Ser Jovem Na França - Exposição


Domingo Cultural tendo Toni e a Bella como companhia.

Exposição ‘Ser Jovem na França’ – CAIXA Cultural São Paulo

Uma exposição que mostra a França contemporânea e sua complexidade, de uma forma simples. O jovem neste contexto, vivendo lá como os jovens em qualquer outra cidade grande no mundo globalizado. São fotos de 28 fotógrafos. A maioria sem título. Sugestão: divirta-se pensando em um título para cada foto. Na mesma exposição, outros temas: 1) A mais Bela Idade 2) Os franceses por eles mesmos. Recomendo.
1. Véronique Ellena © Véronique Ellena (991134) Jovem em seu quarto, 1999.
2. Carmela Garcia © Carmela Garcia (01-041) Sem título, 2001
3. Giullaume Herbaut © Giullaume Herbaut (2000-362) Uma vez por semana, quarta-feira à tarde, os próximos, abril 1999.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

coral na igreja sao Luis


Assisti no domingo passado, na igreja São Luis, esquina da Paulista com Bela Cintra ao coral jovem do estado (SP). Foi muito bonito. Soprano: Natalia Aurea, Contralto: Tabita Iwamoto, Tenor: Anderson Luiz de Souza, Baixo: Israel Mascarenhas, Organista: Delphim Rezende Porto. Cantaram musicas francesas como: Margot´´on va t'a l'iau, La belle se sied au pied de la tour, clic, clac dansez sabot, Les tisserands e pra terminar uma em latim: Te Deum. Proximo concerto, sábado 09/08/09 11hs no Theatro São Pedro, com entrada franca. Vale a pena.

Jean Charles o filme


Assisti ao filme Jean Charles. Morei em Londres em 1999 e é sempre interessante assistir filmes que mostram a cidade. Este em especial, mostra a vida dos brazucas por lá. Impressões: A cidade é linda, há tomadas maravilhosas de helicoptero da cidade, até os telhados são bonitos. Que povo caprichoso! No condominio onde morar os brazucas, geralmente bairros pobretões de Londres, é tudo lindo, com jardim, gramado, lindo, lindo. E é de verdade, é assim mesmo por lá. Em 99 não tinha a London Eye, maior roda gigante do mundo nem aquele prédio da prefeitura que parece um pirulito, ou outra coisa se forçar um pouco a imaginação. A Millenium bridge estava em projeto e o Millenium Dome, onde iria ser o show do Michael Jackson, não tinha sido inaugurado ainda. É ta na hora de voltar e matar as saudades. Quanto a filme, Selton Mello, sempre ótimo, mas é só. Os outros atores, pelo visto amadores ou pessoas reais dando uma de atores, eram tão ruins que o contraste de atuação é muito grande. A hitória está amarradinha, até chorei na hora em que eles vão lá no necrotério ver o corpo do Jean, depois ri, principalmente com um ator negro, engraçadinho ele, mas fiquei com a sensação de que faltou algo. Mas enfim valeu. A vida dos brazucas por lá é aquilo mesmo, quinze pessoas em um quarto, um passando a perna no outro, um ajudando o outro, e a luta pra ganhar uns pounds pra mandar para o Brasil continua. Houve uma cena em que a garota dizia para o Charles: "A diferença entre eu e você é que eu não tenho vergonha de ser quem sou!" Eu pensei no seguinte. Eu nunca tive vergonha de ser brasileiro e quando estava lá tinha orgulho em dizer que era, mas ficava longe daquele tipo de brasileiro que ele mencionou, ficam tao absortos em ganhar dinheiro que esquecem de aproveitar o que a cidade tem para oferecer, ou ficam lá 5 anos e nao aprendem uma palavra de ingles. Mas como diz o Marcelo Médice, cada um com seus probremas. Enfim. Recomendo, acho que serve como uma aula para os que pretendem ir viver lá.