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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Drinks and tears


Final de semana agitado. Emocionalmente.
Houve encontros e desencontros, livros e filmes que me disseram algo e me fizeram pensar. Conheci novas pessoas e novas coisas sobre pessoas conhecidas. Foram tres dias intensos:
Iniciei meu primeiro dia de férias sem fazer nada diferente da minha rotina diária, só que em vez de ir trabalhar à tarde, fui para a cama com o livro This Charming Man de Marian Keyes. O livro conta a historia da personal stylist Lola que descobre através dos noticiários que seu namorado, o político Paddy (Manoel ou Joquim na Irlanda), vai se casar.... com OUTRA. A jornalista Grace quer abrir a caixa de Pandora e saber o que há por dentro dessa história e acha que Lola tem a chave. Marnie, irmã de Grace, não consegue esquecer seu primeiro amor, por acaso Paddy de Courcey. Enquanto isso, Alicia, a noiva de Paddy, preocupada em ser a esposa perfeita de um político famoso, não sabe quem é o verdadeiro Paddy. O livro conta a história de quatro mulheres diferentes ligadas a um ‘charming man’ e a um segredo que une todas elas.
Sexta fria e chuvosa, só consegui ler por meia hora antes de cair no sono. A noite encontrei amigos de trabalho para beber e bater papo no bar Opção, ao lado do MASP. Notícia fresca: “A Fe pediu demissão!” – Putz, mais uma. Com ela são oito professores, num quadro de 30, que deixam a escola em um semestre. Ela chegou logo depois. “Conte mais, que história é essa?” – “Vou ficar um ano fora. Londres. Estudando!” – “Que pena! Você vai fazer falta!” - Ela é linda, inteligente, uma delícia de pessoa. E eu vou ficando.... na mesma. Volto pra casa, vou para o apartamento do Rodrigo, um amigo vizinho. Ele esta hospedando Junior, um amigo que mora em Recife. Junior vai deitar-se e eu e Rodrigo assistimos ‘Gata em teto de zinco quente’ com Elizabeth Taylor e Paul Newman.

Gata em Teto de Zinco Quente


Cat on a Hot Tin Roof é originalmente uma peça do dramaturgo americano Tennenssee Williams, vencedora do prêmio Pulitzer. Big Daddy não sabe mas está para morrer e único que não quer esconder isso dele é o filho mais novo, Brick (Paul Newman). Brick é um antigo atleta de futebol americano, agora alcóolatra, que rejeita sua bela esposa, a gata Maggie (Elizabeth Taylor). Ele acha que ela o traiu com seu melhor amigo e que ele se suicidou por causa dele. O irmão de Brick e sua esposa querem a maior parte da herança do pai moribundo. O aniversário do velho torna-se um dia que ninguém vai esquercer. Nesse dia, segredos serão desenterrados e verdades serão ditas, entre todos os membros da família. Muita tensão nos diálogos e nas relações interpessoais. E para mim, muita emoção para um final de dia.... ou começo de sábado.

brakefast


Sábado, café da manhã com Rodrigo e Junior na padaria Villa Bahia em Higienópolis. Um brunch com direito a pró-seco, frutas, sucos, pães e sanduiches. Junior veio de Recife resolver uma relação conturbada que se estende por mais de uma ano com ‘V’, que mora aqui em São Paulo. Irá ter uma conversa séria na parte da tarde com a outra parte. Ele segue para encontrar ‘V’ e eu e Rodrigo passamos na concessionária Fiat para conhecer o UNO Mille modelo novo. Entrei em um cinquetento. Um sonho de consumo! um carro para um novo tempo: compacto, seguro, com design moderno e um toque retrô. Inspirado no italiano Fiat Cinquecento. Mas R$ 78.000,00 em um carro não é para qualquer um, incluindo eu.

This Charming Man


De volta pra casa começo a página 131 do livro. Título: ‘Grace’. Ela inicia a relação com Damien. Page 147: “It was tem years since I’d met Damien, .... I noticed him at the airport check-in queue. ... I felt like I’d had a blow to the head. … Right away I knew he’d be choosy. Tricky even. I knew he’d put up a fight. Up until then I’d never understood those women who thought so little of themselves that they fell in love only with emotionally unavailable men. Now look at me..” bla, bla, bla.
E quem é que disse que há explicações para a paixão, por quem você se interessa e se apaixona. Page 151: “... At the airport taxi rank, it was no surprise that He didn’t ask for my number. And I didn’t ask for his because after ten days of getting nowhere, I’d got the message.” Page 152: “I was feeling a bit drunk, a bit dangerous and a bit angry, even though it wasn’t his fault that he didn’t fancy me.”
Depois de reclamar de sua sorte ela acaba descobrindo que o cara esta sim à fim dela. Ela está boqueaberta: “But if you were ... interested... you are interested, aren’t you? I’m not making a big fool of myself here, am I” – “No” – “No?” – “No, you’re not making a fool of yourself. Yes, I am interested.” …. Was this really happening? “So why didn’t you let me know?” – “ … I wasn’t sure. You were friendly, but you’re friendly to everyone… I’ve been out of the game a long time.” …..

Notas sobre um escandalo



Interrompo a leitura e me junto ao Rodrigo para assistir Notas sobre um escandalo (Notes on a Scandal) com Judi Dench e Cate Blanchett. É! de novo, em menos de uma semana. O filme é bom deeeemmmais.... e vou ver novamente. Barbara (Judi) é uma professora que comanda sua sala de aula com mão de ferro, mas leva uma vida solitária fora da escola. Conhece a nova e radiante professora de artes Sheba Hart (Cate). Pensa ter encontrado sua alma gêmea, até que descobre que Sheba está tendo um caso com um aluno de 15 anos. Seu ciúmes e raiva ficam fora de controle. Os ingredientes do filme: desejo, cobiça, inveja, segrdos, mentiras, traição.
Mal começamos a assistir o Junior volta depois de ter tido sua conversa com ‘V’. Pausa no filme: “E ai, como foi?” Com os olhos cheio de lágrimas ele diz: “Esta tudo acabado!” – Foi triste ver aquele homem forte fisicamente desmanchar-se em lágrimas. Foi então que eu literalmente entendi a expressão em inglês ‘A shoulder to cry on’. Demos a ele a oportunidade de chorar, porque chorar faz bem e não é vergonha pra ninguém. Ele deitou-se no sofá, encolhido como um bebê, entre eu e Rodrigo, porque o que ele precisava naquele momento era sentir que não estava só. E assistimos ao filme que mostra como a paixão está acima da razão.
Como pode uma professora apaixonar-se perdidamente por um garoto de 15 anos? Sim, é possível, é inconseqüente, mas acontece. Quando tudo vem à tona e acaba o rapaz simplesmente diz: “Eu não posso ajudá-la. Era pra ser divertido. Agora ficou sério!” – Ela vai embora chorar e esperar seu julgamento e sua sentença.

Bad Romance



Sábado a noite levamos nosso amigo Junior para jantar na casa do E. (não vou citar nomes aqui). Foi divertido. Comemos, bebemos muito. Ouvimos a Lady Gaga, cantamos e rimos. O grupo saiu para dançar na Trash. Junior preferiu ir para outro lugar. Quanta breguice. Mais bebida. Dançamos muito. M (não vou citar nomes aqui, não insista) chegou. Rodrigo esperava ansioso por este momento. Mas as coisas não acontecem como queremos nem imaginamos. Ansiedade e expectativas causam frustração quase sempre. Todos se divertiam, até ele, mas ai..... ele começa a ver coisas!!! Talvez eram coisas reais, talvez imaginárias, mas enfim, o suficiente para não querer ficar mais conosco. “Vou embora” – “Por que? Esta tão divertido!” – “Você vem comigo?” – “Não, eu quero ficar!” respondi. O problema era ‘E’ e ‘M’.
(Não me lembro de mais nada. Não vi, não ouvi, não posso falar)
De madrugada, de volta para casa, deitei-me esperando dormir pelo menos até o meio dia. Não conseguia. Na minha cabeça ressoava Lady Gaga: “Bad Romance!”... Cate Blanchet gritando como louca insana depois de descobrir que Barbara era uma louca obsessiva. Como estaria o Rodrigo e o Junior? E o ‘E’ e ‘M’? Ninguém fez nada direito, todos eram inocente e todos eram culpados. Vitimas dos seus sentimentos. Amor e paixão, felicidade? “Wasn’t it suppose to be fun?” Tudo o que eu via era tristeza à minha volta.
O sono não vinha. Fui ao chuveiro e deixei a água escorrer por pelo menos vinte minutos sobre meu corpo. Voltei pra cama e não sei quanto tempo ainda levou até finalmente pegar no sono. Acordei as 10h30. Mensagem de texto no celular: “Quando acordar me liga – Rodrigo” – Pedi para ele subir. Eu sabia que eu não seria o único a estar acordado. Era mais um para consolar.
Não estou reclamando não. Este é o papel dos amigos e um dia pode ser eu quem vai precisar de um ombro amigo. Ouvi mais do que disse. Nessas horas, o importante é ouvir. Perguntei: “E o Junior?” – “Esta lá em casa, chorando!” Logo alguém bateu na porta do meu apartamento. Era o Junior. Juntou-se a nós. Chorou novamente como uma criança. Nos contou que encontrou amigos da outra parte e que vieram tirar satisfação com ele. Sentia-se culpado.
Mas quem é inocente ou culpado nas histórias de amor???? Quem pode julgar, e porque todos acham que podem dar seus pitacos. Ate o Alex Escobar erra nos pitacos de futebol!
Levamos Junior ao aeroporto. Eu sei que o que ele mais queria era que ‘V’, a outra parte, ligasse pedindo para ele ficar. Mas não houve ligações. Ele partiu: “Eu vou ficar bem!” Mais tarde o almoço foi com Rodrigo e ‘V’, a outra parte. E ouvindo o outro lado só pude dizer: “Nessas histórias, não há certo e errado, culpado ou inocente. Ninguém entende o coração!” Lembrei do que havia lido no livro e comentei com Rodrigo: “Você não pode culpar ‘E’ e ‘M’ porque ‘M’ não sabe o que você quer. Você pode ter insinuado algo, mas nunca disse o que quer. Você recebeu uma mensagem de ‘M’ querendo saber o que houve, então diga a verdade. Se é isso o que você quer, não faça joguinho, diga o que quer. Se não tiver que ser, desencana, parte pra outra!”

O pequeno Nicolas


Depois de tanta carga emocional, tínhamos o direito de nos divertir. Encontramos o Ernesto para um café na livraria Cultura do Conjunto Nacional e depois pegamos um cinema. Filme: Le Petit Nicolas.
Inspirado na obra homônima de Jean-Jacques Sempé e René Goscinny, O Pequeno Nicolau trata do universo e dos medos infantis, resultantes da escuta de conversas entre adultos. Nicolau entende errado uma conversa entre seus pais, o que o leva a crer que uma irmãozinho está a caminho e que assim que o mesmo nascer, ele será abandonado pelos pais. Apesar de algumas criticas negativas achei muito divertido. (http://www.cinepop.com.br/criticas/pequenonicolau_101.htm) No elenco estão Kad Merad e Valérie Lemercier.
Uma comedia que nos fez rir, esquecer o lado cinza da vida, simplista, talvez boba, mas que nos faz ver como somos enganamos pelo que vemos ou ouvimos, ou pensamos ver ou ouvir. Criamos fantasias, sonhamos com coisas impossíveis e tomamos decisões baseadas nelas e deixamos de viver nossa realidade e aproveitar toda a felicidade possível a nossa volta.