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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pecado da Carne - Eyes :Wide Open


Bem a unica coisa que justifica a tradução do titulo em português é o fato do cara no filme ser dono de um açougue. E o pecado fica por conta da cabeça alheia, da cultura cristã carregada de culpa e remorso. O que há ali é um mundo de gente xereta com regras rígidas num bairro ortodoxo de Jerusalém que torna a descoberta do amor de Aroon pelo recém-chegado Ezri impossivel de ser explorada. O cara estava morto e ressuscitou, mas ele já tinha uma vida antes disso tudo acontecer e agora ele teria que fazer uma escolha. A metáfora no final diz tudo. Se quizer saber o que é, va ao cinema e assista. Mas não vá de olhos bem abertos (eyes wide open) vá com a cabeça bem aberta. Não é um filme para qualquer um.

A Arte de Escrever - Schopenhauer


"Os professores ensinam para ganhar dinheiro (...) E os alunos não aprendem para ganhar conhecimento e se instruir, mas para poder tagarelar e para ganhar ares de importantes"
"A peruca é o símbolo mais apropriado para o erudito puro. Trata-se de homens que adornam a cabeça com uma rica massa de cabelo alheiro porque carecem de cabelos próprios."

São esses comentários ferinos, bem humorados que me fizeram querer ir em frente e ler o livro em duas semanas. O interessante foi descobrir que Arthur Schopenhauer (1788-1860) tinha pensamentos tão atuais sobre linguística:
"... todos os estilos de escrita devem conservar um certo vestígio do parentesco com o estilo lapidar que é seu precursor. Querer escrever como se fala é tão condenável quanto o contrário, ou seja, querer falar como se escreve, o que resulta num modo de falar pedante e ao mesmo tempo dificil de entender." "Quando se aprende uma língua, a dificuldade consiste sobretudo em reconhecer cada conceito para o qual essa língua tem uma palavra, mesmo que a própria língua de quem aprende não pussua nenhuma palavra que corresponda com exatidão a tal conceito, o que ocorre com frequencia. Por isso, quando alguém aprende uma língua estrangeira, precisa delimitar várias esferas inteiramente novas de conceitos em seu espírito, desse modo surgem esferas de conceitos onde antes não havia nenhuma. Portanto, não aprendemos palavras apenas, mas adquirimos conceitos (...) Pessoas pouco capazes também nao assimilarão com facilidade uma lingua estrangeira: (...) Não conseguem se apropriar do espirito da língua estrangeira, o que se deve, na verdade, ao fato de que seu pensamento não se vale de meios próprios, mas é emprestado em sua maior parte da língua materna, (...) mesmo em sua própria lingua, essas pessoas costumam usar apenas expressões idiomáticas gastas. (...) no aprendizado de cada língua estrangeira, formam-se novos conceitos para dar sentido a novos signos."

E suas dicas para quem quer escrever:
"Com frequencia, escrevi frases que hesitei em apresentar ao público, em função de seu caráter paradoxal, e depois as encontrei, para minha agradável surpresa, expressas literalmente nas obras antigas de grandes homens." "Assim como a leitura, a mera experiência não pode substituir o pensamento (...)" "O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremedialvelmente esquecido quando não é escrito." "Para alguém se tornar um grande escritos isso é indispensável ... formar-se imitando o modelo da Antiguidade, antes de passar a uma composição própria.

Por essa e por outras razões fica a dica. Um livro para ler e depois pensar sobre, como o próprio autor sugere.

domingo, 11 de abril de 2010

Desejo e Poder - Brideshead revisited

Desejo e Poder foi uma tradução para chamar público aos cinemas brasileiros. Talvez para lembrar Desejo e Reparação, filme que trata da mesma temática, ou seja, o esnobismo da classe alta inglesa à classe média, o catolcismo e sua culpa. Assisti e me emocionei. Mas foi mais com a lembranças dos passado e a identificação com alguns dos personagens. Sem detalhes. Não esperava muito do filme, mas gostei. Dentro do tempo possivel, a mensagem foi passada. Fica a dica para a leitura do livro.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Memoria de Brideshead - Brideshead Revisited




Por volta de 1986, quando morava em Tatuí, SP eu assisti na TV Cultura a mini-série Retorno a Brideshead, (Brideshead Revisited) feito em 1981 pela British television serial. Foi baseado no romance de Evelyn Waugh e está na lista dos 100 melhores programas de televisão do Reino Unido. No elenco estavam Jeremy Irons (Charles), Anthony Andrews (Sebastian) e Diana Quick.
Nos anos 20, Charles, um jovem da classe média faz amizade com o aristocrata Sebastian em Oxford. Ele passa a freqüentar sua casa e família, uma rica mansão, Brideshead. A amizade entre os dois é mais do que uma amizade, mas Charles apaixona-se pela irmã de Sebastian e aquele amor transforma-se em algo ruim.
Nesta época, Itamar, um amigo e confidente me emprestou o livro que acabara de ler. O que mais surpreendia era o fato dos dois personagens principais serem apaixonados um pelo outro. Foi então que eu descobri que isto era possível. Não vi conotação homossexual naquela amizade. Um homem poderia amar um outro, amor de amigo, amor de irmão. Foi uma época marcante por todas as descobertas feitas.

Domingo, antes de assitir ao filme Mére et filles no cinema fui surpreendido com o trailler do filme. Fazendo pesquisa na internet descobri que o filme é de 2008 e fiquei surpreso que só agora passará no Brasil. Na nova versão, Emma Thompson, é Lady Marchmain, Matthew Goode faz Charles Ryder e Bem Whishaw faz Sebastian Flyte.

Será inevitável comparar o filme a mini-série. Segundo uma crítica de A. O. Scott do The New York Times, ele é mais curto e menos fiel ao livro de Waugh. É entediante, confuso e banal. Aparentemente os roteiristas Davies and Brock, tirou do filme o que havia de melhor, ou seja, as idéias provocativas. A longa experiência dos católicos ingleses como minoria, a gradação sutil de classes no sistema universitário britânico, os tabus e normas sexuais que governa a vida dos jovens adultos, é o que faz de Brideshead Revisited algo vivo e respirar como um romance. Mas nada disso é registrado com força no filme.” Roger Ebert do Chicago Sun-Times disse que embora fora montado elegantemente e muito bem interpretado, o filme não se compara ao seriado da TV, em parte por que a historia teve que ser comprimida devido ao tempo menor do filme. Mark Olsen do Los Angeles Time disse que a força do filme está na historia do autor e não no roteiro do filme. Os roteiristas apimentaram a amizade entre Charles e Sebastian dando um tom maior de conotação homossexual nela, algo mais aceitável hoje em dia.

Senti isso no trailler e provavelmente sentirei a força da mini-série frente ao filme que deve estrear em breve no Espaço Unibanco de cinema da Rua Augusta. Mas vou conferir. Talvez fique animado a procurar o DVD da mini-série ou quem sabe reler o livro de Waugh.

The Young Victoria - A Jovem Victória


Lembram da Emily do filme O Diabo Veste Prada? Aquela secretária que não morria de amores pela pobre Andrea Sachs. Então, o nome da atriz é Emily Blunt e ela é a mesma atriz do filme The Young Victoria (A Jovem Victória) que eu assisti em DVD ontem a noite.

Trata-se da biografia da rainha Victória da Inglaterra que mais tempo ficou em um trono inglês, 63 anos e fez do Reino Unido o maior império até então. Em 1837 Victoria (Emily Blunt) com 17 anos e é a herdeira do trono. Assim que seu tio Guilherme IV (Jim Broadbent) morrer. Sir John Conroy, (Mark Strong) o ambicioso conselheiro de sua mãe, a Duquesa de Kent (Miranda Richardson) querem que ela assine uma co-regência e assuma o trono apenas após os 25 anos. Ela odeia a ambos e se recusa. Eles a mantém à parte da corte. Todos querem o seu favor. Antes mesmo de ser coroada rainha, seu primo o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota (Rupert Friend) vem do continente para uma visita. Começa uma amizade que vai se transformar em algo maior. São anos turbulentos, ela não tem experiência e tudo poderia se perder se não fosse pelos conselhos sinceros de Alberto que ganha sua simpatia e coração.


“The Young Victoria”, de Jean-Marc Vallée com figurino de Sandy Powell, ganhou o Oscar de melhor figurino em 2010 e vale a pena também pela fotografia, cenário e atuação de Emily Blunt.

domingo, 4 de abril de 2010

Diário Perdido - Mére et Filles


Três mulheres, avó, mãe e filha. Audrey (Marian Hands), sai do Canadá para visitar os pais na sua cidade natal, na França. Audrey não está apenas em férias, procura respostas. Hospedada na casa do falecido avô, encontra o diário da avó Louise (Marie-Josée Croze) que abandonara a familia cerca de 50 anos antes. Ali reside um segredo. Por que ela desapareceu sem levar nada? Por que ninguém toca em seu nome?
É no diário que começa a aparecer os indícios dos motivos de sua partida, mas trata-se de um quebra-cabeças que precisa ser montado para revelar este segredo guardado inclusive por Martine, filha de Louise e mãe de Audrey (Catherine Deneuve).
Este triângulo de gerações move a trama: Audrey com a angústia da dúvida, Martine com um segredo, e Louise que partiu sem dizer adeus.
Com direção de Julie Lopes-Curval e ainda no
elenco : Michel Duchaussoy, Jean-Philippe Écoffey, Carole Franck e Eléonore Hirt
Parece haver um filtro na camera fazendo as cenas cinzentas e frias. Chega a incomodar. O final parece previsível, mas a surpresa fica por conta da reação e mudanças que esta descoberta trará. Vale a pena conferir pelo trabalho de Deneuve, que perto dos 60 anos de idade, está um pouco acima do peso e não parece se importar com isso. Totalmente desprovida de vaidade de uma diva, que é, faz o seu trabalho como tem de ser feito, com muita categoria.

Sete Conto (7 Conto)


“Eu trabalho com esta mão que tem cinco dedos e nunca roubou nada de ninguém. Tem gente que tem quatro e o povo desconfia!”
Esta é uma das piadas contadas por Luis Miranda na peça 7 conto, direção de Ingrid Guimarães no teatro Cleyde Yáconis, no centro empresarial de Aço, Av. do Café, 277, Jabaquara de quinta a domingo. Uma peça tipo stand-up comedy, teatro de revista ou besteirol crítico, onde Luis Miranda representa sete esquetes com sete personagens diferentes (pensando bem, são oito) que discorre sobre questões sobre exclusão social, racismo, insensibilidade das classes altas e maltrato aos idosos . Começa com Queixada, um guardador de carro, filósofo e alcoólatra, que usa uma variante popular da língua portuguesa e aproveita para falar dos gays e política. Caroline, a pequena atriz negra, fã das personagens de Valdi, Valdisney, tenta representar La Caperucita Roja (chaupezinho vermelho), mas não consegue papeis porque todos eles são escritos para meninas brancas. O rapper MC Dollar, um diabo que só veste Prada e se sente recriminado pelos pobres, o repórter Detona, apresentador do programa Brasil Elite e faz a defesa da elite paulistana. Detalhe para o momento em que ele entrevista Stephanny dos Santos, a irmã da atleta Diana e quando incorpora Adolf Hitler no final! A vereadora dona Editi , apresentadora de um programa de TV na favela, que dá dicas de beleza e culinária para os pobres seguido da chiquéeerrrriiimmma Sheila, socielite representante dos valores burgueses decadentes, fala de sua vida glamourrrosa enquanto se embebeda de champanhe (francesa é claro). Termina com a dona Arminda, uma ‘velha’ que não consegue se adaptar ao mundo dos gedgets digitais. Trata-se de uma ampliação do quadro do Luis Miranda no programa Terça Insana do qual fez parte com atualizações à cada apresentação dependendo do que ocorre na mídia e noticias. Muitos momentos de riso e alguns de reflexão. Boa critica através da sátira irônica, escracho e humor ácido, um bom programa para pessoas que estão por dentro das noticias.
A peça não tem patrocínio e o ator conta com a colaboração de que assiste para divulgar aos amigos. Vale à pena!

Educação - An Education


“Nao se preocupe. Dizem que em cinquenta anos, ninguém estará falando mais latim!”
A frase foi dita pela personagem Helen (Rosamund Pike, a jane Benet no filme Orgulho e Preconceito) ao consolar a estudiosa Jenny (Cary Mulligan), de 16 anos que tirou menos de 6 em latin.
Em 1961, nos subúrbios londrinos, antes dos Beatles, Jenny, uma jovem brilhante está dividida entre se preparar para estudar em Oxford ou a aprender com a vida, participando em leilões de artes, indo a concertos, corridas de cães, comendo e bebendo em restaurantes caros, viajando para Paris, a opção mais empolgante oferecida pelo carismático e sedutor David, (Peter Sarsgaard), um homem rico de 30 anos de idade.
A priori, os exemplos de vida da professora Miss Stubs (Olivia Williams) e da diretora do colégio Miss Walters (Emma Thompson) não parecem tão empolgantes, mas só o tempo dirá quem está certo.
Lynn Barber e Nick Hornby escreveram Educação, (An Education) e Lone Scherfig dirigiu o filme que valeu a indicação ao Oscar de melhor atriz para Cary Mulligan que está sendo cotada para viver a personagem Elisa Dollitle no remake do musical My Fair Lady, prometido para 2012.
Assisti no Espaço Unibanco da Rua Augusta e recomendo.