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quinta-feira, 12 de março de 2009

Experimentar o Novo

Pitaya
Atemóia

Lichia (A lichia (Litchi chinensis) é um gênero botânico pertencente à família Sapindaceae)
Dois dias atrás comprei uma fruta para experimentar. Pitaya. “Have you ever tried?”. Não gostei muito da tal Pitaya, apesar de bonita. Minha fruta predileta, pelo menos por enquanto, é a atemoya. Minha irmã Rita me apresentou: “Luiz Atemoia. Atemoia Luiz” “Nice to meet you!” e ai sempre que vejo no mercado ou na feira compro. É quase um orgasmo. Gosto também de lichia. Experimentei pela primeira vez em um restaurante indiano em Londres em 1999. Agora tá ficando comum por aqui. Sei que tem gente que torce o nariz para a lindas, coloridas e saborosas frutas. “Detesto!” “Como assim! Já experimentou?” “Não mas, uma fruta com esse nome e essa cara deve ser horrível!!!” Fazer o que? Tem gente que gosta de fígado e miúdo de frango, dobradinha e coisas afins! Eu detesto e ninguém me fará comê-los. Mas a diferença está no fato de que eu experimentei primeiro. Adoro jiló e como quiabo. Experimentar, esta é a palavra. A vida deve ser cheia de experimentos. Experimentar comida, lugares, pessoas, tudo. Como as frutas, algumas pessoas são belas mas sem sabor, outras saborosas sem beleza, outras belas e saborosas. Experimentar é a única maneira de sabermos se é bom ou ruim (pra nós, porque o que é bom pra um não é pra outro, certo?). Mas dizer que não gosta de algo sem testar é puro preconceito. Agora para aqueles que já experimentaram e ainda assim não gostam nem de banana, nem manga, mamão ou qualquer fruta comum, só posso lamentar. Nem todos, mas em geral a pele entrega!

terça-feira, 10 de março de 2009

Eu chorei

Domingo dia 8/3/2009, dia internacional da mulher, fui ao Teatro do SESC na Vila Mariana assistir ao Cia. Ballet Stagium. “Bossa Nova e Kuarup ou a questão do índio” Estava com o Guto e a Jô. A primeira parte da apresentação foi uma montagem batizada de Bossa Nova, criada pelo coreógrafo Décio Otero e dirigida por Marika Gidali. Foram dez canções entre elas Dindi, Só tinha de Ser Você, Canto de Ossanha, Berimbau, Lobo Bobo e Corcovado. Eram 13 bailarinos em movimentos irreverentes. Uma ótima surpresa à R$ 4,00. Inacreditável. Ai, na penúltima musica, eu chorei. Sob o som da música Amor em Paz de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, na voz de Rosa Passos, seis bailarinos entraram no palco. Do lado esquerdo duas bailarinas dançando juntas, no meio um homem e uma mulher, do lado direito dois homens. As três formas de amar. Estou pensando nos adjetivos que poderia usar para descrever, mas não vou usar nenhum. Eu reagi, chorei. Chorei como nunca havia chorado assistindo a um filme ou ouvindo musica clássica no teatro municipal. Não deve ter sido apenas a música. Choro ao ouvir Atrás da Porta com Elis Regina. Acho que os tons musicais ativam meus canais lácrimais. Deve ser isso! Mas ali no teatro deve ter sido uma combinação de imagem, som, sensibilidade, sensitividade e saudades. E a letra? Dá pra ficar indiferente? No dia seguinte entrei no site do grupo, consegui o email para contato, mandei um comentario elogiando e pedi o nome da musica. Me enviaram e ai está:

"Eu amei, e amei ai de mim muito mais do que devia amar
E chorei ao sentir que iria sofrer, e me desesperar
Foi então, que da minha infinita tristeza aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver e de amar em paz
E não sofrer mais, nunca mais
Porque o amor, é a coisa mais triste, quando se desfaz"


domingo, 8 de março de 2009

Calorzão!

Ia ficar quieto e nao falar nada sobre o calorzão. Mas ai eu li o blog da Ju "Bossa Nova" e ela deu dicas incriveis sobre como manter a classe no verão. Então, sou mais um pra falar sobre o assunto. Comentei o seguinte no blog dela: "Darling! Voce verbalizou meus pensamentos! Classe sempre. Reclamações?! Chega,,, ninguém tem outra coisa pra falar além do calor???? Isso ai, beijos... (de longe é claro!)" Então fica uma sugestão para os fins de semana. Uma boa piscina, se não tiver no seu prédio, liga pra aquele amigo que faz tempo que voce nao vê. Vá ao cinema ou shoppi centi que tenha ar condicionado. E por favor... vamos falar de outra coisa? Alguém ai viu o big bródi? Vocês viram o frio que ta fazendo la nos isteitis?

Filosofia e Cigarro


Sábado, 8h35 ela chega. Vestindo calças vermelhas estilo fuso, mas não daquelas agarradas, tipo anos 50, tecido de boa qualidade. Igualmente, sua blusa branca, com golas altas, decote canoa emoldurando sua cabeça. Elegantíssima, mas discreta. É a professora Jeni do curso de morfosintaxe na pós graduação. Baixa, voz rouca, sem potência, compete com o barulho dos ventiladores da sala e das pessoas que falam do lado de fora. Antes mesmo de começar a aula, que já está atrasada, ela acende um cigarro. Isso mesmo, dentro da sala de aula. Vai até a porta, levanta o braço direito e apóia a mão no batente da porta. Ali mantém o cigarro enquanto fala com a turma: “Como foram suas reflexões durante a semana? Ficou alguma dúvida do que falamos na última aula?” a fumaça insiste em entrar na sala, mas quem é que vai dizer alguma coisa para aquela senhora simpática de mais de 60 anos de idade? Sábado ela estava inspirada. Deu voltas e voltas para responder perguntas. “Não é para dar aula pensando que o aluno será gramático ou lingüista. Não dar teoria para o aluno, nem decoreba de nomenclatura. A Formação é generalista. Eles serão engenheiros, jornalistas, farmacêuticos e deverão ter domínio do bom uso. Mas precisam conhecer a norma culta. Aquela dos manuais de gramática. Gramática da língua não. Gramática do poder sim. Não do poder político, do poder para dominar outro como faziam os romanos impondo o latim, mas do poder escolher que variante usar. De poder dizer ‘a gente vai’ em casa, mas ‘nós vamos’ na entrevista para o emprego. Esta é a gramática da liberdade, não da opressão, pois será mais uma escolha que ele terá a sua disposição. Vai saber ler bula de remédio e contrato de trabalho sem ser enganado pelas letrinhas miúdas!” Mas no meio dessa filosofia e seriedade toda, ela solta umas pérolas. E ontem ela estava inspirada: “Fui em um congresso em Portugal e queria fazer a unha. Fui no salão e pedi pra fazer as unhas.” Disse ela mudando para o sotaque de Portugal. “A moça olhou minha mão e disse que minhas unhas já estavam feitas. Não tinha nada pra fazer ali. E eu tive que fazer minhas unhas sozinha, coisa que eu não sei fazer bem!” “Em Lisboa, entrei num taxi e disse pro motorista: Por favor, nos leva até tal lugar. Ele não saia do lugar. Insisti: Por favor, nos leva até essa rua. E nada. Depois da terceira vez ele respondeu: Se as senhoras pagarem eu levo-as. Depois eu entendi que ‘por favor’ significa de graça. Olha só como a língua e a cultura estão interligadas!” “Passadeira lá é faixa de pedestre e a expressão ‘que giro!’ é o mesmo que ‘Que legal’ aqui no Brasil. Mais um cigarro, pausa e ela continua: “Saber é poder. A diferença entre o tigre e o leopardo é que o leopardo sobe na arvore. Se você não souber a diferença, sobe na arvore pra escapar do leopardo e ele sobe lá pra te pegar. O tigre fica lá embaixo esperando.” Entre essa história e até o meio dia e meia, quando termina a aula dela, ela fumou mais alguns cigarros e soltou outras frases: “O velho aborrece. Queremos o novo. O aluno quer novidade.” “A praia é o paraíso da classe média paulistana.” “A mulher solteirona pede para o Aladim transformar o gato dela num príncipe. Quando estão na cama ele diz: Você deve estar arrependida de ter me mandado castrar.” “A literatura forma e informa. Ao ler Capitu eu sabia que nunca poderia me casar com um Bentinho, alguém que não toma decisões, é fragilizado.” “Os espanhóis não tem sons nasais em sua língua. A espanhola morando no Brasil vai na padaria e pede um pau. Imagina a cara de espanto do padeiro quando ouviu ela!” Deu o horário, ela foi embora, mas ficou o que ela disse! E sábado eu volto lá para ouvir a doutora Jeni Turazza, com sua sabedoria teórica e historia de vida, e passivamente fumar mais alguns cigarrinhos com ela.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Vai um cafézinho ai???




Adoro café. (ponto). Mas gosto de café bem feito. Não faz mal se é aquele café preparado na mariquinha feito na fazenda, ou aquela água de batata que a minha mãe faz. Tem de ser fresquinho, feito na hora. O da minha mãe é fraco e doce. Coloco leite, não acrescento açucar, e é uma delicia com pãozinho frances feito na padaria do mercado do bairro. Pão com requeijão e geléia de morango ou doce de leite. Pode ser no café da manhã ou no café da tarde. Este café puro com pão frances e manteiga também vai. Mas tem que ser bebido em copo americano.

Mas tenho um lado chato também. Em Londres, trabalhei como barman num restaurante onde preparava drinks e cafés. Aprendi a fazer expresso e capuccino. Caprichado. Restaurante fino, Chutney Mary no Chelsea, King’s Road. Tony Blair e George Michael tomaram café preparado por mim. Não estou inventando, só nao posso provar. Depois fui trabalhar no Café Rouge. Café frances para inglês ver. Frequentado por intelectuais, cineastas, escritores. Ficava em Parsons Green, depois do Chelsea. Era comum após o expediente, em vez de ir embora, sentar com alguns deles e tomar um café, ou capuccino, preparado por mim. É, lá não tem essas frescuras. Garçon tira o avental e vira um deles. Aprendi a preparar outros tipos de café. Resultado, fiquei um pouco chato. Chato. Bastante chato. Quando vou em um café renomado, que cobra mais de R$ 3,00 por um expresso, quero beber um bom café. Se nao está bom reclamo. E São Paulo tem vários cafés, onde vamos para, mais do que beber um café.

Agora, olha que coisa interessante aconteceu comigo hoje. Na escola onde trabalho, há uma garrafa de café à disposição dos alunos e pais que vêm trazer e buscar seus filhos. Mas sempre vejo uma ou outra criança pegando café. Acho estranho, acho que café não agrada muito o paladar dos petits enfants. Passando perto da mesinha, uma garota bem articulada, de uns 8 anos de idade me parou e disse: “Olha, minha amiga Julia vai experimentar café pela primeira vez. A gente se cohece desde o maternal. Eu adoro ela!” Não resisti e quis saber mais. “Oi Julia. Você nunca tomou café?” “Não”. “Então eu te ajudo. Você gosta de açucar?” “Sim” “Então coloca um pouco de açucar no copo primeiro. Agora coloca um pouco de café!” E eu fui fazendo pra ela ver como era. “Agora mistura.” Ela passou o processo e eu e a Leticia ficamos esperando pra ver qual seria a reação dela. Ela demorou. “Está quente”. Enfim, tomou. “Gostou?” “Eh! É bom!” Mas não achei que tenha gostado muito. Mas foi sua primeria vez. Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, mas duvido que ela se lembrará disso. Tenho certeza, no entanto, que ao crescer irá aprimorar seu paladar e aprenderá a diferenciar o gosto de um bom café do de um de garrafa térmica. Daquele que eu bebo e nem sei por que bebo!

Coincidentemente, peguei um jornal Metro, com data de hoje, e havia um comic strip com a personagem Amely (por Priscila Vieira). Três quadrinhos: 1) A relação sexual em muitos casamentos... 2) Pode ser comparada ao cafezinho de mercado. 3) Você nem faz muita questão, mas já que é de graça você acaba tomando.
Acho que respondeu minha pergunta. Adoro café. Ponto. Mas nem sempre sei por que bebo.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Casos e Descasos

Caso e descaso 1
Fui ao hospital Santa Isabel com inicio de conjuntivite e garganta inflamada. Era óbvio mas o clinico geral disse que não podia me receitar um colírio com antibiótico, eu teria que ir a um oftamologista. Era 20 horas. Só tinha uma clinica aberta na P.Q.P. Mas ele me receitou um antibiótico para a garganta. Detalhe: sem se quer olhar minha garganta. “Doutor, você não vai olhar minha garganta antes? É inflamação ou infecção?” “Há! É mesmo!” respondeu ele com um sorriso amarelo na boca. Ai levantou, pediu pra eu abrir a boca e falar ‘aahhhhhhh1’. E aquela espátula tipo palito de sorvete? E aquele faroletinho pra iluminar lá dentro? Bem o Santa Isabel fica entre os limites de Higienópolis e Santa Cecília. Como seria em Heliópolis? Fui direto para o Oswaldo Cruz, demorou mais, mas tive a recepção que deveria ter. Colírio com antibiótico para os olhos e antiinflamatório para a garganta.

Caso e descaso 2
Meu moden VIVO 3G alta tecnologia e rapidez está morto. A conexão caia de 2 em 2 minutos. Perdia downloads, chat no MSN interrompido, etc. Liguei para a operadora, uma não, seis vezes e mandaram eu levar o moden para um técnico. Eles não tem serviço de assistência, não dão orientação via telefone e a culpa é sempre do moden ou do computador que ‘é incompatível’. “Vou verificar” musica... silencio total... 15 minutos depois..... “Aqui está tudo bem... o problema é ai”. Ai não deu, pedi pra cancelar mesmo. To com o Speedy, não da pra levar pra cima e pra baixo, mas além de economizar 50,00 por mês, não tenho tido problemas. Ah! Ainda tive que pagar multa de 100 reais.... um absurdo!

Caso e Descaso 3
Nem tudo são flores. Depois que liguei o Speedy, meu detecta parou de funcionar. Mas ta vindo na conta do telefone. Liguei pra operadora. Uma hora de música ao telefone. “Seu problema estará resolvido em 24 horas. Um técnico ira verifivar.” Faz vinte quatro dias e nada!!!!!!

Caso e Descaso 4
Comprei uma calça no Ellus, era liquidação mas ainda, paguei 180 reais. Adorei a calça, uma das minha favoritas. Até que um dia, ao tirá-la da máquina de lavar, vi que estava toda manchada de preto. Mas não havia roupas escuras na maquina. Levei na 5 à Sec (lavanderia) e me disseram que fora a etiqueta de couro da calça. “Não há como tirar a mancha, mas você pode levar na loja e pedir troca, é seu direito”. Na loja: “Vamos analisar e entramos em contato”. Um mês depois: “Lamento, mas fizeram análise e o problema é que o senhor lavou com produtos incompatíveis!” “Que produto é esse?” “Aqui não consta.” Bem, se você olhar a etiqueta da roupa, não diz nada!” “É verdade, mas não posso fazer nada!” Então ta né !?” Deixei a calça lá, liguei pro SAC e vai começar uma burocracia pra tentar uma troca, que aqui entre nós, já perdi a esperança. Enfim, só me resta boicotar a loja e avisar os amigos para fazerem o mesmo. Eles deixam de trocar uma calça, deixarão de vender várias, afinal propaganda de boca é mais forte que qualquer outra coisa.

Caso e Descaso 5, 6, 7, .......
Acha que parou por ai??? Outra hora eu conto outros causos..

domingo, 1 de março de 2009

Milk - A voz da Liberdade


Sean Penn mereceu ganhar o Oscar como melhor ator. Sua representação como Milk é fantástica. Encorporou a personagem e o representou sem afetação, just the way it should be. A direção de Gus Van Sant ajudou. Adorei a mistura de filmes originais. Deu um ar de reportagem e de realidade. O filme, além de criar nós na garganta, me fez pensar em algumas coisas sérias, relacionadas a nós aqui no Brasil. Milk era um ativista real, que lutava pela sua vida e de outras pessoas, e também pelos direitos civis dos homossexuais. As passeatas e protestos organizados por ele em San Francisco afetavam a vida de outros em outros lugares. Seus arregimentados sabiam pelo que lutavam. Aqui em São Paulo temos a parada gay. A proposta era chamar a atenção dos eleitores e políticos ao grupo e ajudar a fazer com que leis, como a união civil, fossem aprovadas. O que vemos hoje? Um verdadeiro carnaval onde a grande maioria nem sabe por que estão lá. As leis que garantem os direitos civis dos gays continuam na geladeira, mas enquanto isso, a cidade ganha com as hordas de turistas que vêm à cidade. Hotéis, restaurantes, comerciantes, etc. Interessante para os governantes e comerciantes, divertido para alguns participantes, mas sem beneficio direto e à longo prazo para os gays. Então, onde está o nosso ‘Milk’, um ativista comprometido com uma causa, alguém que movimente massas e faça o grupo ver que hoje o melhor seria boicotar a parada e não participar dela. A festa perderia a graça, as pessoas deixariam de vir, os comerciantes deixariam de ganhar e então fariam uma verdadeira reivindicação: “Aprovem as leis que nos beneficiem e então faremos uma verdadeira festa, uma festa para celebrar a vitória do direito conquistado. Vocês ganham, e nós também, pois nos dão o que queremos e o que é nosso por direito.” Está ai uma idéia. Há muitas “Anitas” no Brasil, mas nenhum ‘Milk”. Se houver um, que se levante e faça algo de bom, tão bom quanto Sean Penn representando o verdadeiro Milk.