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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Camille Claudel




Eu ouço a música. Só eu. Eu só.
Esculturas de mármore branco, polidas por mãos hábeis.
Esculpidas por uma mulher louca. Louca de amor.
Amor desmedido, não correspondido.
Ela pergunta: Por quoi? Ninguém responde?
O espaço cresceu entre os dois,
Bateaux que saíram do mesmo cais
Levados pela correnteza seguiram direções opostas
Buraco no peito. Dor eterna. Ferida que queima sem cura
A fonte de lágrimas não seca
A fome não vem. A sede é de vinho e morfina.
As pernas não se abrem, mesmo quando o sexo pede e o desejo grita
Prazer não vivido.
O amor não se consuma a criança não é gerada
É tempo perdido. Juventude se esvai rindo.
É o beijo que não sai.
Afago no rosto, toque no corpo. A mão que cai.
Rodin!
Amor impossível? Ele não pode! Ele não quer.
São regras escritas. Convenções sociais.
O filho longe. A fama de gênio. A mulher que não ama mais.
Ele não pode mas ela quer.
Por quoi?
Volta a chorar sem saber o porquê. Fazer o que?
Frente a frente. Hora do adeus:
Allez! Ne retourne pas - diz sua boca entreaberta
Restez! M’embrace – pede seu coração partido
Que em silêncio dispara ao vê-lo partir
É tarde demais! Não há volta para o que se disse
Nem para o que se deixou de dizer
Ele se foi. Olhos tristes. Desejo da morte
Restaram as esculturas frias
Testemunhas da dor que ficou, da insanidade, deste amor impossível
Testemunhas vivas, mesmo após sua morte
Pobre Camille. Pobre Claudel
(Para a Mel, Aline)

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