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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Amigos de Viagem - Não existe solidão!


Pior do que estar só é sentir-se só. Enviei e-mail para vários amigos. “Alguém quer vir?” Ninguém se pronunciou. Quando disse que iria sozinho. Acharam estranho! Eu sabia que isso não seria problema. Comecei a fazer amigos no avião. Denise, uma simpática advogada grávida de seis meses. Na fila da Ópera, conversei com uma mulher que me deu dicas sobre o festival. Estava com a família de Goiânia. Sentei com eles durante o concerto. Renato ligou no meio do espetáculo. Recebi torpedos vindos de amigos de São Paulo. Na saída, pedi informação para três rapazes, José e Joaquim, dois franceses e Henrique, mineiríssimo, estudante de Arte e Cultura Barroca. Acabamos indo juntos a uma exposição de fotos e tomamos cerveja preta no Profeta. Na Igreja São Francisco, conheci Cleidiana que acabou me dando uma aula sobre características das esculturas de Aleijadinho e pinturas ilusionistas. Na Igreja do Pilar, o zelador chamou minha atenção para o cordeiro na cruz pintado no teto e como ele muda de posição, um garoto de 15 anos do Espírito Santo ouviu, puxou conversa, falou das garotas e se foi. No show de marionetes Conheci Pirex (Paulo) e sua esposa. Conversamos bastante sobre viagens. No trem para Mariana conversei por mais de uma hora com Saldanha, do Rio sobre política. No ônibus entre Mariana e a Mina de Passagem, tive como companhia, Socorro de Fortaleza. Conversamos sobre como as cidades estão inchadas, ela falou sobre Quixadá e como é difícil viver na roça, falei do meu blog e da Patagônia. Ela escreve tudo o que ouve e vê. Na Mina tive a companhia de Luiz de Salvador e Maria da Espanha. Em um atelier perto da igreja São Francisco, conheci a artista plástica Paula Lima. Ao perguntar se ela consegue viver do que faz, ela disse que ‘é preciso acreditar’. Acabei sentando e ela me contou sua historia. Mudou-se para Mariana, não foi bem recebida, e no fim a pessoa que ela mais criticava da cooperativa, é hoje sócio dela em Ouro Preto. Seu sonho era morar lá e hoje ela vive o seu sonho. A conversa serviu de inspiração para mim. No último dia, subia a rua observando o cotidiano das pessoas. Ao passar em frente ao Cine Vila Rica, vi o livro A República de Platão. Parei e ouvi uma conversa entre o vendedor (Milton) e outro rapaz (Gino) formado em filosofia, papo cabeça. Participei, tomei conhaque, conversamos sobre a banalização de tudo, inclusive da morte. Milton, também poeta recitou um poema, demonina-se o fantasma do cinema. Éramos três filósofos na Ágora. Houve o encontro surpresa com a Silvia, Rita e Adriana, amigas do Henrique, outros rápidos com Diego Maradona, Lucas e Gorran no morro da forca, Ana Terra, Miller na casa dos contos, e outros que apenas pararam para pedir que eu tirasse uma foto. Até um (chien perdu) que me seguiu na volta para o hotel. Relacionamentos, efêmeros como a vida, de 1, 5, 10 e 60 minutos, com quem aprendi e ensinei. Com alguns houve reencontros e com outros, troca de emails. Talvez haja outros reencontros, mas o que importa é que eu nunca estive ou me senti só.

Um comentário:

Wally disse...

Very touching! It sounds like you are going through a beautiful phase of your life where you are learning to appreciate the trivial things of life.