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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Insensato

Você aparece tarde e diz do nada: “Sou insensato”. Procuro no dicionário: Louco, imprudente, demente, desajuizado. Não entendi! Disse porque a palavra e sonora? Acha bonita? Sabe o que quer dizer? Meu cérebro, um oceano, uma maré mansa de perguntas vai e vem: “Disse ou fez algo e depois se arrependeu? Ofendeu alguém? Traiu?” A voz tênue de Tom Jobim surgiu cantando em minha mente letra grandiosa: “A insensatez que você fez, coração mais sem cuidado”. Perguntei: “Conhece?” Respondeu: “Não, mas enfim!” Surpreendi-me. A melodia continuou só na minha mente e cantarolei baixinho, colado em seu corpo, grudado no rosto: “Fez chorar de dor, o seu amor, um amor tão delicado. Ah, porque você foi fraco assim, assim tão desalmado. Ah, meu coração que nunca amou, não merece ser amado.” Silêncio. Por que eu não pergunto? Medo da resposta. Melhor não saber. Se está aqui agora é porque é bom. Se foi, não sei, sei que voltou. O caminho esta aberto. Sempre aberto. Se for, voltará. Você é como o gato, vem quando quer. Não adianta chamar. Vou comprar mais wiska, colocar leite morno no pires, deixar seu lugar na cama aquecido. Um pouco contigo é melhor que nada. Solidão, jamais! Mas a musica volta a tocar no silêncio: “Vai meu coração ouve a razão, usa só sinceridade. Quem semeia vento, diz a razão, colhe sempre tempestade. Vai, meu coração pede perdão, perdão apaixonado. Vai porque quem não pede perdão não é nunca perdoado.” Pedir perdão de que? Por algo feito ou que deixou de fazer? Quem é você? Caixinha de surpresas! Caixa de pandora! Dalila traidora? Só um bicho independente? Não sei. Peco também, pecado mental, nada carnal. Mas enfim! Pra que saber tanto!? Busca-se a verdade e depois não se sabe o que fazer com ela! Nada de perguntas. Se quiser diz. Quer dizer? Espera, não sei se quero ouvir. A verdade é o que eu escolho acreditar. Escolhi acreditar que você é insensato por gostar mais do que pode ou deve e eu, objeto desse gostar, esqueço o bom senso para poder amar. Você insensato? Não, insensato sou eu. Melhor ser insensato e feliz que circunspeto triste. Melhor um imprudente alegre e um louco satisfeito, que cordato e desgraçado, ajuizado e infeliz.

2 comentários:

Caco disse...

Obrigado por entender.
beijo

Sinapse disse...

O que seria do mundo sem os insensatos! Delícia de textos. Bjs, Mirela