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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Meu Primeiro Amigo





(Foto by Luiz Sarti)

Os amigos são tão importantes em nossas vidas quando o ar, a água, o alimento. Depois da família, eles são para nós, animais gregários e sociais, sustentação e apoio. Será que as pessoas lembram-se quem foram seus primeiros amigos? Eu lembro. Seu nome é Gilberto. Hoje, talvez ele nem se lembre de mim. Não sei onde ele mora nem o que faz. Absolutamente nada. Eu o conheci quando tinha seis anos, e não me lembro de ninguém antes dele. Em 1968 minha família mudou-se para uma casa em Mauá, São Paulo. To falando do fim do mundo, onde o Judas perdeu as botas, pra não dizer coisa pior. Minha mãe odiou o lugar desde o primeiro dia! Ficava no final da linha de ônibus que vinha do centro. Não existia nada por lá, além de uma padaria, um açougue, um mercadinho e uma escola estadual. Era um bairro em formação, com poucas casas, uma aqui, outra ali. O terreno ficava em uma subida, rua sem asfalto, totalmente lamacenta em dias de chuva e poeirenta em dias de sol. No fim da subida, havia uma curva para a direita onde a rua era plana. Atrás das poucas casas, havia um morro íngreme, coberto de vegetação e eucaliptos muito altos. Lembro-me de lá quando sinto o cheiro de Pinho sol. Era lá que ficava a casa do Gilberto. Ele devia ser um ano mais velho. Não me lembro de sua aparência. Ele nunca disse algo marcante. Lembro-me apenas de algumas coisas que fizermos juntos. Com ele, eu e minhas irmãs, fomos conhecer uma pedreira abandonada bem mais pra cima da casa dele. Passávamos por uma rua onde não havia casas, bem no alto do morro, de onde podia se ver o bairro todo lá embaixo. Também, me lembro muito bem de um dia em que ele me chamou pra jogar futebol na rua, lá na parte onde ela era plana. Minha mãe não deu permissão, mas ele me convenceu a ir escondido. Fui, joguei só um pouco, e tenho certeza que os outros garotos só me deixarameu jogar, e no gol, porque não havia jogadores suficientes. Desastroso! Na ânsia de mostrar a eles que eu podia jogar, cai muito. Acabei voltando pra casa todo sujo de barro. Aí não teve como esconder da minha mãe. Acabei apanhando. Palmadas leves e a promessa de que iria contar para o meu pai quando ele chegasse. Devo ter levado um bom sermão dele, mas eu não culpo o meu amigo Gilberto, nunca culpei. Fora isso, não me lembro de quase nada, além de seu nome, mas tenho uma imagem simpática dele. Talvez porque nunca tivemos uma briga e, provavelmente, eu devo ter aprendido muitas coisas com ele. Tive muitos bons amigos e hoje tenho muitos outros, tão importantes pra mim, mas fica registrado aqui que o Gilberto foi o meu primeiro amigo.

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